Em grandes paragonas, como título da notícia, pode ler-se:
“Lince-ibérico reintroduzido em Silves esta Primavera” e “Andaluzia quer enviar linces ibéricos com urgência”.
Seguem-se alguns excertos desta importante notícia:
"No jornal diário espanhol ABC lê-se que o ideal seria "começar a enviar já alguns exemplares de linces ibéricos para Portugal, pois as novas crias vão necessitar nos próximos meses de mais espaço para crescer junto às suas progenitoras".
(…)a trasladação dos linces ibéricos - os felinos mais ameaçados do mundo - para o centro de Silves, no interior do Algarve, se deve efectuar o "mais tardar até antes do Outono", porque os novos partos "podem saturar os três centros de criação em cativeiro existentes em Espanha".
Em 31 de Agosto de 2007 foi celebrado um protocolo entre os ministros do Ambiente de Portugal e Espanha a prever a transferência de linces para Portugal, mas falta agora celebrar um novo protocolo para estabelecer em detalhe o número de linces que vão chegar a Silves e de quem é o material genético.
O acordo tem como objectivo preservar uma espécie animal em vias de extinção do Planeta.
(…)O Centro Nacional de Recuperação do Lince Ibérico em Portugal vai ter capacidade para acolher 16 linces reprodutores, sejam machos ou fêmeas, e as suas crias, mas o número de animais a receber pode ser aumentado.
Cada um dos 16 cercados terá mil metros quadrados com vegetação mediterrânica.
Em Espanha existem cerca de 60 linces ibéricos, criados em cativeiro e que estão distribuídos pelos centros de El Acebuche (Doñana), La Olivilla (Sierra Morena) e no Zoobotánico de Jerez, embora existam outros exemplares em estado selvagem.
Esta Primavera, os três centros de recuperação espanhóis estão, contudo, no limite máximo da capacidade e as autoridades locais da Andaluzia temem que, com a chegada de novas crias de linces, não haja espaço suficiente para todos os animais.
As obras do primeiro Centro Nacional de Recuperação do Lince Ibérico "estão praticamente terminadas"(…), falta a parte dos arruamentos e embelezamento do exterior".
A União Europeia vai disponibilizar ao abrigo do programa Interreg 1,2 milhões de euros para a reintrodução do lince ibérico e, até 2011, os cientistas que trabalhem sobre recuperação do lince ibérico terão 25,6 milhões de euros para aplicar num programa de luta contra o desaparecimento da espécie."
O Lince Ibérico - Felino predador em vias de extinção
Felídeo em perigo de extinção, o Lince Ibérico ou Lynx Pardinus povoou cinco regiões portuguesas: Algarve, Serra da Malcata, Serra de S. Mamede, Vale do Guadiana e Vale do Sado. A faixa sul de Portugal foi a zona de maior ocorrência desta população, ocupando uma área de cerca de 650 quilómetros quadrados entre as serras de Monchique, Caldeirão e Espinhaço de Cão. Actualmente, julga-se que este animal se encontre já extinto no nosso país, havendo apenas alguns exemplares em Espanha.
Em Portugal, a regressão da espécie começou nas décadas de 30 e 40, quando a campanha do trigo reduziu o seu habitat, mas agravou-se nos anos 50, com a diminuição das populações de coelho bravo, as florestações de pinheiros e eucaliptos e os incêndios de Verão. Ameaças que juntamente com a mortalidade causada pelo Homem, culminaram com a sua extinção em Portugal.
Possivelmente já estivemos a dois passos deste animal e fomos minuciosamente observados por ele, sem darmos conta. Invisível por entre a folhagem, o lince-ibérico é um animal que poucas pessoas se podem gabar de já ter visto. Quando o imaginamos, temos logo a tentação de o comparar a um gato, o que não está totalmente errado, já que é fácil encontrar semelhanças, não só físicas mas também de comportamento entre dois felinos. Ambos correm, saltam e surpreendem as presas com uma agilidade admirável, fazendo da caça uma espécie de jogo. Silenciosos e imprevisíveis, têm a habilidade de aparecer e desaparecer sorrateiramente, quase sem darmos por isso. Assim, esta comparação não é desprovida de fundamento, pois quem estuda as relações de parentesco entre os animais chegou à conclusão que estas duas espécies pertencem à mesma família, a dos felídeos. São animais de cabeça redonda e focinho curto, com dentes aguçados, adaptados para cortar a carne. Além disso, têm cinco dedos nos membros anteriores e quatro nos posteriores, que terminam com garras retrácteis, e são digitígrados, ou seja, apoiam-se apenas nas extremidades das patas. Contudo, o lince não é um gato. Quem tiver a sorte de alguma vez se deparar com um lince, notará, de imediato, os invulgares pêlos nas extremidades das orelhas, em forma de pincel, as longas patilhas brancas e negras, bem como a cauda muito curta, com a extremidade escura. Verificará também que os seus membros altos e vigorosos, com patas que parecem desproporcionadamente grandes e os quartos traseiros mais elevados que o resto do dorso, lhe dão um porte altivo e robusto.
O Lince Ibérico pode ter um metro de comprimento, 50 centímetros de altura e pesar mais de 10 quilos, mas a sua distinção assenta em características muito particulares, como a pelagem castanha-amarelada com tons cinzentos e sarapintada com manchas pretas, que lhe permite confundir-se com o meio que o envolve.
Também conhecido como gato-cravo e gato-liberne, o Lynx Pardinus procura abrigo e protecção nos bosques mediterrânicos e nos densos matagais, mas prefere as áreas mais abertas para caçar. A presa de eleição é o coelho bravo, que pode constituir 70 a 90 por cento da sua alimentação, mas consome ocasionalmente pequenos roedores, lebres, cervídeos e algumas aves.
Classe - "Mammalia" (mamíferos)
Ordem – "Carnívora" (carnívoros)
Família – "Felidae" (felídeos)
Género – "Lynx"
Espécie – "Lynx pardinus"
Nomes comuns – lince-ibérico, liberne, cerval, lobo-cerval, gato-cerval, gato-cravo ou gato-lince.