terça-feira, 29 de setembro de 2009

A nova música do Rei Roberto Carlos, “ A Mulher Que Eu Amo”


A nova música do Rei Roberto Carlos, “ A Mulher Que Eu Amo”




“A Mulher Que Eu Amo” é o nome de da nova música do cantor Roberto Carlos que foi incluída na trilha sonora oficial da nova novela da Rede Globo “Viver a Vida”. Esta é uma das músicas até então inéditas que Roberto Carlos gravou para o álbum de estúdio que teve o lançamento adiado.


La mujer que amo "es el nombre de la nueva música de Roberto Carlos se ha incluido en la banda sonora oficial de la nueva novela de Globo" Vivir la Vida ". Esta es una de las canciones inéditas que Roberto Carlos ha grabado para el álbum que habían retrasado en el lanzamiento de este año.


Roberto Carlos A Mulher Que Eu Amo tema de Helena e Marcos Novela Viver A Vida






A mulher que eu amo tem a pele morena
é bonita é pequena e me ama também
a mulher que eu amo tem tudo que eu quero
e até mais do que espero, encontrar em alguém 
A mulher que eu amo  tem um lindo sorriso
é tudo que eu preciso pra minha alegria
a mulher que eu amo tem nos olhos a calma
ilumina minh'alma, é o sol do meu dia 
Seu amor é pra mim o que há de mais lindo
se ela está sorrindo eu sorrio também
tudo nela é bonito, tudo nela é verdade
e com ela eu acredito na felicidade
A mulher que eu amo enfeita minha vida
 meu sonhos realiza, me faz tanto bem
 Seu amor é pra mim o que há de mais lindo
se ela está sorrindo eu sorrio também
tudo nela é bonito, tudo nela é verdade
e com ela eu acredito na felicidade
 Roberto Carlos




segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Um mimo da Lili

É com muita alegria, emoção e também alguma lágrima a querer escapar-se, que vimos partilhar convosco este doce e terno mimo, com que a nossa querida amiga Lili tão gentil e carinhosamente nos presenteou.

O Farol Da Amizade

Este Farol...
É diferente...
É farol...
Alto e longo...

Alberga...
Muitos sonhos...
Muitas fantasias e...
Muitas Amizades...

Farol...
Que gira...gira...
Deixa um raio de luz...
A propagar-se...
Em todas as direcções...

E aqui...
Concretamente...
Neste farol...
Eu páro...

Fico a olhar...
E a meditar...
Pois sinto...
Que Aqui...

Neste farol...
A Amizade...
Está mesmo presente!...

(Lili Laranjo)

Obrigado querida amiga!...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Outono


Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga, Diário X (1966)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Marcel Marceau - Um tributo

22-03-1923 / 22-09-2007

Fez ontem dois anos que faleceu, aos 84 anos de idade, aquele que é por muitos considerado como o artista mais representativo da mímica de todos os tempos, o francês Marcel Marceau.


Nascido em Estrasburgo, a 22 de Março de 1923, Marcel Marceau era oriundo de uma família judia francesa.

Com 15 anos, quando a França entrou em guerra, Estrasburgo é evacuada e Marcel e a sua família são obrigados a fugir e a refugiarem-se na Dordogne.
Os seus dons artísticos, sobretudo na pintura, levam-no a inscrever-se na escola de artes decorativas de Limoges.


Em 1943, Marcel entra para a Resistência Francesa, tendo participado na campanha na Alemanha, onde chegou a fazer algumas representações para as tropas aliadas. O seu interesse em actuar surgiu-lhe após ter conhecido Charlie Chaplin. Marcel dizia: "J'imitais Chaplin, qui était mon dieu"…

Tendo habitado em Sèvres, perto de Paris, Marcel pode seguir a carreira de Charles Dullin, no Teatro Sarah-Bernhardt (Théâtre de la Cité), onde se inscreveu e estudou arte dramática. Aí teve como mestres Dullin e Étienne Decroux, o pioneiro da mímica moderna.


