Parte 2
Considerado o expoente máximo do Simbolismo português, Camilo Pessanha escreveu poemas e sonetos de grande qualidade rítmica e formal, tendo-se revelado essencial no panorama da poesia portuguesa. Cesário Verde e Eugénio de Andrade encontraram nele um mestre, enquanto que Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro foram também, como já anteriormente se disse, fortemente influenciados pela sua poesia (estes quatro autores aqui citados encontram-se representados no Parque dos Poetas).
As principais obras editadas de Camilo Pessanha são “Clepsydra”, publicada pela primeira vez em 1920 e “China”, em 1944. Este último reúne um conjunto de estudos e ensaios sobre a civilização, literatura e cultura chinesas, pelas quais o autor se apaixonou quando da sua longa estadia em Macau.
“Clepsydra” (donde se tiraram os poemas que aqui se apresentam e no post anterior) é considerado um dos melhores livros da poesia portuguesa. É uma colectânea que reúne poemas e trabalhos do poeta que se encontravam dispersos por jornais e revistas.
O desacordo, a ambiguidade, a oposição são constantes ao longo da “Clepsydra” que, segundo os estudiosos, tem quatro grandes temas: a Dor, a Solidão, a Morte, a Transitoriedade e a Fuga para o Nada. A par destes temas, característicos do Simbolismo, encontram-se as imagens visuais que sugerem cor e as auditivas que nos lembram sons e melodias.
O próprio título escolhido por Camilo Pessanha para esta colectânea – “Clepsydra” – é ele mesmo uma prova desse Simbolismo que caracteriza toda a sua poesia, uma vez que simboliza o tempo, o conflito entre o passado e o futuro, a fragilidade da vida e da condição humana, o fluir inexorável do tempo. A efemeridade de tudo, a perda, a inutilidade do que se faz ou vive.
“Clepsydra” (donde se tiraram os poemas que aqui se apresentam e no post anterior) é considerado um dos melhores livros da poesia portuguesa. É uma colectânea que reúne poemas e trabalhos do poeta que se encontravam dispersos por jornais e revistas.
O desacordo, a ambiguidade, a oposição são constantes ao longo da “Clepsydra” que, segundo os estudiosos, tem quatro grandes temas: a Dor, a Solidão, a Morte, a Transitoriedade e a Fuga para o Nada. A par destes temas, característicos do Simbolismo, encontram-se as imagens visuais que sugerem cor e as auditivas que nos lembram sons e melodias.
O próprio título escolhido por Camilo Pessanha para esta colectânea – “Clepsydra” – é ele mesmo uma prova desse Simbolismo que caracteriza toda a sua poesia, uma vez que simboliza o tempo, o conflito entre o passado e o futuro, a fragilidade da vida e da condição humana, o fluir inexorável do tempo. A efemeridade de tudo, a perda, a inutilidade do que se faz ou vive.
INTERROGAÇÃO
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do “Cântico dos cânticos”.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
QUANDO
... E quando, ó Doce Infanta Real,
Nos sorrirás do belveder?
Magra figura de vitral
Por quem nós fomos combater...
Nos sorrirás do belveder?
Magra figura de vitral
Por quem nós fomos combater...
POEMA FINAL
Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas,
-Fulgurações azuis, vermelhos de hemoptise,
Represados clarões, cromáticas vesânias -,
No limbo onde esperais a luz que vos baptize,
As pálpebras cerrai, ansiosas não veleis.
Abortos que pendeis as frontes cor de cidra,
Tão graves de cismar, nos bocais dos museus,
E escutando o correr da água na clepsidra,
Vagamente sorris, resignados e ateus,
Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.
Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite errais, doces almas penando,
E as asas lacerais na aresta dos telhados,
E no vento expirais em um queixume brando,
Adormecei. Não suspireis. Não respireis.
-Fulgurações azuis, vermelhos de hemoptise,
Represados clarões, cromáticas vesânias -,
No limbo onde esperais a luz que vos baptize,
As pálpebras cerrai, ansiosas não veleis.
