Morre
aos 82 anos Leonard Cohen. "I'm ready, my Lord"
Anúncio
da morte foi feito através da página oficial do músico no Facebook. Tinha lançado
em outubro "You Want It Darker"
Morreu Leonard Cohen. Poeta e escritor, cantor e compositor, o canadiano de 82 anos, feitos em setembro passado, já nos tinha avisado no seu último álbum, onde canta logo a abrir: "Hineni,hineni/ I'm ready, my Lord". Na altura do lançamento de You Want It Darker, em outubro passado, carregou nas tintas dizendo-se tal e qual, "preparado para morrer". Dias depois, a 13 de outubro, no consulado canadiano de Los Angeles, brincava. "Acho que exagerei. Sempre tive tendência para dramatizar. Pretendo viver para sempre."
O anúncio da sua morte foi feito pela sua editora, a Sony Music Canada, na página oficial no facebook do músico: "É com profunda dor que anunciamos que o lendário poeta, compositor e artista, Leonard Cohen, faleceu. Perdemos um dos mais aclamados e prolíficos visionários da música. Uma cerimónia terá lugar em Los Angeles em breve. A família pede privacidade durante este período de luto." Não foi revelada a causa da sua morte.
Morreu Leonard Cohen. Poeta e escritor, cantor e compositor, o canadiano de 82 anos, feitos em setembro passado, já nos tinha avisado no seu último álbum, onde canta logo a abrir: "Hineni,hineni/ I'm ready, my Lord". Na altura do lançamento de You Want It Darker, em outubro passado, carregou nas tintas dizendo-se tal e qual, "preparado para morrer". Dias depois, a 13 de outubro, no consulado canadiano de Los Angeles, brincava. "Acho que exagerei. Sempre tive tendência para dramatizar. Pretendo viver para sempre."
O anúncio da sua morte foi feito pela sua editora, a Sony Music Canada, na página oficial no facebook do músico: "É com profunda dor que anunciamos que o lendário poeta, compositor e artista, Leonard Cohen, faleceu. Perdemos um dos mais aclamados e prolíficos visionários da música. Uma cerimónia terá lugar em Los Angeles em breve. A família pede privacidade durante este período de luto." Não foi revelada a causa da sua morte.
Leonard Norman Cohen
nasceu no Quebeque, na cidade de Westmount, arredores de Montréal, a 21 de
setembro de 1934. A música entrou cedo na sua vida, na adolescência, com os
Buckskin Boys, um grupo folk de que não reza a história: o contacto com a
poesia de Federico Garcia Lorca, de quem muitos anos mais tarde musicaria Take This Waltz (1988),
conduziu-o à escrita - de poemas e romances. Publica três livros, quando nos
anos 1960 se instalou numa ilha grega, Hidra: Flowers for Hitler(1964),
que reunia poemas seus, e The Favourite Game (1963) e Beautiful Losers (1966).
Mas regressará à América e à música.
De visita a Nova Iorque, contacta de novo com a música folk e conhece a cantora Judy Collins. Publica então Songs of Leonard Cohen (1967), que abre com Suzanne, canção maior de amor, como tantas na sua pena, de um álbum fulgurante - nas suas palavras e guitarras e coros - e onde também se ouve So Long, Marianne.
De visita a Nova Iorque, contacta de novo com a música folk e conhece a cantora Judy Collins. Publica então Songs of Leonard Cohen (1967), que abre com Suzanne, canção maior de amor, como tantas na sua pena, de um álbum fulgurante - nas suas palavras e guitarras e coros - e onde também se ouve So Long, Marianne.
Em agosto passado, soube-se que a Marianne da canção tinha morrido e
Leonard escreveu-lhe uma carta de despedida, em que mais uma vez falava da
morte. "Sabes Marianne, chegou este tempo em que estamos realmente tão
velhos e os nossos corpos estão caindo aos poucos que acho que vou seguir-te
muito em breve. Sei que estou tão perto de ti que se esticares a tua mão, acho
que consegues tocar na minha."
A esta estreia
seguiram-se dois outros álbuns fundamentais no cancioneiro americano: Songs From a Room (1969)
e Songs of Love and Hate (1971). Pelo meio apresentou um álbum
ao vivo, Live at the Isle of Wight (1970), o primeiro de muitos, numa
marca que se prolongaria até ao fim da carreira. Nos últimos anos, Cohen
multiplicou os seus álbuns de originais em longas digressões e álbuns ao vivo
que reproduziam os seus concertos.
Estes primeiros anos da década de 1970 foram pródigos para o canadiano, culminando na obra-prima que é New Skin for the Old Ceremony (1974), que tinha sido antecedido de Live Songs (1973). A seguir, os álbuns foram sendo mais espaçados: Death of a Ladies Man (1977), com uma produção turbulenta e opulenta por Phil Spector; Recent Songs (1979) e Various Positions, já em 1984. É o álbum de Hallelujah, a canção que John Cale e, mais ainda, Jeff Buckley, resgataram em toda a sua violenta beleza de sexo e amor, num poema que bebia na Bíblia (o rei David que se enamora de uma mulher).
