terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Âmbar



Retomando as nossas conversas sobre “Gemas-Cristais-Minerais...”, vamos hoje tratar de uma gema que pertence a um grupo que se diferencia da maioria devido à sua origem orgânica. Estamos a falar do Âmbar.

Este grupo, a que pertence o Âmbar, é o das gemas propriamente ditas que, pela sua origem, não podem ser consideradas pedras preciosas. Neste grupo encontramos o coral, a pérola natural, a pérola cultivada, a madrepérola, o marfim e o âmbar, além de algumas outras gemas menos conhecidas.

O âmbar é uma substância mineral da classe dos compostos orgânicos. É a única gema orgânica de origem vegetal, sendo o produto da oxidação de hidrocarbonetos. Apresenta-se em massas irregulares com fractura concoidal e cor habitualmente amarela e, às vezes, avermelhada ou acastanhada, com uma densidade muito baixa.

Trata-se de uma resina fóssil, segregada por coníferas como Pinus succinifer, pinheiro da Era Terciária cuja resina se formou entre 30 a 50 milhões de anos atrás. Esta árvore, devido a um aumento da temperatura ambiente, começou a produzir grande quantidade de resina, característica não detectada em nenhum pinheiro da actualidade.

O âmbar tem ainda uma particularidade não encontrada em nenhuma outra gema, o poder conter no seu interior insectos e outros animais da época em que se formou, o que constitui um repositório paleontológico de grande valor.

Como curiosidade convém recordar que o argumento do filme Jurassic Park tratava precisamente de um mosquito conservado em âmbar que teria mordido um dinossauro, podendo assim ser-lhe extraído o ADN e reconstruído os dinossauros.

Um pouco de História

Conhecido desde o início da humanidade, já na Idade da Pedra o âmbar era objecto de adoração, sempre se lhe atribuiram propriedades sobrenaturais sendo, talvez por esse motivo, considerada a substância mais antiga utilizada como objecto de adorno.

Pequenos pedaços de âmbar e colares foram encontrados em sepulturas do Norte da Europa datadas de 8000 A.C.

Sabe-se que foi muito apreciado e utilizado pelos Assírios, Egípcios, Etruscos, Fenícios e Gregos.

Existem muitos mitos sobre a origem do âmbar

Homero fala na sua Odisseia de jóias de âmbar, brincos e colares de âmbar como presentes de princesa.



Outro antigo escritor ateniense, Nicias, diz que o âmbar é o sumo ou a essência do sol poente congelado no mar e lançado para a praia.

Conta-se, na mitologia romana, que Phaeton, filho de Phoebus, saiu um dia com a charrete que conduz o Sol e aproximou-se tanto da Terra que o nosso planeta pegou fogo. Para salvar a Terra, Júpiter tirou Phaeton do céu com seus raios, matando-o. Sua mãe e sua irmã revoltadas viraram as árvores e o âmbar são as lágrimas que elas choraram pela morte de Phaeton.
Os romanos enviavam exércitos para conquistar e controlar as regiões produtoras de âmbar. No tempo do imperador Nero, grande conhecedor e admirador do âmbar, o historiador Plínio conta que o âmbar era tão valioso que um pequeno pedaço valia mais que um escravo.
 
No início da Idade Média o âmbar era usado em cruzes e rosários. Por volta de 1400, na maior parte da Europa, era ilegal a posse não autorizada desta substância. Contudo, nos séculos XVII e XVIII, o seu uso tornou-se popular em obras de arte.

Entre 1895 e 1900 produziu-se para joalharia um milhão de quilos de âmbar do Mar Báltico.

Depois de um período de menos prestígio, o âmbar voltou a ser valorizado após a Segunda Guerra Mundial, principalmente graças ao designer e escultor lituano Feliksas Daukantas que, com o seu trabalho, encorajou artistas a mostrar a beleza do âmbar natural.

A peça de âmbar mais antiga que se conhece é um prato encontrado perto de Hamburgo, na Alemanha, num acampamento de caçadores de renas.

O âmbar forma blocos arredondados que chegam a ter mais de 10 kg. A maior peça conhecida desta gema é o Âmbar Birmânia que tem 15,250 kg e está no Museu de História Natural de Londres. No Museu de Ciências Naturais de Berlim existe uma peça de 9,810 kg e 47 cm de comprimento.


Famosa é também a Sala de Âmbar do Palácio de Catarina em S. Petersburgo. Originalmente mandada construir em 1755 foi, pelo menos até 1941 (data da invasão da Rússia durante a 2ª Guerra Mundial), considerada a 8ª Maravilha do Mundo. Desmontada pelos alemães e levada para um palácio na Alemanha viria em 1979 a ser reconstruída, por ordem do governo soviético, no seu local exacto no Palácio de Catarina. Para essa reconstrução muito contribuiram fotos antigas, o auxílio de técnicas avançadas e o saber dos melhores mestres. Na nova sala foram utilizadas cerca de 6 toneladas de puro âmbar, 8 milhões de dólares e muito esforço. Todos os detalhes foram recriados, inclusive os mosaicos florentinos. Inaugurada em 2003, é actualmente visitada por turistas de todos o mundo.

Os fósseis do âmbar

A característica mais interessante do âmbar é a grande possibilidade de se encontrar no seu interior animais, principalmente insectos (86,7%) e aracnídeos (11,6%), que viveram na época em que a resina se formou e que nela ficaram aprisionados, por se tratar de uma resina pegajosa, ou que por ela foram englobados depois de mortos. O âmbar deste tipo é muito valorizado como peça de museu pelo seu valor científico..

Cerca de 3.000 espécies animais já foram encontradas fossilizadas no âmbar, sendo 85% espécies já extintas. Mais de 1.000 dessas espécies extintas são insectos..

Além de insectos, o âmbar pode ainda conter restos de vegetais, bolhas de ar e pirite, requisitos estes que, além de lhe aumentarem a beleza, lhe conferem características de grande valiosidade e raridade.

Usos e costumes

O âmbar é muito usado como gema e em objectos ornamentais, podendo receber lapidação facetada, como as gemas minerais transparentes, lapidação em cabuchão ou simples polimento.

De todo o âmbar produzido, cerca de 15% tem qualidade que permite o seu aproveitamento como gema.

Actualmente é comum a utilização do âmbar na manufactura de pequenos objectos ornamentais, bem como de amuletos, boquilhas para cigarros e cachimbos.


O âmbar é ainda queimado como incenso e muito utilizado como ingrediente em perfumaria.

Verifica-se em certos países da Europa um emprego curioso do âmbar, é usado como talismã contra o mau-olhado, utilizando-se sob a forma de letras com as iniciais dos nomes.

Sendo tida como uma gema que dá sorte, o âmbar está associado ao tempo, aos ciclos da vida e à longevidade. É também considerado o seu poder sensual e magnético, atribuindo-lhe qualidades de captação de energias positivas e de estimulação mental.

Acredita-se que o âmbar é excelente para prevenir doenças dos olhos e problemas relacionados com a garganta e os pulmões. O âmbar equilibra as glândulas endócrinas e o sistema digestivo.

O âmbar é uma das gemas que está associada aos nascidos sob o signo do Touro.

Assim como acontece com muitas gemas minerais, o âmbar é imitado por substâncias como o plástico, o celulóide e a baquelite. Porém, todas essas imitações diferem dele pela densidade que apresentam. Pode também ser imitado por alguns vidros que, embora se possam assemelhar bastante, são reconhecidos por terem dureza e densidade bem maiores, além da frieza que apresentam ao tacto.

É muito conhecido no mercado o âmbar prensado, obtido através do aquecimento a 200-250ºC de pequenos fragmentos procedentes do Mar Báltico, sendo a seguir submetidos a uma pressão de até 3.000 atmosferas. Este assemelha-se bastante ao âmbar normal, mas difere dele por conter bolhas de ar alongadas e orientadas, enquanto que no normal elas são esféricas e também porque sob acção de uma gota de éter apresenta uma mancha fosca..

Principais produtores

O âmbar é produzido principalmente na Alemanha e na Rússia, vindo a seguir a Itália, a costa da Sicília. O maior centro produtor é Samland,

península do enclave russo de Kaliningrado, onde ocorre numa argila rica em glauconita, chamada de terra azul. Cada metro cúbico dessa terra azul tem 0,5 a 2,5 kg de âmbar. Como essa jazida está 40 cm abaixo do nível do mar, a erosão provoca constantemente a libertação de blocos de âmbar que ficam flutuando na água do mar, podendo ser levados até longas distâncias.

