Pois é, este blog é isso mesmo, é o imprevisto, a diversidade e, acima de tudo, como já tantas vezes dissemos, um reflexo dum estado de alma, duma vivência, enfim, do que nos vem à cabeça…
Mas Skrik (“O Grito”) de Edvard Munch, porquê?
Muito simples: um dos amigos deste blog escreveu uma mensagem/resposta a um comentário meu, mais precisamente no dia 14/3, onde dizia, entre outras coisas: “…Quanto ao teu “grito”…”. Imediatamente associei grito a Munch e recordei esta maravilha que tive a sorte/oportunidade única de ver “ao vivo” numa exposição temporária, em 2004, no Musée d’Ixelles, em Bruxelas.
Um pouco sobre Edvard Munch
Edvard Munch foi um pintor norueguês, precursor do expressionismo alemão, que nasceu em Loten, a 12 de Dezembro de 1863 e faleceu em Ekely, a 23 de Janeiro de 1944.
Tendo frequentado a Escola de Artes e Ofícios de Oslo, foi influenciado por Courbet e Manet e, no campo das ideias, pelo pensamento de Henrik Ibsen e Bjornson, que marcaram o seu percurso inicial de pintor. A arte era deste modo vista pelo pintor como uma arma destinada a lutar contra a sociedade, daí os temas sociais aparecerem presentes nas suas obras de 1886, nomeadamente em "O Dia Seguinte" e "Puberdade".
Os sentimentos sobre a doença e a morte, que tanto marcaram a sua infância (a mãe morreu quando ele tinha 5 anos, a irmã mais velha faleceu aos 15 anos, a irmã mais nova sofria de doença mental e uma outra irmã morreu meses depois de casar; o próprio Edvard estava constantemente doente), assumem grande importância na sua obra e são retratados em imagens que deixam transparecer a fragilidade e a transitoriedade da vida. É com "A Menina doente" ("Das Kränke Mädchen"), de 1885 que Munch inicia essa temática que será a linha de força constante em todo o seu percurso artístico.
Embora as obras de Van Gogh e Gaugin tenham provocado algumas mudanças no seu estilo é, porém, o convite que lhe foi formulado em 1892 para expor em Berlim que marcará uma etapa importante na sua carreira. É nessa época que Munch inicia o projecto intitulado "O Friso da Vida", série esta de que faz parte "O Grito", considerado a sua obra máxima. Rostos sem feições e figuras distorcidas fazem parte dos quadros desta série e um pouco de toda a sua obra.
Em 1896, em Paris, interessa-se pela gravura, fazendo inovações nesta técnica. Os trabalhos deste período revelam uma segurança notável. Em 1914 inicia a execução do projecto para a decoração da Universidade de Oslo, usando uma linguagem simples, com motivos da tradição popular.
Uma das características mais interessantes de Munch é a forma como retrata as mulheres, ora como sofredoras frágeis e inocentes ("Puberdade" e "Amor e Dor"), ora como causa de grande anseio, ciúme e desespero ("Separação", "Ciúmes" e "Cinzas").
As suas últimas obras ("Entre o Relógio e a Cama" e "Auto-Retrato", de 1940) pretendem ser um resumo das preocupações da sua existência.
Toda a obra de Munch está impregnada pelas suas obsessões: a morte, a solidão, a melancolia e o terror das forças da natureza.
“Skrik” (“O Grito”)
Esta pintura, datada de 1893, é considerada como uma das obras mais importantes do expressionismo, tendo adquirido o estatuto de ícone cultural. Representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero, tendo como pano de fundo a doca de Oslofjord ao pôr-do-sol.
Na vida pessoal de Munch, nas suas obsessões, encontramos a inspiração para “O Grito”. Têm sido várias as interpretações deste quadro mas ninguém melhor do que o próprio pintor para descrever a experiência que teve e que o levou a pintar esta sua obra-prima: “Caminhava eu com dois amigos pela estrada ao pôr-do-sol; de repente, o céu tornou-se vermelho como o sangue. Parei, apoiei-me no muro, inexplicavelmente cansado. Línguas de fogo e sangue estendiam-se sobre o fiorde preto-azulado. Os meus amigos continuaram a andar, enquanto eu ficava para trás tremendo de medo e senti o grito enorme, infinito, da natureza.”
