Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro andar...
Não oiço já passos no segundo andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro.
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro andar...
Não oiço já passos no segundo andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro.
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Qué bonito texto Argos!!! gracias por compartirlo cielo.
ResponderEliminarUn abrazo y feliz domingo
Olá!
ResponderEliminarNeste belo poema, acho que o poeta captou a grande doença da alma que é sentir-se só em meio a todo o universo. A consciência de nossa pequenez diante da criação... Mas há que se sentir Deus presente em nós... Um beijo!
Poseidón:
ResponderEliminarTodos estamos solos en el infinito universo, la verdad mirando desde él no somos nadita de nada, solo por la fe en Dios podemos sentirnos amados y ser unos seres extraordinarios en esta inmensidad.
Un abrazo lleno de luz.
Mau
Meus queridos
ResponderEliminarAdorei este poema de Álvaro de Campos, que como sempre é intenso.
Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora
Un bello texto, gracias por compartirlo...Un beso de buenas noches
ResponderEliminarAmigo ARGOS,
ResponderEliminarTodos estamos solos, todos lo sentimos y vivimos un día..
ABRAZO GRANDE
Olá Argos
ResponderEliminarQue dizer de Fernando Pessoa, neste caso do seu heterónimo Álvaro de Campos, que não tenha já sido dito?
Felicito-te pela escolha do poema que é dos mais bonitos e profundos do poeta.
Obrigada por sempre nos deliciares com estas partilhas tão bem seleccionadas.
Um grande abraço muito amigo
Com um dia de atraso mais estou aqui
ResponderEliminarpara dar continuidade a comemoração dos 3 anos de vida .Um Farol Chamado Amizade.
Com um lindo poema nos brinda a alegria desses 3 anos no ar ,
e sou eu que agradeço o carinho que sempre recebi.
Quero comemorar contigo oferendo meu selinho de seguidores e link .
Com muito amor desejo felicidades infinitas e que seu blog por muitos anos continue no ar com sua linda amizade e nos brindando com seus lindos poemas.
Um beijo no coração.
Evanir.
parabéns pelo aniversário do blog, desejo tudo de bom e muito sucesso. beijso
ResponderEliminarPreciosos versos!! Felicidades por los tres años.
ResponderEliminarA todos os que não em deixaram sozinho, o meu obrigado e um abraço
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