Eu nasci num dia
em que Deus ficou enfermo.
Todos sabem que vivo,
que não presto; e não sabem
desse dezembro em janeiro.
Pois eu nasci num dia em
que Deus ficou enfermo.
Há um vazio
em meu ar metafísico
que ninguém vai palpar:
o claustro de um silêncio
que fala à flor do fogo.
Eu nasci num dia
em que Deus ficou enfermo.
Irmão, escuta, escuta...
Bem. Que não me vá embora
sem levar Dezembros,
sem deixar Janeiros.
Pois eu nasci num dia em
que Deus ficou enfermo.
Todos sabem que vivo,
que mastigo... E não sabem
por que em meu verso guincham,
escuro ressabio de féretro,
rumbudos ventos
desenroscados da Esfinge
inquisidora do Deserto.
Todos sabem... E não sabem
que a Luz é tísica,
e a Sombra é gorda
E não sabem que o Mistério sintetiza...
que ele é a corcova
musical e triste que denuncia à distância
o passo meridiano dos limites aos Limites.
Eu nasci num dia
em que Deus ficou enfermo,
grave.
(César Vallejo; De Los Heraldos Negros, 1918)
em que Deus ficou enfermo.
Todos sabem que vivo,
que não presto; e não sabem
desse dezembro em janeiro.
Pois eu nasci num dia em
que Deus ficou enfermo.
Há um vazio
em meu ar metafísico
que ninguém vai palpar:
o claustro de um silêncio
que fala à flor do fogo.
Eu nasci num dia
em que Deus ficou enfermo.
Irmão, escuta, escuta...
Bem. Que não me vá embora
sem levar Dezembros,
sem deixar Janeiros.
Pois eu nasci num dia em
que Deus ficou enfermo.
Todos sabem que vivo,
que mastigo... E não sabem
por que em meu verso guincham,
escuro ressabio de féretro,
rumbudos ventos
desenroscados da Esfinge
inquisidora do Deserto.
Todos sabem... E não sabem
que a Luz é tísica,
e a Sombra é gorda
E não sabem que o Mistério sintetiza...
que ele é a corcova
musical e triste que denuncia à distância
o passo meridiano dos limites aos Limites.
Eu nasci num dia
em que Deus ficou enfermo,
grave.
(César Vallejo; De Los Heraldos Negros, 1918)
Desconhecia o autor. Gostei muito. Pungente! Entra com força. Quase que doi!
ResponderEliminarOlá
ResponderEliminarPoema forte carregado de emoçoes. Não conhecia. Amei.
Grande abraço
Então "M" desconhecia César Vallejo?!
ResponderEliminarComo é possível?
Agora mais a sério, aconselho-te a conhecer este poeta e se dominas castelhano, lê nessa lingua, com as traduções perde-se muito.
Abraço
P.S. Dói mesmo!
Olá Wanderley
ResponderEliminarA poesia e Cesar Vallejo é mesmo assim, carregada de emoção e dura, sem palavras brandas!
Abraço
Não domino o castelhano. Tens razão ao dizer que se perde muito na tradução, às vezes perde-se tudo mesmo e fica apenas a forma, que pouco ou nada interessa.
ResponderEliminarNão me custa reconhecer que não conhecia. Até porque a poesia não é o meu domínio. Estou aqui para aprender e por isso vale a pena:)
"M.",
ResponderEliminarPrometo: em troca do que aprendo no teu blog, colocarei aqui mais alguns poemas do Vallejo ( traduzidos).
:)
Abraço
P.S. Se só fica a forma...invólucro não é importante...não devia...
Ficas a perder na troca...lol
ResponderEliminaràs vezes a forma tem a sua estética. Mas prefiro a essência:)
Bom dia Argos!!
ResponderEliminarNossa!Intenso, forte...e triste!
Se ver assim...não será se limitar?
Como senão fosse possível mudar?
Vou ter que apreciar mais... Pra mim...doeu!Muito!
Mas amo o conhecimento!!E conhecer é maravilhoso!Obrigada!Não conhecia!
No lo conocia...Al leerlo produce un emocionante dolor...Besos a los tres...Muacks!!
ResponderEliminarArgos meu querido, não conhecia esse autor. Mas achei "gordo" d+ esse poema.
ResponderEliminarObrigada pelo carinho que gosto de sentir, vindo de ti.
Beijo.
Fernanda
Argos,
ResponderEliminarNão tenho nada para a troca, mas ainda há um lugarzito na aula para mim?
Também não conhecia César Vallejo. Vou tentar conhecer mais qualquer coisa dele.
Abraço grande.
Hola amigos! Creo que ya os lo he dicho, pero me gusta pasar por aquí porque aprendo muchas cosas, además puedo practicar mi portugués, que ultimamente lo tengo un poco abandonado porque ya no voy tanto a Elvas.
ResponderEliminarUn abrazo!
Un abrazo enorme y que lo bueno siempre esté por encima de todo.
ResponderEliminarMuacks
Jacquie.
Nossa...
ResponderEliminarMuito lindo esse poema!!!!
às vezes me sinto bem assim...
kkkkkkk...
Amei o post!
Bjinhosssss
Magnífico poema de César Vallejo.
ResponderEliminarsiempre admiré a este poeta que transitó entre el modernismo y el existencialismo, dejando la impronta de las constantes de su vida en cada una de sus composiciones... El destino, la muerte, el dolor o el absurdo.
Maravillosa elección, como siempre.
Un beso y mi cariño, Argos.
