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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Vincent Van Gogh


No próximo dia 29 completam-se 122 anos após a morte de Vincent Van Gogh.

Como tributo ao famoso pintor pós-impressionista neerlandês, frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos, deixo-vos aqui uma canção, que talvez muitos não conheçam, que é uma homenagem de Don McLean ao grande Vincent Van Gogh.

Don McLean é um cantor e compositor norte-americano, nascido em 1945, que ficou famoso pela canção American Pie, e que escreveu Vincent em 1971 depois de ter ficado fascinado com a leitura de um livro sobre a vida de Vincent Van Gogh.

A canção Vincent tornou-se um grande êxito internacional, tendo em 1972 sido nº 1 no Reino Unido e nº 12 nos EUA.

Nos anos 70, o museu de Van Gogh em Amesterdão tocava esta música diariamente.

Nos últimos anos a canção tornou-se ainda mais conhecida ao ser cantada pelos participantes de grandes shows, como American Idol e BBC Fame Academy.

Apesar do vídeo ter a tradução em português, aqui fica a letra original de Vincent para aqueles que dominam o inglês poderem apreciar a sua beleza poética e a mensagem que Don pretende transmitir. 


 
VINCENT
(Don McLean)

Starry, starry night.
Paint your palette blue and grey,
Look out on a summer's day,
With eyes that know the darkness in my soul.
Shadows on the hills,
Sketch the trees and the daffodils,
Catch the breeze and the winter chills,
In colors on the snowy linen land.

Now I understand what you tried to say to me,
How you suffered for your sanity,
How you tried to set them free.
They would not listen, they did not know how.
Perhaps they'll listen now.

Starry, starry night.
Flaming flowers that brightly blaze,
Swirling clouds in violet haze,
Reflect in Vincent's eyes of china blue.
Colors changing hue, morning field of amber grain,
Weathered faces lined in pain,
Are soothed beneath the artist's loving hand.

Now I understand what you tried to say to me,
How you suffered for your sanity,
How you tried to set them free.
They would not listen, they did not know how.
Perhaps they'll listen now.

For they could not love you,
But still your love was true.
And when no hope was left in sight
On that starry, starry night,
You took your life, as lovers often do.
But I could have told you, Vincent,
This world was never meant for one
As beautiful as you.

Starry, starry night.
Portraits hung in empty halls,
Frameless head on nameless walls,
With eyes that watch the world and can't forget.
Like the strangers that you've met,
The ragged men in the ragged clothes,
The silver thorn of bloody rose,
Lie crushed and broken on the virgin snow.

Now I think I know what you tried to say to me,
How you suffered for your sanity,
How you tried to set them free.
They would not listen, they're not listening still.
Perhaps they never will...


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O menino pintor

Prodígio da pintura com sete anos

Pinturas de um menino de sete anos dificilmente atraem ofertas superiores a 13 mil euros, mas os trabalhos de Kieron Williamson são reputados internacionalmente, valendo-lhe os epítetos de "mini Monet" ou "petit Picasso".

Duas semanas depois de 33 aguarelas, óleos e pastéis terem sido vendidas por um total de 150 mil libras (182,5 mil euros) em apenas 27 minutos, a galeria Picturecraft está a organizar um leilão para mais duas pinturas.

"Incoming Light", um óleo, foi o último trabalho que Kieron completou antes de fazer oito anos, a 4 de Agosto, e em apenas 24 horas o preço base subiu de 9500 mil libras (11,5 mil euros) para 11 mil libras (13,4 mil euros).

No mesmo leilão está também disponível o primeiro pastel feito na semana depois do aniversário, e de quinta-feira o valor mais do que duplicou, de 5 mil libras (6 mil euros) para 12 mil libras (14,6 mil euros).

O proprietário da galeria, Adrian Hill, diz ter recebido "níveis de interesse sem precedentes" e decidiu prolongar por mais cinco dias o leilão, até 20 de Agosto.
Mas já não surpreende esta euforia pela obra de Williamson, natural da pequena cidade de Holt, no oeste de Inglaterra, e que ainda frequenta a escola primária.

