sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Recordando...

Para os mais“velhotes” e saudosistas vamos hoje recordar “A Whiter Shade of Pale”, a canção que imortalizou o grupo britânico Procol Harum.

Canção de estreia dos Procol Harum fixa-se, em 1967, no top inglês sendo rapidamente difundida para toda a Europa e tornando-se um clássico dos anos 70.
Em 2009 é considerado um dos temas mais ouvidos em todo o mundo ocidental com um número superior a 900 versões gravadas por diversos artistas.


A Whiter Shade of Pale

We skipped the light fandango
Turned cartwheels 'cross the floor
I was feeling kind a seasick
But the crowd called out for more
The room was humming harder
As the ceiling flew away
When we called out for another drink
And the waiter brought a tray

And so it was that later
As the miller told his tale
That her face, at first just ghostly,
Turned a whiter shade of pale

She said,"There is no reason
And the truth is plain to see."
But I wandered through my playing cards
And they would not let her be
One of sixteen vestal virgins
Who were leaving for the coast
And although my eyes were open wide
They migh thave just as well been closed

And so it was that later
As the miller told his tale
That her face, at first just ghostly,
Turned a whiter shade of pale
She said,"I'm here on a shore leave,"
Though we were miles at sea.
I pointed out this detail
And forced her to agree,
Saying,"You must be the mermaid
Who took King Neptune for a ride."
And she smiled at me so sweetly
That my anger straightway died.

And so it was that later
As the miller told his tale
That her face, at first just ghostly,
Turned a whiter shade of pale

If music be the food of love
Then laughter is it's queen
And like wise if behind is in front
Then dirt in truth is clean
My mouth by then like cardboard
Seemed to slip straight through my head
So we crash-dived straightway quickly
And attacked the ocean bed
And so it was that later
As the miller told his tale
That her face, at first just ghostly,
Turned a whiter shade of pale



No 1º vídeo podem ver-se os Procol Harum em 1967, no ano de lançamento desta canção. O 2º mostra o grupo trinta e seis anos mais tarde, em 2003, quando da sua actuação em Londres no final de uma “tournée” mundial.



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tédio


Tédio Tenho as recordações d'um velho milenário!

Um grande contador, um prodigioso armário,
Cheiinho, a abarrotar, de cartas memoriais,
Bilhetinhos de amor, recibos, madrigais,
Mais segredos não tem do que eu na mente abrigo.
Meu cer'bro faz lembrar descomunal jazigo;
Nem a vala comum encerra tanto morto!

— Eu sou um cemitério estranho, sem conforto,
Onde vermes aos mil — remorsos doloridos,
Atacam de pref'rência os meus mortos queridos.
Eu sou um toucador, com rosas desbotadas,
Onde jazem no chão as modas despresadas,
E onde, sós, tristemente, os quadros de Boucher
Fuem o doce olor d'um frasco de Gellé.

Nada pode igualar os dias tormentosos
Em que, sob a pressão de invernos rigorosos,
O Tédio, fruto inf'liz da incuriosidade,
Alcança as proporções da Imortalidade.

— Desde hoje, não és mais, ó matéria vivente,
Do que granito envolto em terror inconsciente.
A emergir d'um Saarah movediço, brumoso!
Velha esfinge que dorme um sono misterioso,
Esquecida, ignorada, e cuja face fria
Só brilha quando o Sol dá a boa-noite ao dia!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

sábado, 22 de outubro de 2011

Os Poetas do Parque

Vitorino Nemésio (1901-1978)
Parte 2

De regresso a “Os Poetas do Parque” para mais um passeio com Vitorino Nemésio
pelo Parque dos Poetas. Hoje iremos falar um pouco da sua tão variada e vasta obra, com destaque para a obra poética.

A OBRA



Nemésio foi ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo e ainda historiador. Na
sua obra levou a cabo uma transformação das tendências da Presença (que de
certa forma precedeu), garantindo a perenidade dos seus textos.