Munch imortalizou primeiramente esta impressão no quadro "O Desespero", que representa um homem de cartola e meio de costas, inclinado sobre uma vedação num cenário em tudo semelhante à da sua experiência pessoal. Não satisfeito com o resultado, Munch tentou uma nova composição, desta vez com uma figura mais andrógina, de frente para o observador e numa atitude menos contemplativa e mais desesperada.
O quadro foi exposto pela primeira vez em 1903, como parte de um conjunto de seis peças, intitulado Amor. A ideia de Munch era representar as várias fases de um caso amoroso, desde o encantamento inicial a uma rotura traumática. "O Grito" representava a última etapa, envolta em sensações de angústia. A recepção foi, contudo, muito criticada e o conjunto Amor considerado como arte demente (mais tarde, o regime nazi viria a classificar Munch como artista degenerado e retirou toda a sua obra em exposição na Alemanha).
Porém, a reacção do público, foi a oposta e o quadro tornou-se um motivo de sensação. O nome "O Grito" surge pela primeira vez nas críticas e reportagens da época. Munch acabaria por pintar quatro versões de "O Grito", para substituir as cópias que ia vendendo. O original de 1893 (91x73.5 cm), numa técnica de óleo e pastel sobre cartão, encontra-se exposto na Galeria Nacional de Oslo. A segunda (83,5x66 cm), em têmpera sobre cartão, foi exibida no Munch Museum de Oslo até ao seu roubo em 2004. A terceira pertence ao mesmo museu e a quarta é propriedade de um particular. Para responder ao interesse do público, Munch realizou também uma litografia, em 1900, que permitiu a impressão do quadro em revistas e jornais.
Os roubos
"O Grito", da Galeria Nacional de Oslo, foi roubado em plena luz do dia, a 12 de Fevereiro de 1994, por um conjunto de ladrões que se deu ao trabalho de deixar uma mensagem que dizia: "Obrigado pela falta de segurança". Três meses depois, os assaltantes enviaram um pedido de resgate ao governo norueguês, exigindo um milhão de dólares americanos. As entidades norueguesas recusaram a exigência e pouco depois, a 7 de Maio, o quadro foi recuperado numa acção conjunta da polícia local com a Scotland Yard.
A 22 de Agosto de 2004, foi a vez da versão exposta no Munch Museum, roubada num assalto à mão armada que levou também a "Madonna" do mesmo autor. O Museu ficou à espera de um pedido de resgate, que nunca chegou. A polícia norueguesa anunciou ter reencontrado os quadros a 31 de Agosto de 2006.
Bravo,Amiga!Belíssimo post!Parabéns!Explicaste coisas q. ñ conhecia sobre o pintor.Isso é muito bom.
ResponderEliminarÉ essa diversidade q. me encanta neste vosso/nosso espaço.
Boa Noite.
Beijoo.
isa.
Olá Tétis.
ResponderEliminarFiquei feliz por teres gostado de "O Mercado dos Gnomos" , o poema é lindo, eu acho, apesar de extenso, mas é nessa extensão que está a beleza dele. Fiquei com pena de não postar todo.
Quanto às minhas visitas aqui, a verdade é que venho sempre, só que nem sempre escrevo :(
Gostei do quadro, muito!
Gostei do grito...gosto de gritar principalmente para desanuviar ;)
Criei um outro blog para associar posia a arte, contudo ainda não o divulguei no meu blog habitual.
Se quiseres passar lá é http://sofaearte.blogspot.com
Ainda está no início
bjs
Hola querida amiga Tétis,
ResponderEliminarPero que gusto ver este post sobre la pintura.., el video sensacional es para gustar.
Tétis te felicito por tu explicaccion es de verdad, es como una leccion (sera que tu tb sabes enseñar..)