Em Abril de 1945, quando a guerra acabou, Marcel Marceau integra a companhia de Jean-Louis Barrault e Madeleine Barrault. Interpreta então brilhantemente o papel de “Arlequim” da pantomima “Baptiste”. Nesse mesmo ano viria ainda a representar, no Teatro Sarah-Bernhardt, o seu primeiro “mimodrama”, chamado “Praxitele e o Peixe Dourado”. O excelente desempenho acaba por consolidar e decidir definitivamente a sua carreira como mímico.

No dia do seu 24º aniversário, a 22 de Março de 1947, Marcel cria Bip, a sua famosa personagem de cara pintada de branco, olhos pintados a carvão, boca rasgada com um traço vermelho. A roupa seria uma camisa de marinheiro, calças largas de palhaço e chapéu de seda com uma flor espetada. A somar a tudo isto, uma aparente frágil expressividade corporal. Esta personagem de linguagem universal podia comunicar com toda a gente de qualquer lugar, quer por um gesto, quer por um olhar.

As desventuras de Bip interagindo com tudo, desde borboletas a leões, de navios a combóios, nos salões ou nos restaurantes, eram ilimitadas. Bip era uma pantomima de estilo que deu a Marceau um reconhecimento fora de série.


O seu génio e o seu talento revelam um sentido de observação muito apurado, pois consegue dar-nos uma panorâmica da humanidade nos seus mais pequenos detalhes, ao mesmo tempo que dá à sua arte uma dimensão poética intemporal. Nos seus “sketches”, mesmo quando aborda assuntos mais sérios, Marcel deixa sempre transparecer uma esperança e uma fé inabaláveis, um acreditar na humanidade e na vida.

Em 1949, após receber o “Prémio Deburau” (criado em memória do mestre da mímica do século XIX, Jean-Gaspard Deburau), Marceau formou a sua “Compagnie de Mime Marcel Marceau”, única companhia de pantomima do mundo naquela época, que estreou nos principais teatros de Paris e noutras casas de espectáculo de todo o mundo.

Actuou pelo mundo inteiro e, em 1955, a sua chegada aos Estados Unidos espantou o público americano habituado às comédias musicais, à dança moderna e clássica e às indústrias do espectáculo. Um homem que não falava, durante duas horas em cena, suscitou a surpresa e a admiração do público. Começou a partir dessa data a fazer sucessivas turnés por toda a Europa, América do Norte, América do Sul, África, Austrália, China, Japão, Sudeste Asiático e Rússia.

É em Roma, em 1967, quando da rodagem de “Barbarella” de Roger Vadim, que Marcel Marceau terá a oportunidade de encontrar pela primeira e única vez o seu ídolo, o seu mestre: Charlie Chaplin.

Pelas suas frequentes aparições na televisão, Marceau tornou-se familiar a milhões de pessoas. O seu primeiro trabalho de TV foi no “Show of Shows” em que ganhou o cobiçado prémio “Emmy” da indústria da televisão. Apareceu também na BBC, em 1973, em “A Christmas Carol”. Teve também o seu próprio show intitulado "Meet Marcel Marceau".

Actuou ainda no cinema em filmes como "First Class", em que protagonizou 17 papéis diferentes, "Shanks", “Barbarella” e "A Última Loucura".

Como autor, escreveu "Marcel Marceau Alphabet Book" e "Marcel Marceau Counting Book".
Existem outras publicações de poesia e as ilustrações de Marceau que incluem a sua "La ballade de Paris et du Monde", que escreveu em 1966. Há ainda a "A História de Bip", escrita e ilustrada por Marceau. De 1982 existe uma colecção de dez litografias originais, "Le Troisième Oeil", obra que é acompanhada de um texto de Marceau.

Para promover a importância da mímica e aproveitando a sua experiência de cinquenta anos, Marceau criou em Paris, em 1978, a sua própria escola, a “École Internationale de Mimodrame”, onde também se ensinam as disciplinas afins da mímica, nomeadamente a dança e a acrobacia.

Igualmente, para promover o mime nos Estados Unidos, criou em Nova Iorque, em 1996, a “Marceau Foundation”, onde estão conservados todos os seus arquivos.

Pela sua constituição física e pela grande energia de que era dotado, Marcel continuou as suas actuações quase até à data da sua morte.