Estes primeiros anos da década de 1970 foram pródigos para o canadiano, culminando na obra-prima que é New Skin for the Old Ceremony (1974), que tinha sido antecedido de Live Songs (1973). A seguir, os álbuns foram sendo mais espaçados: Death of a Ladies Man (1977), com uma produção turbulenta e opulenta por Phil Spector; Recent Songs (1979) e Various Positions, já em 1984. É o álbum de Hallelujah, a canção que John Cale e, mais ainda, Jeff Buckley, resgataram em toda a sua violenta beleza de sexo e amor, num poema que bebia na Bíblia (o rei David que se enamora de uma mulher).
Com os anos 80, Cohen,
já para lá dos 50 anos, arrisca composições onde os sintetizadores de I"m Your Man (1988)
sublinham uma poesia bem-humorada e socialmente crítica, cada vez mais
declamada na voz inconfundível que a idade foi enrouquecendo. The Future (1992)
aprofunda esse caminho, antes de Leonard se remeter a um longo silêncio e
dedicar-se ao budismo. O jejum quebra-se em 2001 com Ten New Songs e Dear Heather (2004).
Nos últimos anos, a idade não atrapalha Cohen que se vê obrigado a regressar à estrada. Roubado pela sua agente de muitos anos, Kelley Lynch, em cinco milhões de dólares (4,5 milhões de euros), são os seus fãs de sempre que ganharam mais, com digressões gigantes - 247 concertos de 2008 a 2010, contabilizou a Rolling Stone. Cohen ainda mostrou as suas Old Ideas (2012) e os seus Popular Problems (2014), lançado um dia depois de completar 80 anos. Parecia eterno.
Nos últimos anos, a idade não atrapalha Cohen que se vê obrigado a regressar à estrada. Roubado pela sua agente de muitos anos, Kelley Lynch, em cinco milhões de dólares (4,5 milhões de euros), são os seus fãs de sempre que ganharam mais, com digressões gigantes - 247 concertos de 2008 a 2010, contabilizou a Rolling Stone. Cohen ainda mostrou as suas Old Ideas (2012) e os seus Popular Problems (2014), lançado um dia depois de completar 80 anos. Parecia eterno.
Antes do trabalho que
lançou este ano, no tal encontro no consulado canadiano, Cohen ouviu um elogio
feito por Bob Dylan, dias antes laureado com o Nobel da Literatura (que muitos
diziam ser merecido por Cohen) Dylan afirmava num artigo que "quando falam
de Leonard, evitam mencionar as suas melodias", quando estas
"juntamente com as suas letras são a sua verdadeira genialidade".
Cohen replicou que Dylan foi "muito generoso", mas preferiu elogiar
antes o galardoado. "Não vou dar uma opinião sobre o que ele disse, mas
sim sobre ter recebido o Prémio Nobel, o que para mim foi como dar uma medalha ao monte Evereste por ser a montanha mais alta [do
mundo]".
Em agosto, quando se despedia de Marianne, Leonard escrevia que "lhe desejava uma muito boa jornada". "Adeus minha velha amiga. Amor infinito, encontramo-nos no caminho", completou. Judeu convertido ao budismo, Cohen nunca deixou de trazer muitas referências religiosas. Hineni, que canta no seu álbum de despedida, é uma palavra hebraica que significa "aqui estou", dita por Abraão a Deus. Este dia 10, Leonard cantou-a pela última vez.
Em agosto, quando se despedia de Marianne, Leonard escrevia que "lhe desejava uma muito boa jornada". "Adeus minha velha amiga. Amor infinito, encontramo-nos no caminho", completou. Judeu convertido ao budismo, Cohen nunca deixou de trazer muitas referências religiosas. Hineni, que canta no seu álbum de despedida, é uma palavra hebraica que significa "aqui estou", dita por Abraão a Deus. Este dia 10, Leonard cantou-a pela última vez.
Este ano, em que também nos morreram David Bowie e Prince, não nos
merece.
(In: DN-Artes, 11-11-2016)
Sin duda una gran pérdida para el mundo de la música Tétis.
ResponderEliminarUn abrazo.
Pienso que es de los pocos músicos que no tiene detractores, nos gusta a todos y desde luego hoy todos lamentamos su muerte. Un abrazo
ResponderEliminarEstive a ouvir e a ler os seus poemas. Uma forma de homenagem.
ResponderEliminarAbraço a Tetis e poseidon
HOLA Tétis,
ResponderEliminarLeonard Cohen un grande músico desde luego.
Gracias a ti por este bello homenaje.
bisous