Fortemente marcado pelas suas raízes insulares, é a
vida açoriana e as recordações da sua
infância que percorrem toda a obra do escritor. Há nela como que uma espécie de
apelo que nos é revelado pela ternura da sua inspiração po
pular, pela presença das
coisas simples e das gentes e por uma profunda compreensão, em relação à
existência e ao sofrimento implícito na vida humana.
POESIA
Escritor de expressão poligráfica, Vitorino Nemésio é o poeta da açorianidade que, simultaneamente atraído pelos grandes temas universais, permanece dividido entre a memória da infância (que pretende recuperar intacta) e as graves reflexões da maturidade.
Nemésio procura renovar as formas da criação poética ao explorar a linguagem nas suas capacidades metafóricas e imagéticas.
Dada a vastidão da sua obra poética, apenas destacaremos alguns títulos tentando ilustrá-los com excertos dos seus poemas.


CANTO MATINAL (1916)
É o seu primeiro livro de poesia, uma colectânea de poesias juvenis publicada em 1916 (Vitorino Nemésio tinha 14 anos e meio quando da sua publicação). Este livro resulta da sua permanência na Horta, facto que marcou profundamente o escritor então adolescente.


À lua
Ó lua, ó lua de arminho
Que andas no céu a voar,
Guarda-me aí um cantinho
Onde eu habite a sonhar!
[…]
Ó Lua dá-me um cantinho,
Um cantinho de Luar
Onde eu habite e, mansinho,
Cante orações a chorar!
Dá-me beijos e abraços
Que digam todos Amor
E deixa-me ir p’los Espaço
Oscular o teu palor.
NAVE ETÉREA (1922)
Este foi o livro inaugural de Vitorino Nemésio publicado no Continente (em Coimbra), pela Imprensa Académica em 1922. Trata-se de um longo poema, de 380 versos, escrito entre os dias 23 e 25 de Julho de 1922 (“Em Memória do Descobrimento do Caminho Celeste para o Brasil”, ou seja, da 1ª. Viagem Aérea de Lisboa ao Rio de Janeiro, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral).

Numa manhã de névoa – sonho incerto
Como a raça a si mesma prometera
Veio subindo a sombra do encoberto, Que na areia longínqua do deserto
Para dobrada glória se escondera.
[...]
Olha os que a vida escorraçou e teve
Em secular soturna escravidão;
Vê como deus é grande e a asa é leve...
Vê quanta dor se passa, e quanto pão
Se nega, e quanto frio e quanta neve
Não tem gasalho nem calor de verão.
E à chama deste dia de quentura
Para todos os peitos e lareiras:
Pátria, divide a terra e a alma pura! [...]
Pátria, ao liberto e eterno coração.


LA VOYELLE PROMISE (1935)
Em La Voyelle Promise, obra publicada em francês em 1935, Nemésio preocupa-se com a remodelação da sua poesia. Muitos dos poemas desta colectânea transformaram-se numa metalinguagem. É o caso de “Credo”, “De l’impuissance poétique”, “Art Poétique” onde se revela um esforço de modernidade.
Art poétique
L’imprécision caresse d’or,
Fuit mês doigts trop grossiers
Et, sur les dalles, mês pieds
Refoulent tout le décor
Si je chante,
C’est que la voix impérieuse
Et ma race impériale
Désignent de son cri et de son doigt d’épouvante
Le chemin inégal
A cette poésie immensément malheureuse,
Involontaire et brutale.
[…]
Allons, allons, à l’assaut de la vie,
Tous couronnés de vent,
Contre ce lâche mot Beauté, Beauté, hallali!
Sous nos cuisses de fer hennissent les chevaux
Vers une autre Poésie
Qui se dévêt en avant.
O BICHO HARMONIOSO (1938)

A Concha
A minha casa é concha. Como os bichos,
Segreguei-a de mim com paciência :
Fachada de marés, a sonho e lixos ;
O horta e os muros – só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
E telhados de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera – oh bronze falso!
Lareira aberta ao vento, as salas frias.
A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.


EU, COMOVIDO A OESTE (1940)
Eu, Comovido a Oeste
Quando eu morrer, a terra aberta
Me beba de um trago
E esqueça.
Aos deuses minha oferta
É levar o que trago:
Eu, dos pés à cabeça.
Assim, com ervas altas
Acabam os que começam.
Que Deus nos perdoe as faltas!
Dizem: "A terra que nos come":
Eu digo: "A que nos bebe" - e basta.
Somos só água que se some:
Choveu - e fomos
Na vida gasta.

