¿DESPUES?, no hay “después”. Porque después él te se enfría, después el interés
se pierde, después el día se vuelve noche, después la gente crece, después la
gente envejece, después la vida se termina; y uno se arrepiente por no hacerlo
antes cuando tuvo la oportunidad.
O tempo não espera pela gente mas
eu espero por ti
O tempo quer ser indiferente, só eu te quero aqui
Por mais que eu te diga, mesmo que eu consiga
O tempo não espera por mim
O tempo não espera pela gente se
não fugirmos daqui
Sei que não vai ser diferente, só por dizer que sim
Querer-te despida, na pele de rendida
No meu tempo, não era assim
Mas por mais que a vida, não cure as feridas
O tempo irá curar por si
Não sou de ferro
Nem tenho armas
Apenas a música pra ti
Porque eu também choro
Quando me desarmas
E agora canto o que perdi
Porque houve um tempo
Em que eu te tinha só para mim
Querer-te despida, na pele de
rendida
No meu tempo, não era assim
Mas por mais que a vida, não cure as feridas
O tempo irá curar por si
Não sou de ferro
Nem tenho armas
Apenas a música pra ti
Porque eu também choro
Quando me desarmas
E agora canto o que perdi
Porque houve um tempo
Em que eu te tinha só para mim
Só para mim
Não sou de
ferro
Nem tenho armas
Apenas a música pra ti
Só espero que o tempo te traga até mim
Esta é uma simples e singela homenagem
a José Afonso, figura incontornável na história da música portuguesa e que, se
infelizmente não nos tivesse deixado tão cedo, teria completado no passado dia
2 o seu 90º aniversário.
"No
panorama artístico, social, político, cultural, não foi, José Afonso, um homem
qualquer. Pertencerá sem dúvida aquele número reduzido dos que, pelas suas
obras, se vão “da lei da morte libertando”.
Para
ser grande bastava-lhe a voz. Límpida e jovem voz que ecoou nas escadarias da
velha Academia de Coimbra. Voz madura de Maio, voz de um povo sofrido, voz de
denúncia, voz de inquietude. Voz sinete da revolução de Abril!
Para
ser grande bastavam-lhe as palavras. Palavras de reflexão, de um pensamento
atento e generoso, palavras em poemas, musicados ou não. Palavras irónicas,
duras ou doces, enigmáticas ou mordazes. Palavras cheias. Cortantes, moendo,
denunciando. Trazendo o conforto que nos faz falta, sendo alarme e esperança.
Para
ser grande bastava-lhe a música, o trinado da guitarra e da viola, o
som dos ferrinhos e do adufe, dos instrumentos em harmonia ou
desafiando-se. Bastava a recuperação das raízes musicais, as influências das
terras por onde andou, das Beiras ao Algarve, de África ao Alentejo, todas as
sonoridades que o seu ser andarilho foi captando para nos dar canções de grande
riqueza musical, inovação e originalidade.
Para
ser grande bastava-lhe ser homem.
Um
homem inteiro, vara aprumada, ainda que por dentro vergasse na inquietude
própria de um ser desassossegado e sedento de verdade e justiça. Homem do lado
certo da história, da resistência junto a tantos outros, na
longa noite fascista. Irmão dos oprimidos, dos desterrados, das mulheres da
erva, dos homens que ardem por uma ideia. Fraterno, simples, independente! De
braços abertos numa mesa sempre posta, punhos cerrados quando havia
um camarada à sua espera.
Para
ser enorme bastou-lhe a utopia. Essa utopia presente na ondulação do seu canto,
na atitude perante a vida. Que outros agarraram e colocaram nas lides
clandestinas, nos canos das espingardas, nas escolas e fábricas, nos campos e
nas ruas. A utopia de construir a cidade de “gente igual por dentro e gente
igual por fora” onde o povo seja sempre aquele que mais ordena(...)"
Extracto de texto, publicado pela AJA
(Associação José Afonso), aquando do lançamento da Petição para a classificação
da obra de José Afonso de interesse nacional. Esta Petição, que contou com 11.400
assinaturas, foi entregue no Ministério da Cultura no passado dia 2 de Agosto,
data em que José Afonso completaria 90 anos.
Do
último concerto que deu no Coliseu de Lisboa, quatro anos antes de falecer (a
23 de Fevereiro de 1987) e já notoriamente debilitado, escolhemos a “Balada de
Outono”, cujo refrão soará como uma premonição a todos que na altura o
acompanharam: