Começo a chorar
do que não finjo
porque me enamorei
de caminhos
por onde não fui e
regressei sem nunca
ter partido
para o norte aceso
no arremedo da esperança
Nessas noites
em que de sombra
me disfarceie
incitei os objectos
na procura de outra cor
encorajei-me a um luar
sem pausa e
vencendo o tempo que se fez tarde
disse: o meu corpo começa aqui
e apontei para nada
porque me havia convertido ao sonho
de ser igual
aos que não são nunca iguais.
Faltou-me viver onde estava
mas ensinei-me
a não estar completamente onde estive
e a cidade dormindo em mim
não me viu entrar
na cidade que em mim despertava.
Houve lágrimas que não matei
porque me fiz
de gestos que não prometi
e na noite abrindo-se
como toalha generosa
servi-me do meu desassossego
e assim me acrescentei
aos que sendo toda a gente
não foram nunca como toda a gente
Mia Couto
Meus queridos amigos
ResponderEliminarMaravilhoso poema de Mia Couto, eu adoro.
Beijinhos
Sonhadora
A retomar contacto, depois de longa ausência...foi um prazer encontrar aqui Mia Couto, esse colosso literário...um abraço!
ResponderEliminarlindo momento
ResponderEliminarbjs
Nas horas tardias que a noite desmaia
ResponderEliminarQue rolam na praia mil vagas azuis,
E a lua cercada de pálida chama
Nos mares derrama seu pranto de luz
Fagundes Varela
BOM FDS.....Beijos no coração!!M@ria
Não me negue as flores,
ResponderEliminarpois, tiro delas a minha essência!
seu perfume, é minha inspiração...
seu colorido, é minha alegria...
sua beleza, é minha vida!
Jacira Cardoso
OBS: Leve este mimo que te ofereço com muito carinho.....M@ria
Mia Couto,sempre uma grande Alma sensível.
ResponderEliminarBeijo.
isa.
Son momentos muy lindo, me quedo con tus verso..
ResponderEliminarUn abrazo
Saludos fraternos..
Que tengas un muy bello fin de semana..
Preciosas letras llenas de sentimientos.
ResponderEliminarFeliz tarde de sábado. Besos.
Qué bello poema me encantó leerlo.. buen domingo. Daniel
ResponderEliminarHermoso poema de Mia,siempre es un placer pasar por aquí.
ResponderEliminarBeijinhos para ti de chile y mios
Olá amigo Argos
ResponderEliminarDe novo Mia Couto e os temas da "esperança", da "saudade", do "destino", sempre constantes e tão comuns em todos os escritores da Lusofonia.
Deixo-te com outro poema de Mia de que muito gosto.
Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço.
Um enorme abraço de muita Amizade
Amigo ARGOS,
ResponderEliminaral final somos lo que somos y ocupamos en la vida el lugar que nos corresponde " ya puedes darle vueltas al asunto pero es así!"
TE DEJO ESTA CITA DE Schopenhauer :
"El hombre no es nunca feliz, pero se pasa toda la vida corriendo en pos de algo que cree ha de hacerle feliz. Rara vez alcanza su objetivo, y cuando lo logra solamente consigue verse desilusionado."
un abrazo grande!
Olá Argos,
ResponderEliminarAprecio muito mais o Mia Couto romancista, do que poeta.
De qualquer maneira, há um ou outro poema de que gosto.
Gosto do que postaste, - não é por esse motivo, como é óbvio - e gosto, igualmente, deste que deixo:
Horário do Fim
morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento.
Abraço, Amigo.
Um muito obrigado a todos os que aqui deixaram palavras simpáticas.
ResponderEliminarTodos somos e todos parecemos.
Abraço grande