FESTA REDONDA, Décimas e Cantigas de Terreiro Oferecidas ao Povo da Ilha Terceira (1950)
Festa Redonda é o livro do poeta extasiado com a substância telúrica da sua terra natal. A força dos poemas coligidos nesta obra provém da literatura de transmissão oral, metamorfoseada em poesia individual e original pelo punho de um poeta que, na singeleza aristocrática do seu espírito criador, constrói a sua própria diversidade.
Não quero rir, que me cansa,
Nem chorar, que me faz pena:
Quero ter a alma limpa
Como quando era criança.

"Olhos pretos”, diz a moda:
Eu sei lá de que cores são!
São azuis se olhas para o mar;
Negros, se os poisas no chão.

Namorei-te pelos Bodos,
Deste uma fala a meu pai,
Casámos pelo SãNunca…
Oh meu Deus, onde isso vai.


NEM TODA A NOITE A VIDA (1953)
Livro de poemas publicado em 1953 onde está bem patente toda a poética universalizante e de significação insular de Vitorino Nemésio.
SILÊNCIO
Silêncio é peso de Deus
levantar a voz começa
A pôr um homem sozinho
Como o Morto numa essa
Só o poeta, calado
É como a espada dura
E o juízo formado.
Sua mão, no joelho,
Dá a medida pura
De um sonho muito velho.
Não dizer nada!
Ter fato de lã
E a mão nele, apanhada
A maçã
Da promessa...
Mão do meu tio antigo
Era essa, era essa
Que não trago comigo!

O PÃO E A CULPA (1955)
Eira
“Dar poesia sem rosas é custoso.
Quem aceita uma pedra por emblema?
Do chão calcado em que repouso
Juntos me vêm o pão e o poema.
Assim, espiga e sossego
Se debulham ao sol do mesmo dia.
Árido peito cego,
Que és eira, e eu não o sabia!”

O VERBO E A MORTE (1959)
Nomeio o mundo
Com medo de o perder nomeio o mundo,
Seus quantos e qualidades, seus objectos
E assim durmo sonoro no profundo
Poço de astros anónimos e quietos
Nomeei as coisas e fiquei contente
Prendi a frase ao texto do universo
Quem escuta ao meu peito ainda lá sente
Em cada pausa e pulsação, um verso

POESIA (1935-1940), publicado em 1961
Colectânea com os poemas escritos entre 1935 e 1940

O CAVALO ENCANTADO (1963)
Regresso
Ao coronel Sacadura Cavalo e cavaleiro o vento adornam Com uma pata e uma pluma; À tarde unidos tornam, Um estame de sangue numa rosa de espuma. Tanta pressa, para coisa nenhuma.


ANDAMENTO HOLANDÊS E POEMAS GRAVES (1964)
De Rembrandt a Van Gogh a tinta és tu
Em rosa de bateira e sol de vinho.
O tempo fez-se-me fome,
Mas levantas os braços-e é o moinho.
Como a corça na Haia plo rebento
E a ponte levadiça,
Vais em maneira, amor e movimento,
Vela da tarde, dique do meu sangue:
Afinal só um pouco de mulher
Que a palavra detém e águas cultivam.
[…]
Eu ceifava a manhã nos teus cabelos,
Contava-os um a um, canal abaixo,
E, deitado nos verbos que te evocam,
Feliz com um pintor que vende pouco,
Era holandês por ti...
Que, bem pensando,
O que eu cá sou, céus de Van Gogh, é louco!

ODE AO RIO, ABC DO RIO DE JANEIRO (1965)
Dedicado a Cecília Meireles e a outros seus amigos brasileiros, este livro é um conjunto de várias partes, formando 16 poemas dentro do poema, composto de 667 versos. Refere-se aos poemas épicos de Virgilio e de Camões, aos bairros de Botafogo e Copacabana, a acidentes geográficos, e a figuras históricas que constituíram a cidade.

