domingo, 29 de abril de 2012

Sabedoria



Nos dias em que nada vale a pena,
E em que as árvores amigas
São iguais e estão vistas,
A vida é tão parada e tão serena
Que afinal já não há que contar mais,
E prevejo, com olhos anormais,
As coisas imprevistas...
Nos dias em que são cinzentos os meus céus
— O de dentro e o de fora —
E é vaga esta noção de um velho Deus,
Que me não manda embora
Deste espectáculo estafado
Em que de cor sei dizer
O que me foi ensaiado
E o que todos vão fazer,
Tenho inveja dos homens convencidos
Que nem sequer sonharam
Que poderia haver paraísos perdidos,
Ainda não decifraram
Esta charada em que andam envolvidos,
E pensam que, vivendo, triunfaram
Da Vida em que os que sonham são vencidos.

Francisco Bugalho, in "Canções de Entre Céu e Terra"
 

18 comentários:

  1. Boa partilha esta.
    Um texto muito poético e deveras pertinente.

    Desconhecia o autor, Francisco Bugalho.

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  2. Olá,Argos!

    Um texto belo e forte!
    Beijos!
    Boa semana!
    *Obrigada pelo carinho!

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  3. Hoy estamos de celebración, La gata coqueta ha cumplido cuatro años de puertas abiertas a la calidez de la amistad y a la ética de los sentimientos.

    ¿Me acompañas?

    El champagne para festejar,
    En grado óptimo te espera
    Y en sus burbujas, la sonrisa puedas reflejar

    La tarta también la termino de recibir,
    Para endulzar
    El camino sin a la dieta cohibir

    Las rosas de la floristería van entrando
    De diferentes colores,
    Para ir reinando, con aromas de coquetería

    Y el piano al fondo ya está interpretando
    “Amigos para siempre”
    Quienes te darán la bienvenida brindando

    ¡¡CHIN CHIN!!

    Y por sorpresa dos regalos;

    *Un abrazo con mucho amor
    *Y ¡Gracias por tu cariño!
    Que te seducirán el corazón

    Un dulce y tierno beso

    María del Carmen


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  4. Argos,

    Pronto, lá começo a questionar-te/me!

    Como?

    Há dias "em que TUDO vale a pena", ou não?
    Não há dias com árvores iguais, apenas e só porque isso não é possível, porque nada é imutável, nem elas nem o Homem.

    Onde fica o sonho? Onde fica a esperança?

    Tu, mas TU, a afirmares, ainda que pela "mão" de Francisco Bugalho, "E pensam que, vivendo, triunfaram
    Da Vida em que os que sonham são vencidos."

    Esse é o meu discurso, não o teu, não quero que esse discurso venha de ti.

    Por favor, mas por favor, desencanto vindo de ti, não!

    Desculpa, escrevi ao sabor da raiva, e não vou remover uma virgula.

    Abraço grande.

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  5. Que belo e forte Poema escolheste para este momento cinzento em
    que nos mergulharam!!!
    Beijo.
    isa.

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  6. Que que belo poema!! Cheio de sabedoria..grande abraço
    Nice

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  7. Amigo Argos

    Lindíssimo e cheio de força este poema dum poeta que até agora desconhecia.

    Sonhar é preciso, é indispensável, imperioso, sem sonho será que há "viver"?

    E, citando o outro poeta "tudo vale a pena se a alma não é pequena"!...

    Um grande abraço

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  8. Argos,
    Le savoir c’est être capable de prendre les bonnes décisions pour le meilleur..
    Très beau poème.

    Abraço

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  9. Olá Miguel,

    Infelizmente Francisco Bugalho é um autor que caiu no esquecimento. Aconselho-te a leres alguns dos seus poemas, vais gostar.

    Abraço

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  10. Olá Vivian,
    De facto este poema é bem forte e gost muito dele, sei que também gostaste.
    Abraço e bom fim-de-semana

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  11. Olá Mariadel Carmen,

    Esperamos ver-te aqui muitos e muitos anos com toda essa energia e alegria.
    Obrigado por partilhares connosco todos esses momentos lindos.

    Abraço grande de toda a equipa do Farol

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  12. Olá Teresa,

    Nada é imutável, mas quando o sonho adormece e congela no ninho da esperança, as árvores são iguais e a vida é tão parada que não é vida.
    Afirmo pela escrita de outros, pela mão de poetas como Francisco Bugalho porque eu já não tenho palavras.
    Porque as palavras magoam.
    Porque as palavras libertam.
    Desencanto e raiva?
    Enquanto tiveres essa noção seguirás em frente.

    Abraço grande

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    Respostas
    1. Olá Argos,

      Por mais que sintas um certo desencanto, por mais "cinzento" que possas estar, o que é facto é que a vida não pára!
      E avança, e leva-te(nos) com ela, e acompanha-te(nos) nesse sobe e desce que faz parte da sua condição.

      As palavras?
      Cada vez me agarro mais às palavras, cada vez as sinto mais como fazendo parte integrante da minha vida.
      Magoam? Por vezes (muitas) sim, mas...
      ... mas libertam, se libertam!

      Abraço grande.

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    2. Olá Argos,

      Por mais que sintas um certo desencanto, por mais "cinzento" que possas estar, o que é facto é que a vida não pára!
      E avança, e leva-te(nos) com ela, e acompanha-te(nos) nesse sobe e desce que faz parte da sua condição.

      As palavras?
      Cada vez me agarro mais às palavras, cada vez as sinto mais como fazendo parte integrante da minha vida.
      Magoam? Por vezes (muitas) sim, mas...
      ... mas libertam, se libertam!

      Abraço grande.

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  13. Olá Isa,

    Que cor podemos misturar com o cinzento para obter azul?

    Abraço grande

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  14. Olá Nice,

    Fico contente por teres gostado da escolha do poema.

    Abraço e bom fim-de-semana

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  15. Olá Tétis,

    E eu pergunto, vivemos porque sonhamos ou sonhamos porque vivemos?
    Outra dúvida, não sei se tudo vale a pena, mesmo com uma alma grande!

    Abraço grande

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  16. Poseidon,

    Grato pela citação aqui deixada.
    Ainda bem que gostaste do poema.

    Abraço

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