En cuanto a la razon de este post como los otros que estan aqui, pues como tu dices... este blog es plural , supernatural para dar a gustar ( esperamos )y asi poder disfrutar, juntar muchos amigos para que al final el objectivo sea de saborear y amar el arte en general...
Um beijo fofo amiga
Besos para mi amiga
Bisous pour toi mon amie
Olá Tétis,
ResponderEliminarUm artigo muito interessante e que eu apreciei ler!
As obras de Munch são daquelas em que ver não é suficiente: é preciso SENTIR.
E “ O Grito”, em especial. Olhando para aquela obra sentimos esse grito, ou melhor, esse grito é o nosso!
Vem de dentro de nós e projecta-se na pintura: Os nossos medos mais ocultos, os nossos fantasmas arremessados contra a tela e devolvidos em ondas de cor emocionais.
Sou suspeito em falar sobre Munch, um dos seus trabalhos, julgo chamar-se “Melancolia” é um dos meus favoritos no mundo da pintura!
Muito obrigado pelo post,
Abraço grande
Querida Tetis
ResponderEliminarGrata pelo comentário.
"lamechas", "piegas", são os sinónimos mais vulgares de definir sensibilidade! Comungar com o outro o seu sentir...também sou assim e se quer saber...não vale a pena esconder. Poderemos sim, fortalecermo-nos porque á medida que o tempo vai passando as dores do mundo vão aumentar. e tal como andei a trabalhar-me como referi ao Argos - durante 1 ano e meio para que um dia, o dia D chegasse e o levasse - o Universo entendeu que eu já estava pronta e levou-o. Nem uma lágrima deitei porque percebi que tudo o que nasce morre e volta a viver - é uma passagem, apenas. E fui eu que traei dele, vesti-o, defumeio-o,meditei sobre o corpo e encaminhei-o para a Luz, e fiquei sózinha aquando do enterro quando todos já tinham saído, porque aquele momento final era só nosso. E assim foi. Depois olhei o céu disse-lhe adeus e vim embora. minha face não ficou molhada nem um segundo sequer. Bem..a voz apenas se embargou quando li S. Paulo sobre o Amor...é que essa passagem é tão bela e tão actual que nme parece que foi escrito há mais de 2000 anos.
O que me fez chorar, foi o/s SINAL(is), como tantos outros que vejo e sinto...é apenas aí que as lágrimas caiem, mesmo sem querer..porque sente-se que a atmosfera fica diferente.
Deixo um abraço terno e eterno
Sempre
MAriz
(não vou comentar este post, simplesmente porque não gosto desse pintor. - gostos!)
Muchas gracias por hacerte seguidor de Luz de Luna...me gusta mucho tu blog...esa pintura es fascinante pero siempre me ha inspirado un poco de temor...el artista estaba muy atormentado cuando la pinto...millones de besitos
ResponderEliminarOs felicito de nuevo aunque me llameis pesada, pero estas notas biográficas y las explicaciones de las obras son monográficos que ayudan muchísimo.
ResponderEliminarBesos
Olá Isa,
ResponderEliminarFico feliz por teres gostado deste post. É sempre um "risco" colocar Munch e mais perigoso ainda este seu "O Grito".
Obrigada pelas tuas palavras sempre tão ternas e encorajadoras.
Um beijo amigo
Olá Paula,
ResponderEliminarObrigada por teres passado por aqui e marcado a tua presença.
Ainda não tive oportunidade de visitar o teu novo blog, mas prometo que logo que possa irei lá e deixarei um comentário.
Bjs
Poseidón,
ResponderEliminarTodos nós sabemos ensinar, basta haver quem queira aprender!...
Como já aqui disse, esta obra de Munch, aliás como quase toda a sua pintura, é bastante controversa e desde a primeira vez que foi exposta nunca deixou de suscitar críticas, algumas mesmo ferozes.
É como tudo nesta vida, uns gostam outros não, outros nem por isso!... Mas uma coisa é certa, quer se goste ou não, ninguém lhe fica indiferente.
Bisous pour toi aussi, mon ami.
Argos,
ResponderEliminarEu sabia que gostavas... E sabes bem porque é que eu sabia, nada mais nada menos do que pela "Melancolia", outro belo quadro de Munch.
