O sol não demasiado quente empresta calor à aragem salgada e com sabor a maresia da foz do rio Minho em Caminha.
Pequenos barcos de pesca, alguns típicos e coloridos como a bateira, outros mais modernos, de fibra de vidro, repousam no chão lodoso da maré baixa servindo de poiso a gaivotas adormentadas.
No lodo, entre cabos e bóias, ostraceiros, rolas-do-mar e uma garça-branca-pequena competem por alimento num incessante movimento, indiferentes ás pessoas que caminham relativamente perto.
Em frente, na Galiza, o monte de Santa Tecla envolto em nevoeiro tem uma atmosfera misteriosa, avivando os contos de amores infelizes e naufrágios.
Mais para norte, o ferry "Santa Rita de Cássia" aguarda para fazer a travessia até La Guardia.
Seguindo pelo passeio marginal, o pinhal do Camarido atrai-nos com a sua sombra verde e por ele, rapidamente chegamos à praia de Moledo.
Mandado plantar por D. Dinis, o pinhal recebe-nos com frescura e vários caminhos serpenteantes. Momentos de relaxe e descontracção; a riqueza ambiental deste espaço é tal, que se tem tentado a todo o custo proteger certas espécies vegetais, como por exemplo as camarinheiras – "um pequeno arbusto que se desenvolve em terrenos arenosos da orla costeira e produz uma pequena baga comestível, a camarinha".
Mas o murmúrio do vento nos ramos conta-nos de outra forma a história desta planta:
Diz a lenda que El Rei D. Dinis era infiel à sua esposa. A rainha Dona Isabel seguiu-o num dos seus passeios e descobriu a verdade. O pranto foi tanto que as suas lágrimas rolaram até à areia... Daí brotaram pequenos arbustos de onde nasceram bagas, parecidas com pérolas, fazendo lembrar as lágrimas da rainha!
Será verdade? Isto segundo a lenda aconteceu em Leiria, estamos em Caminha.
Não é tão importante assim a veracidade do facto, também vivemos de sonho!
Caminhar em silêncio, usufruir ao máximo cada passo desta beleza natural e um tanto mágica.
Já se consegue ver as dunas de Moledo além, com alguma vegetação nativa como o cardo-marinho e uma planta invasora de origem africana, chamada "chorão-das-praias", de difícil controlo e nefasta para as dunas (nem tudo é perfeito).
De repente, saído do nada, um solitário moinho de vento recorda uma sentinela a guardar a praia.
O areal neste quase anoitecer é um refúgio, onde a calma e o silêncio – somente quebrado pelas ondas do mar – são a melhor terapia para revigorar corpo e mente.
Se fitarmos o mar, o nosso olhar tanto se perde na sua imensidão como se depara com a fortaleza e antigo convento da Ínsua de Santo Isidro, a cerca de duzentos metros da costa.
Esta pequena ilha foi primitivamente utilizada como local de culto (onde segundo a lenda existiria um templo erigido em honra de Saturno). Em época cristã, nela se erguia uma pequena ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Ínsua. Posteriormente foi mosteiro e local de defesa da barra.
Actualmente ao abandono, quantas histórias guardará entre as ruínas?
No passeio junto à praia, as luzes dos candeeiros da rua acendem-se.
Já é demasiado tarde para voltar pelo mesmo caminho. Enquanto espero pelo carro que me levará de regresso ao meu destino, olho o mar agora tão escuro e de cor indefinida com pequenos apontamentos laranja de um sol escondido no horizonte.
(este texto é dedicado a uma grande amiga minha, que tal como eu adora o mar)
Pequenos barcos de pesca, alguns típicos e coloridos como a bateira, outros mais modernos, de fibra de vidro, repousam no chão lodoso da maré baixa servindo de poiso a gaivotas adormentadas.
No lodo, entre cabos e bóias, ostraceiros, rolas-do-mar e uma garça-branca-pequena competem por alimento num incessante movimento, indiferentes ás pessoas que caminham relativamente perto.
Em frente, na Galiza, o monte de Santa Tecla envolto em nevoeiro tem uma atmosfera misteriosa, avivando os contos de amores infelizes e naufrágios.
Mais para norte, o ferry "Santa Rita de Cássia" aguarda para fazer a travessia até La Guardia.
Seguindo pelo passeio marginal, o pinhal do Camarido atrai-nos com a sua sombra verde e por ele, rapidamente chegamos à praia de Moledo.