VESPERAIS (1916-1918), publicado em 1966
Opúsculo comemorativo do cinquentenário da publicação do primeiro livro de Nemésio, Canto Matinal, é constituído por apenas dois sonetos: “Ti’ Cidade” e “Ano Bom”.

CANTO DE VÉSPERA (1966)
A Árvore do silêncio

Se a nossa voz crescesse, onde era a árvore?
Em que pontas, a corola do silêncio?
Coração já cansado, és a raiz:
Uma ave te passe a outro país.
Coisas de terra são palavra.
Semeia o que calou.
o faz sentido quem lavra
Se o não colhe do que amou.
Assim, sílaba e folha, porque não
Num só ramo levá-las
com a graça e o redondo de uma mão?
(Tu não te calas? Tu não te calas?!)

VIOLÃO DO MORRO (...) Seguido de Nove Romances da Bahia (1968)

Publicado em 1968, “Violão do Morro” inclui, além de vários poemas e baladas, “Nove romances da Bahia”. Principia pela farsa do cais Mauá, uma peça cómica onde a imagem do Rio de Janeiro é vista como uma ligação entre Portugal e os portugueses.

LIMITE DE IDADE (1972)
Requiescat

Direi, pela noite, não ódio que tivesse
Nem detestar vida corpórea e ninhos de manha,
Mas meu alto cansaço, a tristeza de lá
Onde se sente o aqui traído, a falsa entranha.
Direi - não "fora!" ao mundo que me cinge
(Outro onde o sei e como chegaria?),
Mas dos anos de ver, pensar durando
Retiro uma moeda de nada,
Fruto do meu suor, e pago o pão que se me deve,
Compro o silêncio que se me deve
Por ter cumprido a palavra,
Trabalhado nas palavras,
E por elas merecido a terra leve.

POEMAS BRASILEIROS (1972)
Romance do emigrante
Os meus olhos emigraram
Na barca Flor das Marés,
Minha Mãe ficou chorando,
Meu Pai, de pobre, morreu;
Lá no varejo da Rampa
Aquele moleque sou eu.
[…]
E em verso eu cate o piolho de oiro
Que de saudade se nutria!
Faz cafuné na minha cabeça,
Minha Bahia!
Faz cafuné!
Que bom que foi meu tio José!

SAPATEIA AÇORIANA (1976)
A caminho do Corvo
A minha vida está velha
Mas eu sou novo até aos dentes.
Bendito seja o deus do encontro,
O mar que nos criou
Na sede da verdade,
A moça que o Canal tocou com seus fantasmas
E se deu de repente a mim como uma mãe,
Pois fica-se sabendo
Que da espuma do mar sai gente e amor também.
Bendita a Milha, o espaço ardente,
E a mão cerrada Contra a vida esmagada.
Abençoemos o impossível
E que o silêncio bem ouvido
Seja por mim no amor de alguém.

FICÇÃO

- Paço do Milhafre (contos), Coimbra, 1924 (reel
aborado e publicado sob o título de O Mistério de paço do Milhafre, em 1949)
- Varanda de Pilatos, 1926 - A casa Fechada (novelas), 1937
- Mau Tempo no Canal, 1944. Romance galardoado com o Prémio Ricardo Malheiros

BIOGRAFIA, ENSAIO e CRÍTICA

- "Sob os Signos de agora Temas Portugueses e
Brasileiros". Coimbra, 1932
- "A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio (1810 1832)". Lisboa,1934
- "Isabel Aragão, Rainha Santa", Coimbra, 1936 - "Relações Francesas do Romantismo Português". Coimbra, 1936
- "Études Portugais Gil Vicente. Herculano. Antero de Quental, le Symbolisme". Lisboa, 1938
- "Gil Vicente, Floresta de Enganos". Lisboa, 1941
- "Vida de Bocage". Lisboa, 1943 - "Moniz Barreto Ensaios de Crítica". Lisboa, 1944 - "Pequena Antologia da Poesia Brasileira nos Séculos XVII e XVIII". Coimbra, 1944
- "Ondas Médias Biografia e Literatura". Lisboa, 1945
- "Perfil de Adolfo Coelho". Lisboa. 1948
- "Destino de Gomes Leal Poesias Escolhidas". Lisboa, 1952
- "Portugal e o Brasil no Processo da História Universal". Rio de Janeiro, 1952
- "Perfil do Prof. Sousa Júnior". Porto, 1953
- "O Campo de São Paulo A Companhia de Jesus e o Plano Português do Brasil (1528 1563)". Lisboa, 1954
- "Vida e Obra do Infante D. Henrique". Lisboa, 1959
- "Problemas Universitários Luso Brasileiros". Lisboa, 1955
- "Conhecimento da Poesia". Bahia, 1958, e Lisboa, 1970
- "Almirantado e Portos de Quatrocentos". Lisboa, 1961
- "Romance, Existência e Visão do Mundo". Lisboa, 1964
- "Elogio Histórico de Júlio Dantas". Lisboa, 1965
- "La Génération Portugaise de 1870". Paris, 1971
- "Quase Que os Vi Viver", Lisboa, 1985

