Um dos símbolos mais representativos de Portugal é sem
dúvida o Galo de Barcelos, considerado por muitos como uma espécie de “mascote”
do país.
Qualquer loja de “souvenirs” e de artesanato português
tem à venda estes galitos, o que os torna uma das lembranças mais procuradas e
populares de Portugal.
Tendo tido a sua estreia internacional em
Genebra em 1935, quando da Exposição de Arte Popular Portuguesa, foi contudo a
partir das décadas de 50 e 60 que o Galo de Barcelos se transforma em símbolo
de turismo nacional e ícone de identidade de Portugal.
A lenda que lhe está associada é uma das mais
importantes lendas medievais do erário popular português, com origem no Caminho
de Peregrinação a Santiago de Compostela, tendo-se imortalizado na cultura
lusitana através do famoso Galo de Barcelos, símbolo do artesanato Barcelense e
que bem depressa se elevou ao mais importante ícone de identidade de Portugal
no mundo.
Logo à chegada à cidade de Barcelos, no pátio das
ruínas dos Duques de Barcelos, encontra-se o mais antigo vestígio desta lenda:
o Cruzeiro que terá sido esculpido pelo galego cuja história deu origem à
lenda. É a mais antiga representação da lenda do Galo de Barcelos, sendo nele
bem visíveis os principais intervenientes da história: o peregrino, o enforcado
e o galo.
A curiosa lenda do Galo de Barcelos:
Há muitos séculos atrás os habitantes de Barcelos andavam alarmados com um crime e, mais ainda com
o facto de não se ter descoberto o criminoso que o cometera.
Certo dia apareceu por aquele burgo um galego que se
tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus
juramentos de inocência, ninguém acreditou na sua palavra, que estava
apenas de passagem em peregrinação a Santiago de Compostela, em cumprimento de
uma promessa. Foi por isso condenado à forca.
Antes
de ser enforcado, como última vontade, o homem pediu que o levassem à presença
do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do
magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos.
O galego voltou a afirmar a
sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo
assado que estava sobre a mesa e exclamou: “É
tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me
enforcarem.” Risos e comentários não se fizeram esperar mas, pelo
sim pelo não, ninguém tocou no galo. O juiz empurrou o prato para o lado e
ignorou o apelo do condenado.
Porém,
quando o peregrino estava a ser enforcado, o que parecia impossível tornou-se
realidade... o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Nesse instante ninguém mais duvidou das
afirmações de inocência do condenado. Compreendendo o seu erro, o juiz correu
para a forca e descobriu que o galego se salvara graças a um nó mal feito que
impediu o seu estrangulamento. O homem foi imediatamente solto e mandado em
paz.
Passados alguns anos o galego terá voltado a Barcelos
para mandar erguer um monumento, o Cruzeiro do Senhor do Galo, em louvor a S.
Tiago e à Virgem Maria.
Esta lenda que lhe está na origem confere
ao Galo de Barcelos o significado de serenidade, fé, confiança e honra,
tornando-o um símbolo de sorte e felicidade. Por outro lado, a sua apresentação
garrida e colorida, a par do seu aspecto multifacetado no porte e nas formas, é
o símbolo de um Portugal onde as diferenças culturais e a variedade etnográfica
não o impedem de ser uno como nação, com uma história e herança culturais das
mais marcantes da Europa.
Barcelos verde rincão,
Terra lusa, nobre gente
Onde um galo morto cantou,
Para salvar um inocente.