Da minha janela: mar cinzento, espuma branca, vento frio e salgado…
O Homem e o mar
Sempre o mar, homem livre, terás de adorar!
O mar é teu espelho; vês a tua alma
No rolar infinito de uma onda calma,
Tua mente é abismo amargo, como o mar.
Gostas de mergulhar fundo na tua imagem,
Abraçá-la, olho no olho, braço a braço,
E teu coração nem escuta o seu compasso
Ao som de um indomável lamento selvagem.
Sois ambos tenebrosos e também discretos:
Homem, ninguém conhece tuas profundezas;
Mar, ninguém sondou tuas íntimas riquezas,
Tão ciumentos sois e sempre tão secretos!
E, assim mesmo, há séculos incontáveis,
Lutais um contra o outro sem culpa ou piedade,
Tal é o vosso amor à morte, à crueldade,
Lutadores eternos, irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
E como na minha opinião, os poemas devem ser lidos, sempre que possível, na sua língua materna…
L'Homme et la mer
Homme libre, toujours tu chériras la mer!
La mer est ton miroir; tu contemples ton âme
Dans le déroulement infini de sa lame,
Et ton esprit n'est pas un gouffre moins amer.
Tu te plais à plonger au sein de ton image;
Tu l'embrasses des yeux et des bras, et ton coeur
Se distrait quelquefois de sa propre rumeur
Au bruit de cette plainte indomptable et sauvage.
Vous êtes tous les deux ténébreux et discrets:
Homme, nul n'a sondé le fond de tes abîmes;
Ô mer, nul ne connaît tes richesses intimes,
Tant vous êtes jaloux de garder vos secrets!
Et cependant voilà des siècles innombrables
Que vous vous combattez sans pitié ni remords,
Tellement vous aimez le carnage et la mort,
Ô lutteurs éternels, ô frères implacables!
Amigo Argos que poema mas fuerte
ResponderEliminarde Charles Baudelaire.
Adore los versos siguientes por su contenido :
« Vous êtes tous les deux ténébreux et discrets:
Homme, nul n'a sondé le fond de tes abîmes;
Ô mer, nul ne connaît tes richesses intimes,
Tant vous êtes jaloux de garder vos secrets! »
Es verdad el mar guarda sus secretos y los hombres también..
Se debe luchar para poder superar y mantenerse a flote
cosas del mar, sueño de emociones , ilusiones y manifestaciones..
Amigo ARGOS ( aqui pongo la letra de la cancion de Charles Trenet tambien sobre el mar)
La mer
Charles Trenet
La mer
Qu'on voit danser le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie
La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer bergère d'azur
Infinie
Voyez
Près des étangs
Ces grands roseaux mouillés
Voyez
Ces oiseaux blancs
Et ces maisons rouillées
La mer
Les a bercés
Le long des golfes clairs
Et d'une chanson d'amour
La mer
A bercé mon cœur pour la vie
Bravo Argos!...
ResponderEliminarBaudelaire e o mar são a combinação perfeita.
Sabes bem como adoro “Les Fleurs du Mal” e todos os seus poemas, mas este é especial, tem um sabor agridoce a maresia…
Baudelaire, rotulado de “poeta maldito” só porque fugiu ao “convencional”!... “Les Fleurs du Mal”, um livro censurado só porque foi inovador, fugiu aos padrões estabelecidos!...
Não interessa, o importante é que Baudelaire e os lindíssimos poemas de “Les Fleurs du Mal” ficarão para sempre na história da literatura mundial.
E mais uma vez o Mar, esse elemento da natureza que tanto tem povoado o imaginário de artistas, homens de letras, cientistas…
O Mar é mágico, os seus jogos de luz, o seu brilho e reflexos despertam-nos a sensibilidade, seduzem-nos de tal forma que nos levam inconscientemente a mergulhar nos seus segredos e mistérios, muitas das vezes à procura de resposta para as nossas inquietações.
Um grande abraço
Tétis e Poseidón,
ResponderEliminarVocês sabem bem o porquê deste poema.
Gosto do mar bravio e de poemas fortes, com palavras por vezes consideradas “rudes”.
Logo Baudelaire, um dos poetas malditos, tinha que ser a escolha!
Obrigado, Poseidón, pela canção “La Mer”.
Obrigado Tétis pelas tuas palavras, vamos juntar aqui, no nosso blog, os Poetas Malditos e os outros considerados “marginais”?
Abraços
Argos,
ResponderEliminarTotalmente de acordo.
Avança com os "Poetas Malditos" e os "marginais". Ambos têm poemas magníficos.
Um abraço