CRÓNICA e VIAGENS

- "O Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos", 1954
- "Corsário das Ilhas Notas de Viagens às Ilhas dos Açores". Lisboa, 1956
- "O Retrato do Semeador", 1958
- "Viagens ao Pé da Porta". Lisboa, 1965
- "Caatinga e Terra Caída Viagens no Nordeste e no Amazonas". Lisboa, 1968
- "Jornal do Observador", (1974)
- "Era do Átomo Crise do Homem". Lisboa, 1976

TEATRO

- "Amor de nunca mais”, Angra do Heroísmo, 1920

TRADUÇÕES

Traduziu, entre outras obras, a "História da Arte", de Henri Faure, e "O Que É Vivo e o Que É Morto na Filosofia de Hegel", de Benedetto Croce.

Ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo e ainda historiador, Nemésio foi fortemente marcado pelas suas raízes insulares, a vida açoriana e as recordações da sua infância, características estas que percorrem toda a sua obra numa espécie de apelo, revelado pela ternura da sua inspiração popular, pela presença das coisas simples e das gentes, e por uma profunda compreensão, em relação à existência e ao sofrimento implícito na vida humana.

Por outro lado, a sua obra poética e ensaística revela também o conhecimento e a assimilação de pensadores e poetas da vanguarda internacional, como Heidegger, Rilke ou Valéry, com reflexos na exploração da linguagem nas suas capacidades metafóricas e imagéticas, procurando renovar as formas de criação poética.
Aliando uma vasta erudição à capacidade de intuir imagens de grande intensidade poética, foi um dos grandes escritores portugueses do século XX cujas obras se encontram traduzidas em italiano, francês, inglês e alemão, entre outras línguas.


Autores: Argos e Tétis

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Shy’m con un tango del siglo 21

“Espectacular, fantástico y maravilloso tango del siglo 21, protagonizado por Shy’m con un profesional de la danza en el programa del sábado pasado en la tv TF1 (Danse avec les Stars)




“Por eso lo quiero compartir contigo.




Shy’m, su verdadero nombre Tamara Marthe, es una cantante francesa de RnB, nacida el 28 de Noviembre de 1985.




“Te recomiendo ver el video que sigue aquí abajo, pincha en este enlace”:




http://videos.tf1.fr/danse-avec-les-stars/shy-m-et-maxime-dansent-un-tango-sur-perhaps-perhaps-prime-2-6766622.html





Veas aquí su último trabajo de su álbum (Prendre l’air)


Música “Tourne “con el video correspondiente.




domingo, 16 de outubro de 2011

Breve tratado sobre a Galáxia Amicitate (revisto e aumentado)

As galáxias são gigantescas formações de estrelas, gases e poeiras, mantidas juntas pela força da gravidade, que giram em volta dum ponto central. No Universo existem biliões delas e cada uma pode hospedar de 1 a 100 000 biliões de estrelas. As galáxias podem ter diferentes formas: Elíptica, espiral, espiral barrada, lenticular, anã, irregular.
É sobre um “híbrido” de galáxia anã com galáxia irregular, descoberto por mim, que vou dissertar.

Galáxia Amicitate

Pequeno “satélite” de uma galáxia major, gravitando num dos seus braços em espiral.

