Moniz Pereira (1921-2016), o
homem que fez Portugal acreditar em “coisas impossíveis”, símbolo do desporto
nacional, morreu ontem aos 95 anos de idade.
Foi
um dos maiores impulsionadores do atletismo nacional e treinador de grandes
figuras como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Francis Obikwelu ou Naide Gomes.
Chamaram-lhe maluco por acreditar que os atletas
portugueses podiam ter resultados tão bons quanto os seus concorrentes. Mas ele
nunca se desviou do objectivo de ver um português subir ao lugar mais alto do
pódio nuns Jogos Olímpicos. Demorou 39 anos, mas provou que a razão estava do
seu lado quando Carlos Lopes conquistou a primeira medalha olímpica portuguesa
de ouro, na maratona, em Los Angeles 1984. Mário Moniz Pereira, apaixonado pelo
desporto e a quem chamavam “senhor atletismo”, moldou campeões e teve um papel inigualável
na projecção internacional dos atletas portugueses. Morreu neste domingo aos 95
anos, de pneumonia, razão pela qual estava internado há alguns dias.
O desporto esteve sempre presente na sua vida. Praticou
andebol, basquetebol, futebol, hóquei em patins, ténis de mesa e voleibol. E,
claro, atletismo — a sua grande paixão. O recorde nacional do triplo salto
chegou a pertencer-lhe, mas foi quando assumiu o papel de treinador que começou
a fazer uma revolução em Portugal.
No Sporting, clube do qual era o sócio número 2 e foi
um pouco de tudo (até preparador físico da equipa de futebol em 1970 e 1971,
sagrando-se campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal), tornou-se um
técnico de elite e forjou alguns dos nomes que hoje são referências do atletismo
nacional. Carlos Lopes, Fernando Mamede, Domingos Castro e Dionísio Castro, Rui
Silva, Francis Obikwelu ou Naide Gomes passaram-lhe pelas mãos e ajudaram a
tornar o seu sonho realidade: ter atletas portugueses a ombrear com os melhores
do mundo.
Licenciado em Educação Física pelo Instituto Nacional
de Educação Física (INEF) em Lisboa, onde deu aulas durante 27 anos, Moniz
Pereira participou em 12 Jogos Olímpicos entre 1948 e 2012.
“Para o atletismo representa um pilar fundamental.
Moniz Pereira tem um lugar ímpar, foi efectivamente ele que lançou a nossa
modalidade para os níveis que temos hoje. Tinha a convicção que os atletas
portugueses, com os mesmos apoios, seriam tão bons quanto os outros. E
conseguiu provar essa tese. Fez-nos acreditar que era possível”, notou o
presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Vieira, num testemunho
ao PÚBLICO.
Moniz Pereira aborrecia-se por Portugal ser um país
concentrado no futebol. Mesmo que, por vezes, isso implicasse criticar o
Sporting, clube de sempre: “O atletismo deu mais títulos e nome ao clube do que
o futebol e, no entanto, só pensam no futebol. Quando foi a construção do novo
estádio prometeram uma pista, ia acompanhando as obras e não via nada. Até que
percebi — um estádio novo sem pista. É difícil manter dezenas de modalidades
sem infra-estruturas”, queixava-se numa entrevista ao PÚBLICO, em 2012, antes
do início dos Jogos Olímpicos de Londres.
“O professor Moniz Pereira tinha uma ideia que era
mostrar aos portugueses que podiam ser tão bons como os outros. Destacava-se
por essa ideia e pelo seu trabalho diário. Tinha uma capacidade de persuasão
extraordinária, de elevar os nossos patamares de motivação”, recordou José
Carvalho, ex-atleta olímpico.
Amigo íntimo do “senhor atletismo”, o fadista Carlos do
Carmo define-o simplesmente como “o maior”. “Gostava que os mais jovens
soubessem que, desportivamente falando, estamos perante talvez o mais ilustre
português que tivemos. Fundou uma escola de atletismo e criou uma série de
campeões do mundo”, sublinhou o fadista com quem Moniz Pereira partilhava a
paixão pela música – o treinador compôs
várias músicas cantadas por grandes nomes do fado português.
Moniz Pereira deixou o comando directo do atletismo do
Sporting após os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. E, nos tempos mais
recentes, a idade fazia com que praticamente não saísse de casa. Mas nem por
isso deixava de acompanhar atentamente a modalidade, fossem as provas
internacionais ou os campeonatos nacionais. “Eu consegui realmente as tais
coisas impossíveis e estou bastante satisfeito”, concluía na entrevista de
2012. O legado de Moniz Pereira fará com que nunca seja esquecido.
Mário Moniz Pereira era um contador de histórias, que
imobilizava plateias, mas também um compositor, autor e cantor de fado.
"Valeu a Pena" é um dos seus mais conhecidos.
Fontes:
Valeu a Pena
Autor da Letra: Mário Moniz Pereira
Autor da Música: Mário Moniz Pereira
Intérprete: Maria da Fé
Com voz serena, perguntaram-me ao
ouvido
Valeu a pena, vir ao mundo e ter
nascido?
Com lealdade, vou responder, mas
primeiro
Consultei meu travesseiro, sobre a
verdade
Tive porém, que lembrar o meu passado
Horas boas do meu fado, e as más
também
Valeu a pena
Ter vivido o que vivi
Valeu a pena
Ter sofrido o que sofri
Valeu a pena
Ter amado quem amei
Ter beijado quem beijei
Valeu a pena
Valeu a pena, ter sonhado o que sonhei
Valeu a pena, ter passado o que passei
Valeu a pena, conhecer quem conheci
Ter sentido o que senti, valeu a pena
Valeu a pena, ter cantado o que cantei
Ter chorado o que chorei, valeu a pena
Valeu a pena
ter amado quem amei
ter beijado quem beijei
valeu a pena
valeu a pena
ter cantado o que cantei
ter chorado o que chorei
valeu a pena.
Hola Tétis. un bonito homenaje a Mário Móniz, me encantan los fados y el vídeo , me ha traído muy buenos recuerdos de cuando visité Portugal.
ResponderEliminarUn abrazo.
Me uno al homenaje de un hombre que ha sabido hacer de su vida un regalo para los suyo, una persona completa que ha dado muchas satisfacciones. Descanse en paz. Un abrazo
ResponderEliminarOlá Tétis
ResponderEliminarUma linda e merecida homenagem ao homem que soube persuadir seus compatriotas a acreditar e realizar sonhos
Um doce beijo amiga
Tétis..
ResponderEliminarLinda e justíssima homenagem a esse herói português,
aqui estou na torcida por Portugal levar medalhas do Brasil.
Fiquei feliz do dia da abertura ver o governo português
no lugar de honra de chefe de estado.
Qnto o Brasil foi vergonhoso a presença daquela figura hostil ,
foi dar palpite e dizer q estava aberto as olimpíadas ,
quanta vergonha quem organizou tudo foi o povo.
Parabéns por tão ilustre cidadão perda triste
da pessoa q tanto acreditou nos atletas de Portugal.
Um carinhoso abraço .
Feliz Domingo.
Evanir.
Ola Tétis,
ResponderEliminarsaber vivir es esencial y asi es mejor para vivir y disfrutar0
Bisous