A imprensa tem falado dele como um menino-prodígio pelo talento demonstrado na pintura de paisagens, sobretudo da costa de East Anglia.

Os primeiros indícios de habilidade para a arte foram notados quando ainda tinha cinco anos, durante umas férias com a família na Cornualha, quando insistiu em desenhar uns barcos num porto.

Tutorado por artistas locais, desenvolveu o instinto pelo detalhe e o uso das cores e, um ano mais tarde, em 2009, 19 quadros foram vendidos por um total de 14 mil libras (17 mil libras).

Poucos meses depois, em Novembro, uma exposição de 16 obras foi arrebatada em 14 minutos por 18,2 mil libras (22 mil euros).

Este foi o início de uma euforia, que se manifestou nos dias anteriores à exposição de 30 de Julho.

Pessoas de sítios como a África do sul ou EUA deslocaram-se propositadamente e acamparam à porta da galeria.

Mesmo sendo pinturas de uma criança, foram vendidas por entre 1825 e 7995 mil libras (2,2 mil e 9730 euros).

Actualmente, Kieron Williamson tem milhares de admiradores em mais de 35 países, incluindo Portugal.

Continua a ter interesses mais comuns da idade, como jogar futebol ou brincar com a consola de videojogos, mas é artista que quer ser quando for grande.

Numa entrevista ao Guardian, em Dezembro passado, rejeitou seguir os passos de Pablo Picasso, que também manifestou talento na infância.

"Monet or Edward Seago" foi a resposta sobre a quem vai buscar inspiração.

(In: Jornal de Notícias – 13.08.2010)


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Frida Kahlo

6-7-1907 / 13-7-1954

Completaram-se já 56 anos após o desaparecimento de Frida Kahlo, aquela que é considerada a mais importante pintora mexicana e por muitos tida como a pintora do século.
Apesar do seu pouco tempo de vida, Frida Kahlo deixou obras magníficas e, para muitos, intrigantes. É necessário conhecer um pouco da sua vida para entendermos o que pintou.

Resumo biográfico

Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, mais conhecida como Frida Kahlo, nasceu a 6 de Julho de 1907 na casa de seus pais, conhecida como La Casa Azul, em Coyoacán, na época uma pequena cidade nos arredores da Cidade do México.
A vida de Frida foi sempre marcada pela tragédia pois, ao longo dos anos que viveu, sofreu uma série de doenças, acidentes e operações; aos seis anos contraiu poliomelite, o que a deixou coxa e fez com que começasse a usar calças e depois as conhecidas longas e exóticas saias, que se tornaram uma das suas marcas pessoais.

Quando já havia superado essa deficiência sofreu, aos 18 anos, um gravíssimo acidente quando viajava num autocarro. As inúmeras fracturas e as várias cirurgias que daí resultaram fizeram com que Frida ficasse muito tempo acamada. Foi durante a sua longa convalescença que
começou a pintar, utilizando um espelho e um cavalete que foram adaptados à cama. O espelho servia para que Frida se visse e assim se pudesse pintar a si mesma: "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor".


Em 1928, quando Frida Kahlo entra no “Partido Comunista Mexicano”, conhece o muralista Diego Rivera, com quem se casa no ano seguinte, aos 21 anos.

A sua vida de casada sempre foi bastante tumultuosa, pois ambos tinham temperamentos muito fortes. Diego tinha muitas amantes e Frida compensava as traições do marido com amantes de ambos os sexos.

Separam-se, mas em 1940 unem-se novamente, sendo o segundo casamento tão tempestuoso quanto o primeiro. Embora tenha engravidado mais de uma vez, nunca teve filhos, pois as sequelas do acidente impossibilitaram-na de levar uma gestação até ao final. Esta foi a maior dor da vida de Frida, o que deixou expresso em muitos dos seus quadros.

Após algumas tentativas de suicídio Frida Kahlo foi encontrada morta em 13 de Julho de 1954. Apesar do atestado de óbito registar embolia pulmonar como causa da morte, a última anotação no seu diário levanta a hipótese de suicídio: "Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar – Frida”.

