Apetece-me mergulhar na minha poça de água da chuva e levar
comigo uma escova.
Apetece-me esfregar cada centímetro de pele para me livrar
de uma vez por todas desta opressão que se fixou em mim.
Mas eu sei que ela não está só na pele. Está entranhada em
cada pedacinho do meu ser.
Não posso, com uma simples lavagem, libertar-me desta
ansiedade.
Estou cansado, desmotivado.
Não quero estar aqui.
Não me apetece e pronto.
Apetece-me…
Gritar, protestar.
Não adianta dizes-me tu.
Pois não e de que adianta a tua passividade?
Vou mergulhar no meu charco diminuto e ficar deitado, quietinho, no fundo lodoso a olhar o firmamento.
E não será uma simples roda que me fará sair.
Talvez se eu avistar uma mancha de um negro azulado riscar o
céu num voo rápido.
Talvez…