Profecia
Nem me disseram ainda
para o que vim.
Se logro ou verdade,
se filho amado ou rejeitado.
Mas sei
que quando cheguei
os meus olhos viram tudo
e tontos de gula ou espanto
renegaram tudo
— e no meu sangue veias se abriram
noutro sangue...
A ele obedeço,
sempre,
a esse incitamento mudo.
Também sei
que hei-de perecer, exangue,
de excesso de desejar;
mas sinto,
sempre,
que não posso recuar.
Hei-de ir contigo
bebendo fel, sorvendo pragas,
ultrajado e temido,
abandonado aos corvos,
com o pus dos bolores
e o fogo das lavas.
Hei-de assustar os rebanhos dos montes
ser bandoleiro de estradas.
— Negro fado, feia sina,
mas não sei trocar a minha sorte!
Não venham dizer-me
com frases adocicadas
(não venham que os não oiço)
que levo caminho errado,
que tenho os caminhos cerrados
à minha febre!
Hei-de gritar,
cair, sofrer
— eu sei.
Mas não quero ter outra lei,
outro fado, outro viver.
Não importa lá chegar...
O que eu quero é ir em frente
sem loas, ópios ou afagos
dos lábios que mentem.
É esta, não é outra, a minha crença.
Raios vos partam, vós que duvidais,
raios vos partam, cegos de nascença!
(Fernando Namora)
Nem me disseram ainda
para o que vim.
Se logro ou verdade,
se filho amado ou rejeitado.
Mas sei
que quando cheguei
os meus olhos viram tudo
e tontos de gula ou espanto
renegaram tudo
— e no meu sangue veias se abriram
noutro sangue...
A ele obedeço,
sempre,
a esse incitamento mudo.
Também sei
que hei-de perecer, exangue,
de excesso de desejar;
mas sinto,
sempre,
que não posso recuar.
Hei-de ir contigo
bebendo fel, sorvendo pragas,
ultrajado e temido,
abandonado aos corvos,
com o pus dos bolores
e o fogo das lavas.
Hei-de assustar os rebanhos dos montes
ser bandoleiro de estradas.
— Negro fado, feia sina,
mas não sei trocar a minha sorte!
Não venham dizer-me
com frases adocicadas
(não venham que os não oiço)
que levo caminho errado,
que tenho os caminhos cerrados
à minha febre!
Hei-de gritar,
cair, sofrer
— eu sei.
Mas não quero ter outra lei,
outro fado, outro viver.
Não importa lá chegar...
O que eu quero é ir em frente
sem loas, ópios ou afagos
dos lábios que mentem.
É esta, não é outra, a minha crença.
Raios vos partam, vós que duvidais,
raios vos partam, cegos de nascença!
(Fernando Namora)
Muy bello poema muy sentido
ResponderEliminarun beso corazon
Hola Tétis,
ResponderEliminarque lindo poema nos regalas.
No lo conocía.
Me encantó leerte.
Saludos argentinos,
Sergio.
Hermoso poema...gracias por compartirlo..besos de buanas noches..
ResponderEliminarOi Tétis!
ResponderEliminarGosto muito dos poemas de Fernando Namora, incluse desse.
Boa noite, com carinho,
Mara
Tétis , minha linda.
ResponderEliminarPassando para te deixar um beijo e agradecer a tua visita.
E que alegria pessoa sendo SOL nesse cantinh.
Beijo.
Fernanda
teu riso é uma cascata
ResponderEliminarborbulhante
no meio do bosque
e água fresca, é brisa leve
é um sopro de mar
em noites de verão
£una
Feliz Noite e beijos meus! M@ria
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
ResponderEliminar-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca
Feliz Noite! Beijos & Flores...M@ria
Belo poema....
ResponderEliminarQue belo...poema...
Beijo
Bom dia querida Tétis!
ResponderEliminarConsegui resolver o problema do notebook e agora volto a frequentar os amigos da blogosfera!
Que bom aportar-me aqui! Um lindo poema tão sensível! Ótima escolha!
Que tenha uma linda semana!
Beijos no coração! Extensivo aos amigos Argos e Poseidón
Minha querida
ResponderEliminarUm poema lindo de Fernando namora, adorei...muito belo.
Beijinho com carinho
Sonhadora
Doce e Extraordinária Poetiza Amiga:
ResponderEliminarUm belo e sensível poema da sua pesquiza fabulosa:
"...Hei-de ir contigo
bebendo fel, sorvendo pragas,
ultrajado e temido,
abandonado aos corvos,
com o pus dos bolores
e o fogo das lavas.
Hei-de assustar os rebanhos dos montes
ser bandoleiro de estradas.
— Negro fado, feia sina,
mas não sei trocar a minha sorte!..."
Um Fernando Namora no seu melhor.
Um versejar eloquente e fantástico pela sua imensa significação perceptível. Visível. Plena e surpreendente de excelência.
Sublime.
Abraço amigo de respeito pelas suas escolhas de um pureza sublime e majestosa. Mágica.
Com respeito e gratidão pela sua imprescindível perfeição explosiva de poesia admirável.
pena
Honra-me, a sua pura amizade.
MUITO OBRIGADO, fantástica amiga.
Bem-Haja, pelo encanto.
Adorei.
É genial, acredite?
Belissimo poema, parabéns pela escolha...
ResponderEliminarAbtaços...
Querida Tétis, hermoso poema, es un placer leerte.
ResponderEliminarTétis querida en mi blog deje algo para ti, Poseidón y Argos.
Cadena de la Amistad y Respeto Bloquero.
espero lo acepten con todo mi cariño.
besitos para los tres, que Dios los bendiga.
Precioso poema. Gracias por compartirlo. Besos
ResponderEliminarOlá Tétis,
ResponderEliminarNunca é demais recordar Fernando Namora.
E quem me dera poder afirmar:
"Raios vos partam, vós que duvidais,
raios vos partam, cegos de nascença!"
Quem me dera!
Beijinho.
Mon amie Tétis,
ResponderEliminar"La conscience prophétique du poète"
Le signe incontestable du grand poète, c'est l'inconscience prophétique, la troublante faculté de proférer par-dessus les hommes et le temps, des paroles inouïes dont il ignore lui-même la portée.
Parabén por teu post amiga!
Beijos , bisous mon amie
Olá amiga Tétis,
ResponderEliminarO meu léxico não tem maturidade bastante para eu traduzir por escrito aquilo que senti ao ler este poema de Fernando Namora e por tal peço desculpa.
No entanto quero agradecer-te, de coração e do modo que sei, a escolha deste post que tão bem reflecte a nossa própria realidade humana cheia de contradições.
Um abraço muito grande deste teu amigo, que por vezes também “vocifera” umas palavras sentidas como as do último verso deste poema (sem a linguagem e a carga poética, claro está) e que tanto te “irrita” mas que tão bem compreendes.
Olá amigos
ResponderEliminarObrigada a todos que visitaram o Farol e comentaram neste post o poema de Fernando Namora.
Para aqueles que não conhecem este médico/escritor, recomendo a descoberta da sua extensa obra. Decerto não se irão arrepender!...
Beijinhos