Abortos que pendeis as frontes cor de cidra,
Tão graves de cismar, nos bocais dos museus,
E escutando o correr da água na clepsidra,
Vagamente sorris, resignados e ateus,
Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.
Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite errais, doces almas penando,
E as asas lacerais na aresta dos telhados,
E no vento expirais em um queixume brando,
Adormecei. Não suspireis. Não respireis.
Es un despliegue de poesía de una riqueza fuera de lo corriente, me han encantado enormemente.
ResponderEliminarHoy a pasado por mi gatera dejando sus huellas en ella.
Las puertas están abiertas de par en par para adentrarse en ellas cuando pueda y desee y sera recibido con los brazos abiertos.
Que siguiera la comunicación mutua eso ya lo dejo en sus manos, la verdad es que me agradaría.
Un abrazo y hasta pronto, espero su nueva visita como muestra de continuidad.
Hoy, desde Almaraz de Tajo (Cáceres), dejo un abrazo enorme a mis amigos de Amizade y sobre todo y especialmente por este lugar a Poseidón. Tú ya sabes ;) Todo fenomenal.
ResponderEliminarOs felicito por acercarnos la literatura de esta forma fantástica.
Besos
Hola a todos los que vienen a visitarnos.
ResponderEliminarUn saludo esta vez muy especial para esta "menina" LUISA que esta en ese pueblo encantador.
Ahhhhhhhh!!!! que me entran ganas enormes de llegar y ver ALMARAZ DEL TAJO......., cuantas cosas lindas yo vivi ahi...
- Los cines del domingo...
- Los sobre sorpresa que compraba el domingo con 1 peseta y en ese sobre estaba el capitan trueno y guerrero del antifaz, las pipas, etc..
- Los partidos de futbol, los campos de por ahi tan lindos , el rio Tajo en donde pescabamos anguilas, etc..
- Los paseos por el monte, recoger esparragos y vender para ganar unas pesetas..
- Las tortolas, las cigueñas, etc..
- Que felicidad y alegrias me dio vivir eso!!!!!!!!!
- Tantas cosas bonitas que hoy me dan y procuran esos recuerdos que son de una grande ayuda para el hombre y padre que soy hoy..
Un saludo y abrazo muy especial para mis tios y primos que viven ahi, asi como a todos los demas habitantes extensible a todos los extremeños.
Y ahora esto, todo esto! lo permite este blog con mis amigos, gracias por todo.
A Tétis, Argos a los poetas del parque y a la musica de ROBERTO CARLOS, que es quien hizo posible reunirme y conocer mis dos grandes y maravillosos amigos de este blog..
Mis amigos parabens por dar a conocer "Os Poetas do Parque"
nb: LUISA me hicistes hablar de todo eso , pero paro ya..
Vuelvo a pensar en mi y soñarlo como un chiquillo.
ABRAZOS
Que buenos poemas muy inspiradores =)
ResponderEliminarVim para conhecer teu blog. Gostei muito daqui.
ResponderEliminarParabens, belissimo, muito bom.
Maurizio
Salvé Tetis
ResponderEliminarGrata pelas palavras,pela amizade. Dei lá uma resposta que servem para outros que passem por lá também - embora já não comente no blog, porque me dava um trabalhão. prefiro quando vejo que se justifica, como aconteceu hoje.
Aquele post foi mesmo uma resposta a algumas pessoas que tentaram meter-me numa confusão mas eu cortei o mal pela raíz, para que não se volte a repetir. e ao mesmo tempo, deixei algo que serve a todos - até a mim,que tento colocar ao mais que consigo e sei, porque me tráz benefícios...tanto assim é que aquilo que por vezes me "irritava" foi banido, como que por magia - porque deixei de dar importância áquilo que normalmente as pessoas pensam de manhã á noite, até rebentarem com os nervos...porque não conseguem parar com aquele pensamento. Eu já não dou essa liberdade...mas o trabalho tem sido intenso. Optei por não sofrer a não ser, quando se justifique em pleno!