Tem características de Galáxia Anã:
- Pequena.
- Compacta.
- Gravita em torno de uma galáxia maior.

E características de uma Galáxia Irregular:
- Não possui forma definida.
- Forma e colorações bizarras, surrealistas.
- Rica em poeiras.

Esta pequena galáxia gravita num braço distante de uma grande galáxia chamada Societate.
Está tão longe do centro gravitacional da maior, que corre o risco de deixar de sentir as forças de atracção, transformando-se numa galáxia errante (o que pode causar a sua auto destruição).
Tem uma forma distorcida e bizarra, devido ás suas próprias forças gravitacionais que até agora não conseguiram formar um padrão giroscópico. Da minha observação concluo que ainda continua em “luta”com forças intrínsecas e com outros campos de energia alheios, bem mais fortes que os seus.
A coloração é surrealista, produto da libertação de energia contínua, tentativa de um equilíbrio até agora precário.
É rica em poeiras e substâncias gasosas dispersas, restos de matéria que eu apelidei de "somniu", "chimaera" e "futuru destruere".
Há provavelmente um poderoso buraco negro no centro desta pequena galáxia que (contrariamente aos outros buracos negros do universo que sugam tudo) só sorve restos de matéria do tipo "deceptione", "mentita " e "rabia". É provavelmente esta característica única que mantém a galáxia mais ou menos intacta.
Nesta galáxia sui generis, existem alguns planetas (muito poucos) com rotas também muito irregulares (ás vezes afastando-se quase até aos limites físicos) e algumas estrelas (ainda em menor número).
Destas últimas destaco três que por serem tão importantes e raras as “baptizei” com os nomes de:

Pater – Estrela super gigante, do tipo O, extremamente luminosa e quente.

Matre – Estrela hiper gigante da classe w, extremamente quente e luminosa.
O seu calor é tanto que consegue manter uma temperatura amena em toda a galáxia.

Germanu – Uma estrela ainda muito nova, mas já com um brilho intenso, o que parece indicar que se trata de uma estrela super gigante azul.

Para além destas três estrelas grandes e solitárias existem ainda duas constelações:

Parente – uma miríade de estrelas de diversos tamanhos e luminosidade que formam a figura de um "circulu".

Rete – um grupo de cinco estrelas:
Duas delas anãs brancas; uma muito inconstante em vias de se transformar em super nova e duas estáveis e duradouras, unidas numa figura similar a um "Pharu".

Depois de vários anos de observação, constatei que uma das anãs brancas se transformou em buraco negro e que as estrelas “Pharu”, contrariando alguns princípios da astrofísica, se afastaram do grupo “Rete”e estão agora mais unidas e brilhantes, mantendo a órbita da “Galáxia Amicitate” um pouco menos instável.
Devo acrescentar que recentemente “descobri” uma rara estrela azul, que irradia uma temperatura susceptível de interferir com a matéria absorvida pelo buraco negro da “galáxia Amicitate” e que baptizei de Alpha T.
Tenho notado também a presença de um outro corpo celeste de inconstante e espectacular aparição. Ainda em fase de estudo quanto à sua verdadeira natureza, composição e origem, esse fantasma do cosmos já tem nome: Cometa “M2”.

Nota final

Esta galáxia só pode ser vista através do telescópio Fidelitate em noites de "cauma confidentia".



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Homenageando dois grandes amigos


Este é um post que há muito aqui queria colocar mas o seu carácter um tanto pessoal e o tema de que trata, que possivelmente não terá grande interesse para a maioria dos amigos que passam pelo Farol, foram os motivos que me levaram a adiar este meu desejo. Mas, as duas pessoas a quem ele se dirige e os fortes laços de Amizade que a elas me unem falaram mais alto e deram-me coragem para agora o publicar. Creio que "este" é o momento certo!...

Como já devem ter deduzido, este será um post muito especial e um tanto original, já que pretende ser uma homenagem aos meus dois grande amigos e companheiros “faroleiros”, Argos e Poseidón.