Cerca de 90% do âmbar encontrado hoje em todo o mundo provém da região do mar Báltico. O maior depósito do mundo está na península de Samland e na lagoa Courland, onde há 3.000 hectares de solo contendo esta gema..

Podem ainda ser encontradas ocorrências de âmbar, embora em menor escala, na República Dominicana, Canadá, México, Myanmar, Roménia e Escandinávia.

14 comentários:

  1. Já sabia alguma coisa sobre o âmbar, mas dou-lhe os parabéns amiga Tétis por este post tão completo.

    beijinho

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  2. Peç o desculpa por assar tão rapido e nem ler a postagem, mas durante a semana sempre tou correndo por conta do trabalho, mas fiel a Ilha e aos amigos observei que alguns que se inscreveram para a brincadeira do TOP Blogueiro merecem só um avisozinho kkkk Amiga Tétis Hoje a meia noite se encerra o prazo para tu indicar um internauta para o blogueiro de ouro, lembrando que é genérico o termo, pois pode ser indicado uma menina ou menino  caso não indiques até meia noite serás desligada da brincadeira do TOP Blogueiro pois esta eleição é parte integrante da brincadeira. Beijos no coração.

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  3. Oi bom dia!! Muito instrutivo saber mais sobre o âmbar. posso dizer que conhecia pouco ou nada. Grata pela partilha. Bjosss

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  4. Hola Tétis,
    Precioso, total y completo este post sobre el AMBAR.
    Gracias por compartir con nosotros , ya sé que tú sabes mucho sobre estas cosas que nos vienen de la naturaleza..
    Beijos, Bisous mon amie

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  5. Bom dia Tétis.. grato pela visita.. e desculpe pela demora..
    estou ainda com problemas fora da net..
    uma bela postagem.. já muito li sobre esta pedra..
    sou apaixonado por cristais.. tenho vários deles.. gosto muito de hematitas.. porém esta não consegui nem quando fui a chapada diamantina.. acho que é uma pedra meio dificil de ser conseguida né.. bjs e um lindo dia

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  6. Um artigo muito interessante sobre o âmbar do qual desconhecia muita coisa. Gosto da cor e do aroma.
    Beijo e bom fds
    Graça

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  7. Me ha encantado... Es interesantísima tu entrada, me gustaría conocer el salon de Ambar de Catalina... tiene que ser una maravilla... No entiendo como las personas pueden destruir cosas así...

    Es una pena que en los pinos de ahora no haya...

    Muchos besos

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  8. Excelente tratado sobre esta resina fossilizada , que depois de lapidada é usada como belos objectos de adorno. Muito interessante, mesmo!

    Como sói dizer-se, o saber não ocupa lugar e gostei de saber mais pormenores acerca desta gema fabulosa, cujos poderes aqui descritos, desconhecia. Nomeadamente, os de prevenção nas doenças referidas.
    Só sei que não me importaria nada de possuir um colar de belas pedras de âmbar, como já vi alguns, oriundos da República Dominicana!

    Obrigada, pela maravilhosa publicação, rica em detalhes, Tétis!

    Beijinhos.

    Janita

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  9. Estou aqui para deixar um carinhoso abraço ,
    também desejar um feliz e abençoado final de semana.
    Estou feliz em estar em sua companhia no blog da Lindalva.

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  10. Tétis,

    Gostei do teu post, já sabes que gosto de minerais, e por este, tenho um carinho especial, mas, não sei se demos chamar "principais produtores" aos paises que o extraem, porque estamos a destruir um enorme depósito de informação relativo à fauna e flora de épocas passadas.

    Abraço grande

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  11. Es un artículo muy interesante, he quedado sorprendido con todo lo que he leído y conocido.

    Cordial saludo.

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  12. Muy buen trabajo.
    Me encanta el ambar.
    Besitos

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  13. Tengo una amiga dominicana que me trajo una maravilla de ambar, es mi totem y he leído sobre ella pero tu post es completisimo y ameno. ¡te felicito¡

    Besos muchos,

    tRamos

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  14. Obrigada a todos que comigo fizeram esta viagem ao mundo do âmbar.

    Beijinhos

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