terça-feira, 22 de outubro de 2019

Impressão digital



Impressão digital

Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandescente.

Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

(António Gedeão, “Poesias Completas”)

3 comentários:

  1. Es cierto que las miradas varían, nunca un mismo paisaje es igual para otros ojos, coincidir es dificil pero magnifico. Un abrazo

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  2. Opino como Esther, nunca un amanecer lo veremos igual tú y yo Tétis.

    Un abrazo.

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  3. Ler António Gedeão é sempre um prazer. Que bom encontra-lo aqui.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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