Na vida, assim como no Amor e na Amizade, nem tudo é sempre um “mar de rosas”!... Há momentos bons, maravilhosos e outros menos bons… mas o respeito, a aceitação das nossas diferenças (que, diga-se em boa verdade, são grandes!...), a dedicação, o carinho, e acima de tudo a grande Amizade que nos une, superou e sempre venceu contratempos e “obstáculos” que algumas vezes se atravessaram “no nosso caminho”.

A luz que o nosso Farol irradia não é mais do que essa Amizade que nos liga, nos suporta e nos conduz sempre a bom porto, que não nos deixa vacilar nem recuar ou desistir quando os ventos não estão a nosso favor ou quando uma tempestade se aproxima.

O selinho que se encontra no início do post simboliza e perpetuará a Amizade que me une a Poseidón e a Argos, ligações estas iniciadas há já mais de 5 anos (como o tempo corre!...).

O vídeo que se encontra no fim do post, mais precisamente a canção que nele se pode escutar, foi a chave que um feliz acaso fez com que viesse parar às minhas mãos e com ela abrisse a porta que me permitiu encontrar e conhecer os meus dois grandes amigos.

Obrigada Argos e Poseidón por caminharem a meu lado, por serem como são e por me dedicarem toda a vossa compreensão, carinho e Amizade.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Hacia lo salvaje..


Hoy me gusta compartir contigo esta buena música y maravilloso video de AMARAL.

Amaral es un grupo musical de pop rock de Zaragoza (España) formado por Eva Amaral y Juan Aguirre.

Componen sus músicas y escriben sus letras a mi me encantan, tienen mucha sensibilidad y imaginación.

Bravo AMARAL!

Ella fue la primera
De sus hermanas en huir
De la casa que la vio nacer
Hacia lo salvaje.

Cada día era un regalo,
Libre de sol a sol.

La montaña fue su salvación
Y entre las fieras se crió.

Y en los árboles escucha
Voces de tiempos remotos,
Ha elegido caminar
Hacia lo salvaje...

No tenéis ni idea
De lo alto que puedo volar.
Sentenció con un portazo
Y no la vieron nunca más.


Cada golpe que le dieron
Era una cuenta atrás.
Y ahora corre hacia el bosque,
Su fortaleza, su nuevo hogar.

Y en los árboles escucha
Voces de tiempos remotos,
Ha elegido caminar
Hacia lo salvaje.

Ha elegido caminar,
Ha elegido caminar,
Hacia lo salvaje.

Ha elegido caminar,
Ha elegido caminar,
Hacia lo salvaje,
Hacia lo salvaje,
Hacia lo salvaje,
Hacia lo salvaje.

Letra de Amaral

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Eugénia Melo e Castro e Ney Matogrosso



Na série "Duetos musicais" vamos ter mais duas vozes da Lusofonia: Eugénia Melo e Castro e Ney Matogrosso

Eugénia Melo e Castro é uma cantora e compositora portuguesa.

Dos pais, “Geninha” (como é conhecida pelos amigos), recebeu a veia artística, a informação literária e a sensibilidade para o “jazz”. Através do avô, compositor, tomou contacto com a música clássica.

A sua formação musical teve por base o canto, o piano, o violino e a guitarra clássica. Frequentou a London Film School onde cursou Cinema e Fotografia. Em Lisboa, na Escola António Arroio, concluiu o curso de Artes Gráficas.

Em 1977 inicia a sua trajectória cultural, como actriz de teatro, no grupo de teatro “Ânima” (que fundou e onde desenvolveu trabalhos de poesia experimental encenada). Entre 1977 e 1978 actua na companhia teatral “A Barraca”.
No cinema estreia-se em 1978, tendo participado em filmes de Joaquim Leitão e Djalma Limonge Batista.
Foi na televisão, autora e produtora musical, compositora e apresentadora. Em 1980 apresentou a série “Quadrados e QUadradinhos” e produziu a música para 8 bandas sonoras de filmes de animação da série da RTP “Ouriço Cacheiro”.

A sua paixão pela Música Popular Brasileira, que adquiriu ainda adolescente, viria a ser decisiva na relação forte que mantém com o Brasil. A "ponte" foi estabelecida em 1980, através de Wagner Tiso que conheceu em Lisboa por ocasião de uma série de espectáculos de Milton Nascimento em Portugal.