Assim, em Novembro de 1997 celebra em Paris os seus 50 anos de carreira, apresentando um espectáculo com “Pantomimes de Bip” e “Le chapeau melon”.
Nunca tendo interrompido a sua carreira, em 2000 organiza uma turné em que apresenta o espectáculo “Les premiers adieux de Bip”, continuado em 2002 com “Le retour du mime Marceau” e em 2005, na América Latina, com “Le meilleur de Marceau”.

Marcel Marceau foi premiado em França com as maiores condecorações oficiais. O governo francês conferiu-lhe a mais alta condecoração ao nomeá-lo “Officier de la Légion d'Honneur”, a que se seguiu “Commandeur de l'Ordre National du Mérite” e “Commandeur des Arts et Lettres”. Em 1978 recebeu a “Medaille Vermeil de la Ville de Paris".

Era membro eleito das Academias de Belas Artes de Berlim e Munique e da Academia de Belas Artes do “Institut de France”.

Marceau recebeu também o título de “Doutor Honoris Causa” da Universidade do estado de Ohio, da Universidade de Princeton, da Universidade de Michigan, do Lindfield College e da Universidade de Ricardo Palma, no Peru.

Em 1999 a cidade de Nova Iorque estabeleceu o dia 18 de Março como o "Dia de Marcel Marceau".
Em 2002 a ONU nomeou-o “Embaixador da Boa Vontade para a Terceira Idade”, cargo que Marceau aceitou pois, segundo ele: "la vieillesse arrive quand on s'arrête".
Marcel Marceau morre a 22 de Setembro de 2007, aos 84 anos, rodeado do carinho e afeição dos seus quatro filhos, fruto dos seus três casamentos.

O funeral, com a presença de cerca de 200 pessoas, realizou-se no dia 26 de Setembro no cemitério parisiense do “Père-Lachaise”.

Deixou-nos um purista da comunicação sem palavras, com um estilo único e muito próprio, com um domínio incrível do corpo que, pelo seu contributo à arte da comunicação gestual, se torna numa perda irreparável.



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Patrick Swayze

18-08-1952 / 14-09-2009

O nosso amigo e colaborador do Brasil, “O Mar”, vem aqui ao nosso Farol para que todos, em conjunto, prestemos uma simples mas sentida homenagem a um grande actor e dançarino que faleceu no passado dia 14 de Setembro.

Venho através deste post prestar a minha homenagem ao ator e dançarino Patrick Swayze, que nos deixou no último dia 14 de setembro, aos 57 anos vítima de complicações surgidas por um câncer de pâncreas. O ator lutou valentemente contra o câncer e prosseguiu trabalhando, apesar do duro tratamento contra a doença e a significativa perda de peso. Nos últimos 20 meses, Swayze também escreveu suas memórias. Comediante e dançarino, Swayze foi indicado três vezes para o Globo de Ouro e conviveu com a verdadeira fama de Hollywood sem perder a simplicidade. Na vida real, casou-se com a namorada da adolescência Lisa Niemi, em 1975, que se manteve ao seu lado até a morte, algo muito incomum em Hollywood.

Como admirador da dança e da música guardo na lembrança dois filmes estrelados por Patrick, que me trazem grandes recordações:“Dirty Dancing” e “Ghost – Do outro lado da vida”. No primeiro filme, ele dá um show como bailarino ao lado da atriz Jennifer Grey. O grande sucesso da trilha sonora do filme e as danças apresentadas mantiveram o filme por muitas semanas em cartaz. No segundo filme Patrick contracena com Demi Moore, onde presenciamos momentos de grande emoção ao som da música "Unchained Melody" composta por Alex North. Reveja dois momentos inesquecíveis nestes vídeos.

Nota: Pedimos desculpa ao nosso colaborador "O Mar" mas iremos substituir o 1º vídeo que nos enviou por outro, dado que o 1º se encontra presentemente no Youtube com a seguinte indicação: "A incorporação foi desativada mediante solicitação". No entanto, indicaremos aqui o link do dito vídeo, que poderá ser visualizado por quem o desejar. (http://www.youtube.com/watch?v=WpmILPAcRQo)




sábado, 19 de setembro de 2009

Prémio "Blog de Reconhecido Mérito"


A Coroa de Louros é o mais antigo símbolo ou condecoração concedido por vitória ou mérito.