Sempre ando bem disposta e quando há algo que me aborrece - e depois de passado o impacto daquilo que vem, a que chamo "efeito surpresa" - mando de imediato tudo á fava - como fiz com a minha vida - comecei tudo de novo aos 49 anos, fez 10 anos em Novembro do ano passado. E é nessa Caminhada, que tenho vindo a aprender e por isso passo a mensagem. Penso ser meu dever para ajudar desinteressadamente as pessoas.
Quanto a este post, os poemas são de uma profundidade e lucidez de visão incríveis. Gosto do autor também.
Deixo um abraço Tetis, e para os outroa meus dois amigos! - Argos e Poseidón.
Com o amor que sei dar..
Sempre..
Mariz
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ResponderEliminarCamilo Peçanha...Maravilhosos versos!
Um poeta, que confesso, ainda não havia lido, mas, vou procurar para ler...Gostei muito!
Beijos de luz!!!
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Canto mais coñezo Portugal, mais me gusta; síntome como se foramos mesmo uns, galegos e portugueses.
ResponderEliminarNon coñecía ao poeta, lindas poesías.
Bikiños
Hermosos versos, gracias.
ResponderEliminarUn beso
¶´´´ Buenas tardes ´´´ ¶
ResponderEliminar¶´Gracias por tu compañia ¶
¶´Cuidemos a los Animales´´¶
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BUEN FIN DE SEMANA PARA VOS, CHRISTIAN....
Nobres colegas,
ResponderEliminarA dúvida (?), o tempo (quando) e o desfecho (poema final), vivemos muito essas três situações. Os poemas os retrataram muito bem.
Um grande abraço
Ola “Gata Coqueta”,
ResponderEliminarFicamos felizes por ter gostado dos poemas.
Obrigado pelas suas simpáticas palavras, pode ter a certeza de mais visitas nossas e claro, esperamos as suas.
Será sempre bem-vinda!
Abraços
Para a Luísa
ResponderEliminarRetribuímos o abraço, desde este “cantinho” situado também… à beira Tejo ( não só)!
As suas visitas trazem-nos muita alegria
Mais um abraço
Olá Alejandro!
ResponderEliminarAinda bem que gostaste dos poemas!
Costumamos passar no teu blog para ler os poemas:São Profundos e fazem pensar, obrigado.
Abraços
Maurizio,
ResponderEliminarObrigado pela sua visita e pelas palavras simpáticas.
Prometemos visitar o seu blog.
Abraço
Mariz,
ResponderEliminarFicamos felizes por ter gostado deste post e dos poemas de Camilo Pessanha que são realmente de uma grande profundidade, lucidez e actualidade.
Obrigado também por este comentário, de onde destaco esta frase:
“Optei por não sofrer a não ser, quando se justifique em pleno!”
Julgo que é uma coisa que todos gostaríamos de alcançar mas ás vezes é bem difícil!
Abraços da Tétis, do Poseidón e do Argos.
Zélia,
ResponderEliminarVai com certeza gostar muito de Camilo Pessanha, depois de o ler, diga o que achou.
Um abraço e obrigado pelos poemas do seu blog!
XoseAntón
ResponderEliminarFicamos “orgulhosos” por gostar de Portugal e do nosso poeta!
Mas nós também gostamos de Espanha e sentimos um carinho especial pela Galiza.
Pessoalmente, da Coruña, para além da Torre de Hércules gosto muito do Castillo de San Antón, tem uma magia especial.
Pegando na sua frase:
“síntome como se foramos mesmo uns, galegos e portugueses.”
digo:
Portugueses e galegos, uma mesma raiz!
Abraços
Olá Lys
ResponderEliminarObrigado, nós. Seja sempre bem-vinda e pela nossa parte prometemos descobrir “donde va la luna”
Abraços
Christian,
ResponderEliminarUm bom fim-de-semana par ti também!
Obrigado pela visita e parabéns pelo teu blog.
Abraço
Amigo Marley,
ResponderEliminarUm óptimo comentário para pensar.
Qual das situações nos preocupa mais?
Um abraço grande