É a partir da década de 1980 que começa a parceria autoral e vocal com alguns dos mais consagrados artistas brasileiros, como Tom Jobim, Chico Buarque, Simone, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, entre muitos outros.

Em 1998, depois de várias jornadas musicais, projectos, shows e lançamentos de discos, Eugénia concebe o programa televisivo Atlântico, criado e produzido em Lisboa, com o qual pretende levar a sua bagagem cultural aos artistas brasileiros e portugueses. O programa, que passa a ser transmitido pela RTP , em Portugal e a TV Cultura, no Brasil tem como ideia principal a união de cantores e compositores das duas nações. É a própria Eugénia quem o apresenta, contando com a parceria de Nelson Motta.

Com todos os seus trabalhos disseminados e integralmente lançados quer em Portugal quer no Brasil, Eugénia de Melo e Castro conquista em 2007 o prémio “Qualidade Brasil” pela totalidade da sua obra musical. E, em 2008, o seu famoso programa televisivo Atlântico foi considerado um dos 50 melhores programas de sempre de televisão em Portugal.



Ney Matogrosso é um cantor, director, iluminador e actor brasileiro.

Ney de Sousa Pereira, o seu nome verdadeiro, é hoje considerado um dos maiores intérpretes do Brasil, tendo adoptado o nome artístico Ney Matogrosso somente em 1971, quando foi para São Paulo.

Com uma infância e uma adolescência marcadas pela solidão, Ney desde cedo demonstrou vocação artística. Apesar de pintar de gostar de teatro tendo chegado a interpretar e de esporadicamente cantar, acabou por entrar na Aeronáutica e mais tarde ir trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Brasília.

Em 1966 foi para o Rio de Janeiro onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro e adoptou completamente a filosofia de vida hippie. É neste período que passa a fazer parte dos Secos & Molhados.
Com a dissolução do grupo, inicia carreira a solo tendo com a gravação de “Bandido” visto finalmente reconhecida a sua carreira como solista.

Apresentou-se, em seguida, no Rio e em São Paulo, singularizando-se no cenário artístico pela sua voz aguda e pelas performances em palco onde se apresentava maquilhado e fantasiado. Todas as faixas etárias passaram a aplaudi-lo de pé, tendo-se consagrado como o maior “showman” brasileiro.

“Bandido” é considerado o seu show mais ousado. Várias vezes ameaçado pelo regime militar da época, Ney escandalizava todo o Brasil na década de 80. São desse período alguns dos seus maiores sucessos: "Homem com H", "Vida, Vida", "Pro dia nascer Feliz", "Vereda Tropical", "Amor Objeto", "Seu tipo", "Por debaixo dos panos", "Promessas demais", entre outros.

Na actualidade, após mais de 35 anos de carreira, Ney não esconde mais a cara e apresenta-se em palco com poucas ou mesmo nenhumas pinturas e fantasias. A sua imagem é hoje mais segura, doce, séria e suave, a de um grande "Pescador de Pérolas" (o LP que marcou o início da sua nova fase) da música brasileira.

Ney Matogrosso influenciou toda uma geração de artistas, sendo considerado um dos principais precursores da androginia enquanto estética de arte, ao apresentar coreografias erotizantes onde expõe a sua masculinidade como um contraponto à ousadia nos tempos difíceis.


A Dança da Lua”, dueto de Eugénia Melo e Castro e Ney Matogrossso, foi o tema mais ouvido na rádio portuguesa no ano de 1983 e faz parte do album “Águas de todo o ano”, gravado no Rio de Janeiro.
A Dança da Lua
Quando eu olhei para o céu
Só vi a primeira estrela
Que cintilou no olhar
Da minha companheira

Dentro da escuridão
Procuro a noite inteira
Onde você está
Ó lua feiticeira

Lunera ó luna lunera
Luna
Lua feiticeira
Ai de quem de mim te escondeu
Lua luar
Lua luar
Dona sol
Renasce e vem dançar

Era tamanho o breu
Nem dava pra ver a estrada
Quando eu peguei na mão
Da minha namorada

Tiro do meu chapéu
Por conta da minha sina
Teu luminoso véu
Ó lua dançarina