Começou a ser utilizada na Antiguidade, entre gregos e romanos, nomeadamente nos Jogos Pithios, um festival Pan-Helénico anterior às Olimpíadas que acontecia cada quatro anos no santuário de Apolo, em Delfos.

Era o símbolo da vitória pela sua associação com o deus Apolo, sendo concedida a vencedores de competições ou como reconhecimento de mérito a artistas e outras pessoas que se destacavam em diversas áreas.

Queremos com este Prémio, à semelhança dos antigos gregos e romanos, homenagear com uma Coroa de Louros todos os nossos seguidores pelo trabalho desenvolvido na blogosfera, donde têm resultado “blogues de reconhecido mérito”.

Assim, é com todo o prazer e com todo o nosso carinho e Amizade que entregamos esta “Coroa de Louros” a todos os seguidores de “Um Farol chamado Amizade”.

Parabéns amigos, levem este prémio convosco e coloquem-no no vosso “Blog de Reconhecido Mérito”!...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Cantantes latinos


Ya que mi amigo ARGOS nos hablo de la música y aun estamos en verano,
os propongo estos cantantes latinos que arrasan por donde pasan..

Los Latin Lovers siempre están de moda, tal vez ahora más que nunca porque vivimos tiempos difíciles y tristes y ellos nos hacen soñar, verdad?


Espero que estas músicas les vayan a gustar y disfruten de ellas.

Julio Iglesias-Quijote




Como É Grande o Meu Amor Por Você - Especial: Elas Cantam Roberto





“Roberto Carlos canta com todas as cantoras 'Como É Grande o Meu Amor Por Você' no especial 'Elas Cantam Roberto', em homenagem aos 50 anos de carreira do cantor Roberto Carlos – 2009.”

Te conozco, José Luis Rodríguez "El Puma"




Beyonce & Alejandro Fernandez-amor gitano




Algo de mi - Camilo Sesto


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

És Música e a Música Ouves Triste?

És música e a música ouves triste?
Doçura atrai doçura e alegria:
porque amas o que a teu prazer resiste,
ou tens prazer só na melancolia?
se a concórdia dos sons bem afinados,
por casados, ofende o teu ouvido,
são-te branda censura, em ti calcados,
porque de ti deviam ter nascido.
Vê que uma corda a outra casa bem
e ambas se fazem mútuo ordenamento,
como marido e filho e feliz mãe que,
todos num, cantam de encantamento:
É canção sem palavras, vária e em
uníssono: "só não serás ninguém".

(William Shakespeare)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Adamita

Continuando com a nossa série “Gemas-Cristais-Minerais”, vamos hoje ficar com a Adamita (ou Adamite), um mineral que, não sendo uma gema, por não possuir características para ser utilizado em joalharia e por não ser fonte de obtenção de outros minerais mais nobres é, devido à sua beleza, muito apreciado e procurado pelos coleccionadores.

Este é sobretudo um post vocacionado para a contemplação deste lindo mineral e das suas lindas cores, formas e variedades.
Adamita, ou Adamite, deve o seu nome ao mineralogista francês Gilbert-Joseph Adam (1795-1881), que foi quem trouxe do Chile para estudo as primeiras espécies deste mineral. A sua colecção pessoal de mineralogia, encontra-se na Sorbonne, em Paris.

A Adamite é um mineral composto por arsenato de zinco, podendo este aparecer com traços de cobre, níquel, manganês e cobalto.
Apresenta-se em cristais prismáticos muito pequenos, no máximo com 6 milímetros, geralmente com muitas faces, reunidos em drusas e em agregados de pequenos grãos.

É um mineral transparente, translúcido, luminescente, fluorescente, de brilho vítreo intenso, que se apresenta sobretudo na cor verde (devido à presença de cobre ou urânio), mas também pode aparecer nas tonalidades verde amarelado, amarelo, incolor, branco, branco azulado, violeta (devido à presença de cobalto), rosa, amarelo acastanhado e azul pálido.
Habitualmente aparece associado a minerais, como a prata, limonite, calcite, mimetite, smithsonite, austinite, olivenite, aragonite, entre outros.