As pinturas

Dizia Frida: "pensavam que eu era uma surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade". Os seus quadros reflectiam o momento pelo qual passava, a sua vida trágica de dor e sofrimento.

"Auto-Retrato com Vestido de Veludo" (1926) - primeito trabalho profissional de Frida, onde ainda apresenta as influências da arte europeia.

"Cama Voadora" ou "O Hospital Henry Ford" (1932) - expressa não só o seu sofrimento e solidão, como a sua incapacidade em ser mãe.

"Nascimento" ou "O Meu Nascimento" (1932) - pintura em que Frida imagina o seu nascimento e o liga ao seu trama por não poder ter filhos. Também retrata a morte da mãe que morreu nessa data.
"O Coração" ou "Recordação" (1937) - um coração a sangrar, cujo tamanho é proporcional ao seu sofrimento e um tórax trespassado por um objecto cortanto, simbolizam toda a sua angústia.

“Eu a Mamar” ou “A Minha Ama e Eu” (1937) – a pintora expressa o seu profundo sentimento de rejeição que sentia pelo facto da mãe não a amamentar e a ter entregue a uma ama-de-leite.

“As Duas Fridas” (1939) – expressa as duas personalidades da pintora, a Frida mexicana e a Frida europeia, após a crise conjugal que resultou na separação de Diego Rivera.

"Auto-Retrato com Espinhos e Colibri" (1940)

"Pensando na Morte" (1943)

"A Coluna Quebrada" (1944)

"Sem Esperança" (1945)

“Árvore da Esperança, Mantém-te Firme” (1946) – quadro pintado após mais uma operação à coluna a que a pintora se submeteu. Retrata o sofrimento que é simbolizado pela noite e a esperança mostrada pelo sol que brilha no início de um novo dia.

"Auto-Retrato" (1947)

“Abraço Amoroso do Universo” (1949)

“O Marxismo Dará Saúde aos Doentes” (1954) – a pintora retrata o seu sonho de que o marxismo poderia acabar com todo o sofrimento e dor que atormentam a humanidade. Embora o marxismo seja a esperança para o povo mexicano este mantém-se com o colete ortopédico.


Frida Kahlo ficará para sempre imortalizada através da sua fortíssima e penetrante pintura!...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Janela


E respirava o ar de todas as viagens, da minha janela, capital do mundo, debruçado sobre o largo onde começavam todos os caminhos.

(Manuel Alegre)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Raul Indipwo

Raul Indipwo (30-11-1933/04-06-2006)

Faz hoje 3 anos que muitos jornais e revistas publicaram notícias como esta:

Raul Indipwo, músico e cantor angolano, que foi um dos elementos do grupo Duo Ouro Negro, morreu, no Barreiro, aos 72 anos de idade, depois de uma longa carreira artística, também a solo. Para trás fica um notável legado na música e nas artes plásticas.

Mas quem foi Raul Indipwo, perguntarão alguns?

Raul José Aires Corte Peres Cruz, conhecido por Raul Indipwo, nasceu em 30 de Novembro de 1933 em Kuneme, Angola.
Em 1959, com Milo MacMahon, amigo de infância dos tempos de Benguela, formou o importante e histórico Duo Ouro Negro, projecto de raiz angolana, baseado no folclore de várias etnias e idiomas da sua terra e expoente da música angolana sediada em Portugal.

O nome Ouro Negro foi escolhido porque, naquela região do sul de Angola, esta expressão designava tudo o que fosse considerado excepcional: o petróleo, o café, um jogador de futebol fora de série ou um bom cantor.

Um espectáculo que deram em Luanda incluía uma cláusula que garantia uma apresentação no cinema Roma, em Lisboa. Foi assim que o grupo chegou à Metrópole, onde alcança êxitos não apenas no cinema Roma, como também no Casino Estoril. Desta breve viagem resultou a gravação de três discos. Após o regresso a Angola, integram um terceiro elemento, José Alves Monteiro, que, em breve, deixaria o grupo. A carreira dos Ouro Negro tem, a partir de então, uma expressão internacional. No espaço de um ano, o grupo rapidamente se tornou popular, com o sucesso a estender-se além fronteiras. Actuam, além de Portugal, na Suíça, em França, na Finlândia, na Suécia, na Dinamarca e em Espanha. Na década de 1960, sucederam-se as digressões pela Europa e Estados Unidos.