Tens toda a razão, a obra deste pintor não pode ficar-se pelo "ver", é preciso "sentir". Mas senti-la de verdade, aquele sentir que nos vem de dentro e que nos leva, no caso desta pintura, a entrar nela, a identificar-nos com o pintor e "agarrar" as suas sensações como se fossem nossas.
Bem, já me estiquei demais!...
Quanto aos nossos "fantasmas", todos os temos, mas cada qual é que sabe como lidar com eles. Penso que ignorá-los é pior, temos é que saber "dar a volta por cima".
Abraço muito amigo.
Reconozco que Munch no es uno de mis pintores favoritos, pero este cuadro suyo, "El grito", creo que es la más viva expresión que una imagen puede dar a un grito, ya que, a mi modo de ver, lo refleja todo.
ResponderEliminarSuerte haber podido verlo in situ.
Bicos
Estás enlazada, por lo tanto, si en algún momento no me paso, no es por olvido, es que, seguramente no estoy o alguna ocupación me lo impide.
Querida Mariz,
ResponderEliminarMais uma vez me emociono e sensibilizo com a tua maneira de ser, sentir e te dares aos amigos. É que, apesar de, como bem disseste, não gostares deste pintor, não deixaste de aqui vir colocar uma palavra amiga, ou melhor muitas palavras amigas.
Agradeço-te por isso e pelas demonstrações de altruismo, amizade e compreensão que sempre tens demonstrado a todos nós desde que nos encontrámos aqui na blogosfera.
Retribuo o abraço terno e eterno.
Hola Arwen,
ResponderEliminarÉ um prazer ter a tua visita aqui neste nosso Farol da Amizade e ter-te como nossa seguidora.
O teu blog Luz de Luna é um encanto, uma obra de arte que recomendo a todos os amigos deste blog.
Este "O Grito" de Munch revela, na verdade, um ser muito atormentado, aliás como foi toda a sua vida. O magnífico que ela encerra é que o pintor soube e conseguiu expressar bem esse sentimento de horror que o assolou naquele preciso momento.
Besitos
Hola Luisa
ResponderEliminarTambém sou da tua opinião de que as explicações e as biografias, mesmo que por vezes um pouco extensas, são ricas formas de informar e dar a conhecer a quem se interessa, algo sobre um determinado autor/artista.
Depois há sempre a hipótese de, aqueles que não gostam ou não se interessam, passar por cima e não ler!...
Gracias pelo teu comentário.
Un abrazo.
Amiga Fonsilleda,
ResponderEliminarQue bom teres aparecido, confesso que andava a estranhar o teu silêncio e ausência.
Compreendo perfeitamente que o tempo é sempre curto para aquilo que queremos fazer, eu também sofro do mesmo mal.
Quanto a este quadro, "O Grito", digo-te que "ao vivo" é bem mais impressionante e toca-nos muito mais do que a sua imagem. As cores de fogo e a mistura com os azuis são, direi mesmo, chocantes. Bem, isto já para não falar da expressão da personagem.
Volta sempre, esperamos-te no nosso Farol.
Bicos
Olá Tétis.
ResponderEliminarSeu post esta muito claro, objetivo e didátido...sabe, uma das coisas que mas me fascina no blog, é esse intercâmbio cultural, eu pessoalmente, dsconhecia a obra de Edvard Munch.
Gostei muito do texto e do video, interessantes e informativos.
Um beijo amiga
Olá João
ResponderEliminarQue alegria ver-te por aqui.
Fico contente por saber que gostas do blog e daquilo que publicamos.
Como sabes somos 3 amigos bem diferentes, quer nas vivências, experiências e dia a dia de cada um, quer até na nacionalidade e na cultura dos países onde nascemos e residimos. Essa diferença e a troca, intercâmbio, que fazemos entre nós e que aqui tentamos dar a conhecer é que, penso, dão a variedade e a diversidade a este blog.
Hoje é Dia do Pai e esperamos que apareças cá no Farol para comemorarmos.
Um beijo da amiga de sempre