Sophia de Mello Breyner Andresen

(06-11-1919 / 02-07-2004)

Faz hoje 5 anos que se silenciou a voz da poesia que marcou a literatura portuguesa ao longo de seis décadas.

Sophia de Mello Breyner Andresen, sem dúvida um dos maiores nomes da poesia portuguesa contemporânea, um nome que só por si é sinónimo de Poesia. Sophia é uma Musa da própria Poesia.

A sua linguagem poética, marcadamente mediterrânica na sua tonalidade, denota a pureza e a transparência da palavra, a luminosidade de um mundo onde intelecto e ritmo se harmonizam numa forma melódica e perfeita.

Não querendo entrar demasiado na vida e obra de Sophia Andresen, uma vez que teremos a oportunidade de a acompanhar e com ela e dela falarmos num dos nossos habituais passeios pelo Parque dos Poetas, deixo apenas aqui um seu poema como forma de homenagear e aplaudir as suas ideias de justiça e integridade moral.

Repare-se como a sua poesia se ergue aqui como a voz da liberdade!...


A paz sem vencedor e sem vencidos

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos.

O retrato de Sophia é da autoria de Árpád Szenes (1897-1985), pintor, gravurista, ilustrador, desenhista e professor húngaro, naturalizado francês, cuja trajectória artística ficou profundamente ligada ao mundo latino, devido, em grande parte, ao seu casamento com a pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).