Em Lisboa, ao êxito quase instantâneo dos primeiros discos, sucedem-se actuações em programas televisivos e radiofónicos, a par de inúmeras apresentações em diversas casas de espectáculos. Seguindo a "onda" dos ritmos de dança como o “twist”, o “madison”, o “surf” e muitos outros, o Duo Ouro Negro lança o “kwela”, que rapidamente se transformou numa moda, sendo considerado o ritmo do Verão em 1965.O “kwela” mais não era que uma dança ritual da tradição africana, que em dialecto zulu quer dizer flauta. A nova moda pegou e, como para a cena europeia representava uma novidade encantadora, Paris rendeu-se ao “kwela” e toda a Europa em geral.
O Duo Ouro Negro conhece em 1966 um dos pontos mais altos da sua ainda recente carreira, ao actuar no Olympia e no Alhambra, em Paris. No ano seguinte, naquela que pode ser considerada uma das mais elevadas distinções do grupo, actuam na Sala Garnier da Ópera de Monte Carlo para os Príncipes do Mónaco, por ocasião das comemorações do IV Centenário do principado. Ainda nesse mesmo ano, são galardoados em Portugal com o “Troféu da Imprensa”.O Olympia de Paris transforma-se na sala talismã para o Duo Ouro Negro. Em 1967, a sala acolhe-os durante três semanas em Maio e outras três em Outubro. Repartem estas actuações com espectáculos em diversas televisões europeias.

O Brasil é outro dos palcos da actuação dos dois angolanos nesse mesmo ano de 1967, com recitais no teatro Cecília Meireles e no Canecão. Posteriormente, actuaram no espectáculo de comemoração do 20º aniversário da UNICEF, transmitido de Paris para mais de 200 milhões de telespectadores.

"Figuras fulgurantes do music-hall não apenas em Portugal mas por toda a Europa onde os escutam e enlouquecem", de acordo com uma revista da época, Raul e Milo conhecem a partir de 1968, uma segunda fase da sua carreira. Ao conquistarem o Canadá e os Estados Unidos, internacionalizam as suas músicas a uma escala mais larga. Em Chicago assinam um contrato com a Columbia Artists Management e, depois de um breve regresso a Portugal e a África, brilham no Waldorf Astoria, em Nova Iorque. Também a América Latina foi palco de dois espectáculos do Duo Ouro Negro, no teatro Maipu, de Buenos Aires, a par de quatro espectáculos televisivos e do lançamento do LP Ouro “Negro Latino”.

O cosmopolitismo do grupo não pára e uma longa digressão ao Japão consolida o seu prestígio em terras do Oriente. Nos anos 70, com o espectáculo “Blackground”, o Duo Ouro Negro faz êxito em Lisboa e mais tarde na Alemanha. Têm, então, a intenção de abandonar as canções mais ligeiras, como "Maria Rita", para se dedicarem ao folclore angolano como eixo da sua carreira. Depois de 1974, o grupo faz novas actuações nos Estados Unidos, Austrália e França. No final da década de 70 chega um tempo de maior calma para a música do Duo, que ainda volta a cintilar alto em Portugal com “Império de Iemanjá”.

No final da década de 1980, após a morte de Milo MacMahon, termina a carreira do Duo Ouro Negro, mas Raul Indipwo nunca quis abdicar desse notável património comum acumulado entre 1960 e 1980 e decide ar continuidade ao projecto. Actua então a solo, apresentando-se com o nome Raul Ouro Negro.
Alguns dos principais êxitos do Duo Ouro Negro foram: "Kuríkutéla", "Muiowa", "Muxima", "Sylvie", "Maria Rita", "Blackground", "Império de Iemanjá", "Amanhã", "Vou Levar-te Comigo".

Só nas telas manteve a rubrica Raul Indipwo sobre uma pintura telúrica e repleta de referências ancestrais africanas. Como na música, dizia, os seus temas eram "os rituais, a lonjura, a nudez, a solidão, a importância que o sol tem quando pinta as coisas antes de nascer ou de se deitar." Místico - "como todos os ho­mens no fundo são" - acreditava na reencarnação.


A história de Raul Indipwo conta 55 anos de canções e outros tantos de pintu­ras, arte que nunca abandonou ape­sar do sucesso na música. Conta-se também na humanidade da Funda­ção Ouro Negro (sediada em Alcabideche, concelho de Cascais), que criou em 1999 e desde então sustentou do seu bolso, fundação de solidariedade social dedicada a apoiar crianças des­favorecidas.


Entre os principais objectivos da Fundação Ouro Negro estão “o desenvolvimento da cooperação cultural e da solidariedade entre a comunidade portuguesa e as comunidades africanas de língua oficial portuguesa” e a “procura de soluções reais para os problemas que afectam as crianças africanas, em especial deficientes e órfãos de guerra em Angola e Moçambique, em ordem à sua integração na sociedade e ainda o desenvolvimento artístico de jovens”.

Raul Indipwo dizia:

"Minha terra é grande,
mas será maior
se eu a fizer crescer".

Raul, descansa em Paz!...



segunda-feira, 16 de março de 2009

Skrik ("O Grito") - Edvard Munch

Muitos perguntarão o porquê deste post. Outros formularão até esta pergunta: “mas a que propósito vem agora este post que nada tem a ver com o resto?”
Pois é, este blog é isso mesmo, é o imprevisto, a diversidade e, acima de tudo, como já tantas vezes dissemos, um reflexo dum estado de alma, duma vivência, enfim, do que nos vem à cabeça…

Mas Skrik (“O Grito”) de Edvard Munch, porquê?

Muito simples: um dos amigos deste blog escreveu uma mensagem/resposta a um comentário meu, mais precisamente no dia 14/3, onde dizia, entre outras coisas: “…Quanto ao teu “grito”…”. Imediatamente associei grito a Munch e recordei esta maravilha que tive a sorte/oportunidade única de ver “ao vivo” numa exposição temporária, em 2004, no Musée d’Ixelles, em Bruxelas.


Um pouco sobre Edvard Munch

Edvard Munch foi um pintor norueguês, precursor do expressionismo alemão, que nasceu em Loten, a 12 de Dezembro de 1863 e faleceu em Ekely, a 23 de Janeiro de 1944.
Tendo frequentado a Escola de Artes e Ofícios de Oslo, foi influenciado por Courbet e Manet e, no campo das ideias, pelo pensamento de Henrik Ibsen e Bjornson, que marcaram o seu percurso inicial de pintor. A arte era deste modo vista pelo pintor como uma arma destinada a lutar contra a sociedade, daí os temas sociais aparecerem presentes nas suas obras de 1886, nomeadamente em "O Dia Seguinte" e "Puberdade".
Os sentimentos sobre a doença e a morte, que tanto marcaram a sua infância (a mãe morreu quando ele tinha 5 anos, a irmã mais velha faleceu aos 15 anos, a irmã mais nova sofria de doença mental e uma outra irmã morreu meses depois de casar; o próprio Edvard estava constantemente doente), assumem grande importância na sua obra e são retratados em imagens que deixam transparecer a fragilidade e a transitoriedade da vida. É com "A Menina doente" ("Das Kränke Mädchen"), de 1885 que Munch inicia essa temática que será a linha de força constante em todo o seu percurso artístico.
Embora as obras de Van Gogh e Gaugin tenham provocado algumas mudanças no seu estilo é, porém, o convite que lhe foi formulado em 1892 para expor em Berlim que marcará uma etapa importante na sua carreira. É nessa época que Munch inicia o projecto intitulado "O Friso da Vida", série esta de que faz parte "O Grito", considerado a sua obra máxima. Rostos sem feições e figuras distorcidas fazem parte dos quadros desta série e um pouco de toda a sua obra.
Em 1896, em Paris, interessa-se pela gravura, fazendo inovações nesta técnica. Os trabalhos deste período revelam uma segurança notável. Em 1914 inicia a execução do projecto para a decoração da Universidade de Oslo, usando uma linguagem simples, com motivos da tradição popular.
Uma das características mais interessantes de Munch é a forma como retrata as mulheres, ora como sofredoras frágeis e inocentes ("Puberdade" e "Amor e Dor"), ora como causa de grande anseio, ciúme e desespero ("Separação", "Ciúmes" e "Cinzas").
As suas últimas obras ("Entre o Relógio e a Cama" e "Auto-Retrato", de 1940) pretendem ser um resumo das preocupações da sua existência.
Toda a obra de Munch está impregnada pelas suas obsessões: a morte, a solidão, a melancolia e o terror das forças da natureza.