Originariamente descrita como sendo do Chile, a Adamite foi mais tarde encontrada em vários outros depósitos, sendo que as ocorrências mais notáveis são as das minas Mapimi, no México, as da Grécia e dos Estados Unidos.



Existem diversas variedades de Adamite, sendo as mais comuns:
- "Aluminoadamite", de cor azul, encontrada nas minas da Grécia e de Marrocos:













- "Cobaltoadamite", de cor vermelha e encontrada na França, Alemanha, Grécia e Namíbia:















- "Cuproadamite", de cor verde esmeralda, a que regista mais ocorrências em todo o mundo. Pela primeira vez encontrada numa mina da França, são, contudo as espécies da Namíbia as consideradas mais famosas pela sua beleza:

























"Manganoadamite", de cor ametista, rosa e violeta, encontrada no México:

















- "Nickeloan Adamite", composta por pequenos cristais verdes amarelados muito vivos, até agora só encontrada apenas uma ocorrência na mina de Laurium, na Grécia:





























A Adamite é um dos minerais mais apreciados pelos coleccionadores devido ao seu brilho verde fluorescente. As espécies que ocorrem associadas à limonite, são particularmente atractivas.

















terça-feira, 8 de setembro de 2009

Os Poetas do Parque

Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)

Parte 1

Depois de Camilo Pessanha, Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa, continuaremos os nossos passeios pelo Parque dos Poetas, sempre por ordem cronológica conforme dissemos de início, cabendo agora a vez a Mário de Sá-Carneiro que, tal como os dois primeiros poetas, nos irá acompanhar em “dois passeios”.

Mário de Sá-Carneiro nasce em Lisboa em 19 de Maio de 1890, no seio de uma família abastada da alta burguesia, sendo filho e neto de militares.

Filho único, os primeiros anos da sua vida são marcados pela dor causada pela morte da mãe, que perde aos dois anos de idade. A partir de 1894, o seu pai inicia uma vida de viagens, deixando Mário de Sá-Carneiro entregue aos cuidados dos avós e de uma ama, na Quinta da Victória, em Camarate, às portas de Lisboa. Aí passa grande parte da infância e da adolescência, períodos estes da sua vida muito marcados pela angústia e solidão.
Em 1902, apenas com doze anos, começa a escrever poesia e em 1904, o pai leva-o a visitar França, Suiça e Itália, abrindo-lhe novos horizontes.

Aos quinze anos já traduzia Victor Hugo e aos dezasseis Goethe e Schiller.

Em 1905 escreve e imprime “O Chinó”, jornal satírico da vida escolar, que o pai o impediu de continuar por considerar a publicação excessivamente satírica.

Em 1907 participa como actor, numa récita a favor das vítimas do incêndio da Madalena e no ano seguinte colabora, com pequenos contos, na revista “Azulejos”.

Em 1909 frequenta o Liceu Camões, onde escreve em colaboração com Thomaz Cabreira Júnior a peça “Amizade”. Em 1911, o suicídio de Cabreira Júnior impressiona de tal forma Sá-Carneiro que o leva a escrever e dedicar-lhe o poema “A Um Suicida”.

(...)”A nossa amante era a Glória
Que para ti - era a vitória,
E para mim - asas partidas.
Tinhas esperanças, ambições...
As minhas pobres ilusões
Essas estavam já perdidas...”(…)

Nesse mesmo ano matricula-se na Faculdade de Direito de Coimbra, não chegando, porém, a finalizar o ano lectivo. Inicia, entretanto, a sua amizade com Fernando Pessoa, aquele que foi sem dúvida o seu melhor amigo, aquele que melhor o compreendeu e com quem se identificou.
Em Outubro de 1911 segue para Paris, com o objectivo de continuar os estudos de Direito na Sorbonne. Financiado pelo pai, frequenta o curso irregularmente e nunca se chega a formar.

Na capital francesa passa a dedicar-se mormente à vida de boémia dos cafés e salas de espectáculo, onde convive com Guilherme de Santa-Rita (Santa-Rita Pintor). Socialmente inadaptado e psicologicamente instável, foi neste ambiente que compôs grande parte da sua obra poética e a correspondência com o seu confidente Fernando Pessoa. A sua fugaz mas profícua carreira literário decorre assim entre 1912 e 1916 (o ano da sua morte).