Mandado plantar por D. Dinis, o pinhal recebe-nos com frescura e vários caminhos serpenteantes. Momentos de relaxe e descontracção; a riqueza ambiental deste espaço é tal, que se tem tentado a todo o custo proteger certas espécies vegetais, como por exemplo as camarinheiras – "um pequeno arbusto que se desenvolve em terrenos arenosos da orla costeira e produz uma pequena baga comestível, a camarinha".
Mas o murmúrio do vento nos ramos conta-nos de outra forma a história desta planta:
Diz a lenda que El Rei D. Dinis era infiel à sua esposa. A rainha Dona Isabel seguiu-o num dos seus passeios e descobriu a verdade. O pranto foi tanto que as suas lágrimas rolaram até à areia... Daí brotaram pequenos arbustos de onde nasceram bagas, parecidas com pérolas, fazendo lembrar as lágrimas da rainha!
Será verdade? Isto segundo a lenda aconteceu em Leiria, estamos em Caminha.
Não é tão importante assim a veracidade do facto, também vivemos de sonho!
Caminhar em silêncio, usufruir ao máximo cada passo desta beleza natural e um tanto mágica.
Já se consegue ver as dunas de Moledo além, com alguma vegetação nativa como o cardo-marinho e uma planta invasora de origem africana, chamada "chorão-das-praias", de difícil controlo e nefasta para as dunas (nem tudo é perfeito).
De repente, saído do nada, um solitário moinho de vento recorda uma sentinela a guardar a praia.
O areal neste quase anoitecer é um refúgio, onde a calma e o silêncio – somente quebrado pelas ondas do mar – são a melhor terapia para revigorar corpo e mente.
Se fitarmos o mar, o nosso olhar tanto se perde na sua imensidão como se depara com a fortaleza e antigo convento da Ínsua de Santo Isidro, a cerca de duzentos metros da costa.
Esta pequena ilha foi primitivamente utilizada como local de culto (onde segundo a lenda existiria um templo erigido em honra de Saturno). Em época cristã, nela se erguia uma pequena ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Ínsua. Posteriormente foi mosteiro e local de defesa da barra.
Actualmente ao abandono, quantas histórias guardará entre as ruínas?
No passeio junto à praia, as luzes dos candeeiros da rua acendem-se.
Já é demasiado tarde para voltar pelo mesmo caminho. Enquanto espero pelo carro que me levará de regresso ao meu destino, olho o mar agora tão escuro e de cor indefinida com pequenos apontamentos laranja de um sol escondido no horizonte.
(este texto é dedicado a uma grande amiga minha, que tal como eu adora o mar)
Amigo Argos
ResponderEliminarObrigada por este lindíssimo texto, por esta maravilhosa descrição de "um passeio a Norte" e também obrigada por outro motivo que bem sabes qual é!...
Já tive oportunidade de te dizer e até aqui manifestar, o quanto adoro ler aquilo que escreves porque o fazes com o coração. As tuas descrições de paisagens, situações, vivências, são cenas vivas que nos dão uma imagem clara e fiel do teu sentir e da realidade vivida.
Todo o Norte de Portugal é maravilhoso e o Alto Minho em particular é fascinante.
A lenda das camarinhas que introduziste nesta tua descrição, complementa e enriquece este teu maravilhoso texto.
Obrigada uma vez mais "por tudo"!...
Um grande, enorme abraço duma grande amiga que como tu adora o mar!...
Olá Argos,
ResponderEliminarque lindo o teu texto!
Há poesia nas palavras e nos locais que descreves... São sítios lindos!
Quando celebrei o meu 31º aniversário de casamento, no dia 13 de Setembro, fomos almoçar a La Guardia... ao marisco...
Como diz Tétis, o norte de Portugal é lindo e tem paisagens deslumbrantes!
Tu, em palavras, consegues transmiti-lo...
Um beijo, amigo Argos.
Ahhh... e também para Tétis e para Poseidon.
Bom domingo.
Olá Argos,
ResponderEliminarComo sabes há muitas formas de "ler" um post. Passar por ele a correr, ler uma frase aqui outra ali, ler por "obrigação" (já sabes que as palavras não me assustam) porque convém dizer qualquer coisa, enfim, há uma infinidade de atitudes a ter.
Mas ler, parando, saboreando cada palavra, visulizando cada passo, cada momento, cada pormenor, isso, caro Argos, só sucede quando quem posta escreve muito bem.
Também já sabes como detesto o elogio fácil, o elogío de circunstância, logo, sabes que sou incapaz de o fazer.
Só que este texto é de uma enorme beleza, quer descritiva, quer de estilo.
Perante isto, apenas me resta endereçar-te um forte abraço (com quatro braços: dois meus e dois da Leonor) de agradecimento e pedir que continues, sempre.
Beijinho.