“Skrik” (“O Grito”)

Esta pintura, datada de 1893, é considerada como uma das obras mais importantes do expressionismo, tendo adquirido o estatuto de ícone cultural. Representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero, tendo como pano de fundo a doca de Oslofjord ao pôr-do-sol.
Na vida pessoal de Munch, nas suas obsessões, encontramos a inspiração para “O Grito”. Têm sido várias as interpretações deste quadro mas ninguém melhor do que o próprio pintor para descrever a experiência que teve e que o levou a pintar esta sua obra-prima: “Caminhava eu com dois amigos pela estrada ao pôr-do-sol; de repente, o céu tornou-se vermelho como o sangue. Parei, apoiei-me no muro, inexplicavelmente cansado. Línguas de fogo e sangue estendiam-se sobre o fiorde preto-azulado. Os meus amigos continuaram a andar, enquanto eu ficava para trás tremendo de medo e senti o grito enorme, infinito, da natureza.”
Munch imortalizou primeiramente esta impressão no quadro "O Desespero", que representa um homem de cartola e meio de costas, inclinado sobre uma vedação num cenário em tudo semelhante à da sua experiência pessoal. Não satisfeito com o resultado, Munch tentou uma nova composição, desta vez com uma figura mais andrógina, de frente para o observador e numa atitude menos contemplativa e mais desesperada.
O quadro foi exposto pela primeira vez em 1903, como parte de um conjunto de seis peças, intitulado Amor. A ideia de Munch era representar as várias fases de um caso amoroso, desde o encantamento inicial a uma rotura traumática. "O Grito" representava a última etapa, envolta em sensações de angústia. A recepção foi, contudo, muito criticada e o conjunto Amor considerado como arte demente (mais tarde, o regime nazi viria a classificar Munch como artista degenerado e retirou toda a sua obra em exposição na Alemanha).
Porém, a reacção do público, foi a oposta e o quadro tornou-se um motivo de sensação. O nome "O Grito" surge pela primeira vez nas críticas e reportagens da época. Munch acabaria por pintar quatro versões de "O Grito", para substituir as cópias que ia vendendo. O original de 1893 (91x73.5 cm), numa técnica de óleo e pastel sobre cartão, encontra-se exposto na Galeria Nacional de Oslo. A segunda (83,5x66 cm), em têmpera sobre cartão, foi exibida no Munch Museum de Oslo até ao seu roubo em 2004. A terceira pertence ao mesmo museu e a quarta é propriedade de um particular. Para responder ao interesse do público, Munch realizou também uma litografia, em 1900, que permitiu a impressão do quadro em revistas e jornais.

Os roubos

"O Grito", da Galeria Nacional de Oslo, foi roubado em plena luz do dia, a 12 de Fevereiro de 1994, por um conjunto de ladrões que se deu ao trabalho de deixar uma mensagem que dizia: "Obrigado pela falta de segurança". Três meses depois, os assaltantes enviaram um pedido de resgate ao governo norueguês, exigindo um milhão de dólares americanos. As entidades norueguesas recusaram a exigência e pouco depois, a 7 de Maio, o quadro foi recuperado numa acção conjunta da polícia local com a Scotland Yard.
A 22 de Agosto de 2004, foi a vez da versão exposta no Munch Museum, roubada num assalto à mão armada que levou também a "Madonna" do mesmo autor. O Museu ficou à espera de um pedido de resgate, que nunca chegou. A polícia norueguesa anunciou ter reencontrado os quadros a 31 de Agosto de 2006.