Amigo Argos
ResponderEliminarPois, é claro... Espergesia "no comment"!... Estamos na Páscoa, em época de Paz...
Um belo poema que, se não te importas, deixarei aqui na sua versão original:
Yo nací un día
que Dios estuvo enfermo.
Todos saben que vivo,
que soy malo; y no saben
del diciembre de ese enero.
Pues yo nací un día
que Dios estuvo enfermo.
Hay un vacío
en mi aire metafísico
que nadie ha de palpar:
el claustro de un silencio
que habló a flor de fuego.
Yo nací un día
que Dios estuvo enfermo.
Hermano, escucha, escucha...
Bueno. Y que no me vaya
sin llevar diciembres,
sin dejar eneros.
Pues yo nací un día
que Dios estuvo enfermo.
Todos saben que vivo,
que mastico... y no saben
por qué en mi verso chirrían,
oscuro sinsabor de ferétro,
luyidos vientos
desenroscados de la Esfinge
preguntona del Desierto.
Todos saben... Y no saben
que la Luz es tísica,
y la Sombra gorda...
Y no saben que el misterio sintetiza...
que él es la joroba
musical y triste que a distancia denuncia
el paso meridiano de las lindes a las Lindes.
Yo nací un día
que Dios estuvo enfermo,
grave.
Um enorme abraço
"M.", olá outra vez!
ResponderEliminarA estética, neste nosso mundo, bate a essência!
Abraço
(não fico a perder, não!)
Olá Vivian,
ResponderEliminarPor vezes o "doer" acorda e impulsiona-nos!
Abraço
Olá Ricardo,
ResponderEliminarEstás "perdoado" pela "ausência"
Uma Santa Páscoa para ti e toda a tua família!
Abraço e volta sempre
Olá Carmen,
ResponderEliminarEste poema dói, mas faz viver, acredita!
Beijos dos tres amigos do Farol
Olá Fernanda,
ResponderEliminarO carinho e recíproco!
Em relação ao poema, é muito "forte" e duro!
Abraço
Olá Teresa,
ResponderEliminarSerá que vais gostar de Vallejo?
E sim, tens muito para a "troca": o teu carinho, a tua amizade, a dinâmica, a qualidade e diversidade dos teus post...
Abraço grande
Adara?
ResponderEliminarEstás de "castigo"!
Então deixaste de ir a Elvas?
Um abraço de toda a equipa do Farol
Olá Jacquie,
ResponderEliminarUm abraço de nós os três e os votos de uma Santa Páscoa para ti e tua familia.
Olá Carla,
ResponderEliminarQuem não se sente assim...pelo menos em algumas etapas da nossa vida?
beijo
Olá Maria,
ResponderEliminarDe Vallejo, escolho "Los Heraldos Negros"!
Abraço
Amiga Tétis
ResponderEliminarConcordo: "No Comment"
Páscoa, época de paz...
Abraço grande
Blogger Argos disse...
ResponderEliminar"M.", olá outra vez!
A estética, neste nosso mundo, bate a essência!
OH Argos, isto é bem verdade, mas ainda prefiro a essência... muito embora essa seja para muitos dispensável rsarsrs
Paz viu amigo, não vá brigar tb comigo. Lindo poema, forte intencio, porem yo nasci en decembro. Uma maravilhosa Pácoa e perdoe a ausencia. grande abraço aos três, viu?
Gran poema.
ResponderEliminarUn abrazo.
Deus abençoe você
ResponderEliminare sua família neste dia em
que estamos celebrando
Jesus nosso Salvador, Aquele
que vive e reina para sempre!!!
Uma abençoada Páscoa beijos e beijos,Evanir.
www.aviagem1.blogspot.com
www.fonte-amor.zip.net
Fonte de Amor tem presente de Páscua na postagem.
Hola AMIGO ARGOS,
ResponderEliminarun poema de César Vallejo muy bueno.
Muy bien elegido y dar a conocer a este gran poeta.
abraço grande.
Olá Lya,
ResponderEliminarBrigar contigo nesta época de reflexão, paz e esperança?
Nem penses!
Recebe antes um grnade abraço de nós os três.
P.S. A estética bate a essência? Claro, vivemso num mundo artificial!
Olá Siberia,
ResponderEliminarconcordo contigo: Um grande poema!
Abraço e Santa Páscoa
Evanir,
ResponderEliminarMuito obrigado pelas suas palavras, fiquei sensibilizado.
Uma Santa Páscoa para si e para todos quantos lhe são queridos.
Outro abraço
No conocía este poema y me ha impactado Argos, agradezco que lo hayas posteado para que podamos admirarlo
ResponderEliminarUn abrazo y Feliz Pascua querido amigo
Stella
"Algumas coisas são explicas pela ciência, outras pela fé. A páscoa ou pessach é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais que fé, páscoa é amor." (Albert Einstein)
ResponderEliminarFeliz Páscoa!
Hermoso poema. Gracias por compartirlo, ya que yo lo desconocía.
ResponderEliminarUn besito
Olá amigo Poseidón,
ResponderEliminarQual o poema de Vallejo que gostas mais?
Abraço
Olá Stella
ResponderEliminarEste poema marca mesmo, cala bem fundo!
Abraço
Olá Domenico,
ResponderEliminarAinda que um pouco atrasado, agradeço os seus votos de boa Páscoa.
Uma boa semana e um abraço
Olá Belkis,
ResponderEliminarFico feliz por teres gostado do poema!
Abraço