Después de tanto tiempo, espero poder ponerme al día con todos y todas..
ResponderEliminarRecomenzar el año con la vida en brazos es lo mas bello del amor..
Un abrazo
Con mis
Saludos fraternos de siempre...
Boa noite, queridos!
ResponderEliminarRealmente um texto belíssimo que descreve tão bem o norte de Portugal....deu-me vontade de conhecê-lo.
Beijos e excelente semana.
Com carinho,
Mara
Boa noite.
ResponderEliminarQue belo texto aqui nos deixas!
A região nortenha é,na verdade lindíssima!
Beijo.
isa.
Que belleza de paisajes y bonito texto de tu viaje al norte yo también vivo en el norte;pero de Chile jajaja.
ResponderEliminarTe dejo un montón de abrazos para toda tu semana que sea extraordinaria.
SALUDOS
Coincido con Tetis en que realizas tus escritos desde el corazon sentido y cariñoso, dedicándonos lo mejor de ti..
ResponderEliminary yo particularmente lo percibo y me gusta, por eso vuelvo...
esos viajes por el norte, asi contados son bellos y espectaculares.
Un beso querido amigo
Amigo Argos,
ResponderEliminarnos ofreces un texto y un viaje precioso.
Parabéns!
Grande abraço amigo
Argos,
ResponderEliminarBelíssima a sua postagem, que nos transporta a esse lugar de uma forma encantadora...adorei!!!
Grande beijo e uma ótima e abençoada semana!!!
Reggina Moon
Prodigioso e Notável Amigo:
ResponderEliminarConheço bem esse lugar paradísiaco. Já o calcorreei diversas vezes.
Registei pelo fascínio literário sublime:
"...Em frente, na Galiza, o monte de Santa Tecla envolto em nevoeiro tem uma atmosfera misteriosa, avivando os contos de amores infelizes e naufrágios.
Mais para norte, o ferry "Santa Rita de Cássia" aguarda para fazer a travessia até La Guardia..."
Lindíssimo. Perfeito.
Bem-Haja, talentoso e sublime amigo.
Com respeito pelo que concebe de maravilhar.
Abraço amigo de estima.
Sempre a admirá-lo
pena
Bem-Haja, pelo seu extraordinário sentir.
Gostei muito, bem como, da visita amável ao meu blogue.
MUITO OBRIGADO.
Honra-me, a sua amizade!
Me ha encantado ese paseo por el norte , se aprecia la sensibilidad que le das al momento y al lugar.
ResponderEliminarBuen comienzo de semana.
Un Abrazo grande , amigos.
Olá Argos
ResponderEliminarEu também adoro o mar. Para mim, o mar é a maior maravilha da natureza. Belo texto.
Bjux
Un escrito muy bello y muy bien acompañado...Que foto!!! una lindeza..Dan ganas de tirarse al mar con ropa y todo y tomar el sol...Que ganas tengo de que llegue el verano...Gracias Argos. Tetis y Poseidón..besicos murcianos..
ResponderEliminarBrilhante travessia,muito lindo!!!
ResponderEliminarParabéns meu querido.
Lugar maravilhoso!!!
Parabénsssssssssssssssssss
Argos
ResponderEliminarLindo texto...
O Norte è muito bonito não fosse eu uma mulher do Norte.
Do Norte de Portugal e do Norte de Angola----
Deixo para ti
É LEVE
É leve...
Corre como gazela...
Mas sente como Leão...
É de lá...
Mas sente-se de cá...
Sente que jogar...
Não é só dinheiro...
Sente que jogar...
É também gostar...
Corre... Corre...
Corre o campo todo
Aparece sempre à frente
E quando dá...
O pontapé certeiro...
A baliza parece voar...
E nós...Saltamos da cadeira
Com os braços no ar...
E em coro gritamos...
É golo...
É golo...
É do levezinho...
LIEDSON és o Maior!
LILI LARANJO
Um belo texto. Cheio de conteúdo e imagens.
ResponderEliminarFaz juz ao Minho e à sua singela beleza.
Abraço!
"....Cuidado com os olhares de quem não sabe te amar...
ResponderEliminareles costumam lhe fazer esquecer que você vale a pena... "
(Fábio de Melo)
Feliz Semana e Beijos meus! M@ria
Ojala pudiera irme ahora mismo a ese bello lugar...un placer recorrerlo con tu bella entrada...un abrazo muy cariñoso...
ResponderEliminarMe encanta Portugal, me gusta vuestro pais por lo que he disfrutado del paseo. Mucho.
ResponderEliminarGracias.
A todos os amigos que se juntaram a mim neste passeio, o meu obrigado!
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