sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11 de Novembro - Dia de São Martinho

Martinho nasceu entre o ano de 315 e 317 em Sabária, no território da actual Hungria. Era filho de um soldado do exército romano e, de acordo com a tradição, acabou por seguir a profissão do pai, entrando para o exército com apenas 15 anos de idade.

Embora professasse a religião dos seus antepassados, adorando os deuses da mitologia romana, o jovem Martinho não era insensível à religião pregada três séculos antes por um homem bom de Nazaré. Um dia aconteceu um facto que o marcou para toda a sua vida:

Numa noite fria e chuvosa de Inverno, provavelmente no ano de 338, Martinho ia a cavalo e, às portas de Amiens (França), viu um pobre homem, quase sem roupa no corpo, com um ar miserável, que lhe pediu uma esmola. Como Martinho não levava consigo qualquer moeda, num gesto de solidariedade e ternura, cortou a sua capa ao meio e entregou metade ao mendigo para que este se pudesse agasalhar.

Reza a lenda que o mendigo seria o próprio Jesus e que, depois de ter recebido metade da capa de São Martinho, a chuva parou de imediato e os raios de sol começaram a aparecer por entre as nuvens.

A partir do dia desse encontro, Martinho sentiu-se um homem novo, tendo sido baptizado provavelmente na Páscoa do ano de 339. Entende que não pode mais perseguir os seus irmãos de fé porque eles não são seus inimigos. Como oficialmente só podia abandonar o exército com a idade de 40 anos, Martinho, para se afastar da vida militar, opta pelo exílio. Numa sociedade estratificada em que os grandes senhores e a classe militar não se misturavam com a plebe e os escravos não eram considerados “pessoas”, todos os que praticavam a solidariedade e o amor entre todos, eram vistos como marginais e muitas vezes perseguidos.

Martinho, ainda militar, mas com uma dispensa, funda primeiro o mosteiro de Ligugé e depois o mosteiro de Marmoutier, perto de Tour. Entretanto a sua fama espalha-se e as suas pregações e o seu exemplo de despojamento e simplicidade fazem dele um homem considerado Santo e muitos homens seguem o seu exemplo, optando pela vida monástica.

Só no ano de 357 Martinho foi dispensado oficialmente do exército e, em 371, aclamado bispo de Tours. Preocupado com a família, lá longe, e com todo o entusiasmo de um convertido vai à Hungria visitar a família e converte a mãe.

A sua vida foi dedicada à pregação e, como era prática nesse tempo, mandou destruir templos de deuses considerados pagãos, introduziu festas religiosas cristãs e defendeu a independência da Igreja do poder político. A sua acção, demasiado avançada para a época, nem sempre foi bem aceite e daí ter sido repudiado, e, por vezes, até maltratado.

Martinho faleceu em Candes, no dia 8 de Novembro de 397 e o seu corpo foi acompanhado por mais de dois mil monges e muitos homens e mulheres devotos, tendo chegado à cidade de Tours no dia 11 de Novembro.

O seu culto começou logo após a sua morte. Em 444 foi construída uma capela no local mas o seu culto espalhou-se por todo o Ocidente e parte do Oriente. Na cidade francesa de Tours, foi erguida uma enorme basílica entre 458 e 489 que viria a ser lugar de peregrinação, durante séculos. Em França há perto de 300 cidades e povoações com o nome de São Martinho.

Actualmente, um pouco por toda a Europa, os festejos em honra de São Martinho estão relacionados com os cultos da terra, as previsões do ano agrícola, com festas e canções desejando abundância e, nos países vinícolas do Sul da Europa, com o vinho novo e a água-pé.

O São Martinho é festejado praticamente por todo o território português e em Espanha na Galiza e nas Astúrias. Antigamente, nos tempos dos nossos avós, eram frequentes os "Magustos" em que eram acesas grandes fogueiras ao ar livre, no campo, e aí se reuniam amigos e familiares que cantavam e dançavam enquanto as castanhas estalavam no lume. O vinho novo, jeropiga e água-pé acompanhavam as castanhas assadas e daí os ditados populares "pelo São Martinho vai à adega e prova o vinho" e “castanhas e vinho pelo São Martinho”. Os vendedores de castanhas assadas são ainda um dos símbolos de São Martinho. É nesta época do ano em que, evocando a lenda do Santo, o tempo sempre melhora, período ao qual o povo chama "Verão de São Martinho".


6 comentários:

  1. Por aqui....o S.Martinho está pregando partida este ano.....
    Como soube bem ouvir o Carlos do Carmo....até salivei por castanhas...
    Beijo

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  2. Que belo post!
    Gostei muito.
    beijo e bom final de semana.
    Mara

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  3. Estimada e Simpática Amiga:
    Uma delícia, o seu fabuloso texto sobre as origens dos rituais do Magusto, onde as castanhas saltam felizes e valiosas ao nosso paladar.
    Uma pesquisa admirável e profunda remontando imenso tempo na vida de todos nós.
    Beijinhos amigos ao seu talento e forma escrita de dar à luz muitos sonhos nossos.
    Com respeito.
    Sempre a admirá-la imenso pela magia do que faz com carinho, ternura e dedicação.

    pena

    MUITO OBRIGADO pela amabilidade expressa no meu blogue.
    É linda.
    Adorei.

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  4. convidei-te para o magusto mas não apareceste.
    Andavas por outros bailes...

    Abraço triste

    :(

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  5. hola amiga Tétis,

    una bonita leyenda,un precioso post.
    Me gustan mucho las castañas asadas.

    Feliz noche de Domingo

    Bisous ma tendre amie

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  6. Obrigada a todos os amigos que comigo estiveram neste magusto e assim puderam saborear as boas castanhas assadas.

    Para o ano há mais!...

    Beijinhos

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