Em 1912 publica a peça teatral "Amizade" e o volume de novelas "Princípio".

Em 1913 escreve, de parceria com António Ponce de Leão, a peça “Alma”. Em1914 publica a novela “A Confissão de Lúcio” e “Dispersão”, poesia.
Entre 1913 e 1914 vem a Portugal com certa regularidade e, numa dessas passagens por Lisboa, começa, conjuntamente com os seus amigos, Almada Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros, a delinear a revista literária que se viria a publicar com o nome de Orpheu – revista vanguardista que tanto choque e inspiração causou no seio das elites cultas lisboetas. Daí nasceu a denominada “Geração d’Orpheu” ou “Grupo d’Orpheu”, um verdadeiro escândalo literário à época.

No segundo volume da revista “Orpheu” publica o poema futurista “Manucure”, que ao lado do poema “Ode Triunfal” de Álvaro de Campos, provocam polémica nos meios literários.

“Na sensação de estar polindo as minhas unhas,
Súbita sensação inexplicável de ternura,
Tudo me incluo em Mim – piedosamente.
Entanto eis-me sozinho no Café:
De manhã, como sempre, em bocejos amarelos.
De volta, as mesas apenas – ingratas
E duras, esquinadas na sua desgraciosidade
Bocal, quadrangular e livre-pensadora...
Fora: dia de Maio em luz
E sol – dia brutal, provinciano e democrático
Que os meus olhos delicados, refinados, esguios e citadinos
Nem podem tolerar – e apenas forcados
Suportam em náuseas. Toda a minha sensibilidade
Se ofende com este dia que há-de ter cantores
Entre os amigos com quem ando às vezes –
Trigueiros, naturais, de bigodes fartos –
Que escrevem, mas têm partido político
E assistem a congressos republicanos,
Vão às mulheres, gostam de vinho tinto,
De peros ou de sardinhas fritas...
E eu sempre na sensação de polir as minhas unhas
E de as pintar com um verniz parisiense,
Vou-me mais e mais enternecendo
Até chorar por Mim...”(…)

Ainda em 1915 regressa a Paris, de onde escreve a Fernando Pessoa comunicando a decisão do seu pai de não subsidiar o número 3 da revista “Orpheu”:

“Lord que eu fui de Escócias doutra vida
Hoje arrasta por esta a sua decadência,
Sem brilho e equipagens.
Milord reduzido a viver de imagens,
Pára às montras de jóias de opulência
Num desejo brumoso --- em dúvida iludida...
( - Por isso a minha raiva mal contida,
-Por isso a minha eterna impaciência.)

Olha as Praças, rodeia-as...
Quem sabe se ele outrora
Teve Praças, como esta, e palácios e colunas -

Longas terras, quintas cheias,
Iates pelo mar fora,
Montanhas e lagos, florestas e dunas...

(- Por isso a sensação em mim fincada há tanto
Dum grande património algures haver perdido;
Por isso o meu desejo astral de luxo desmedido -
E a Cor na minha Obra o que ficou do encanto...)”

Agravam-se, por esta altura, as suas crises cíclicas de depressões (aumentadas pelas dificuldades económicas) e em 1916, numa carta a Fernando Pessoa, anuncia a sua intenção de suicídio, o qual viria a suceder a 26 de Abril de 1916, num Hotel de Nice, com vários frascos de estricnina.

Apenas com vinte e seis anos, extravagante tanto na morte como em vida, (de que o poema Fim é um dos mais belos exemplos), convidou para presenciar e testemunhar a sua agonia o seu amigo José de Araújo, que viria a descrever o seu suicídio.

Deixa a Fernando Pessoa a indicação de publicar a obra que dele houvesse, onde, quando e como melhor lhe parecesse.


“Sá-Carneiro não teve biografia: teve só génio. O que disse foi o que viveu." Estas palavras de Fernando Pessoa resumem na perfeição a vida de um grande poeta que escolheu a morte na Primavera da sua vida.

Segue-se um vídeo em que o grupo português “Trovante” interpreta o poema Fim, escrito por Mário de Sá Carneiro em Paris, em 1916.

Fim

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.



Autores do post: Argos e Tétis