Conhecida por sucessos como Respect e (You
make me feel like) a natural woman, era considerada uma das melhores
cantoras de todos os tempos.
É
frequente a imprensa entusiasmar-se e chamar a esta ou àquela estrela em
ascensão no espaço mediático, seja no top de vendas seja fora dele, princesa
disto e rei daquilo. Mas quando de trata de alguém com o talento de Aretha
Franklin, não há exagero algum em usar a expressão rainha da soul. Escreva-se,
por isso, que esta quinta-feira morreu a rainha da soul. Tinha 76 anos. A
notícia foi avançada pela Associated Press, citando a agente da cantora.
Na
segunda-feira, a agência de notícias Associated Press tinha já garantido que
Aretha Franklin estava “seriamente doente”, citando uma fonte próxima e sem
avançar quaisquer pormenores.
Desde 2010, ano em que lhe foi diagnosticado um cancro no
pâncreas, que o estado de saúde de Franklin enfrentava altos e baixos, escrevia
o diário britânico The
Guardian. Depois de uma operação, a cantora foi sujeita a uma série
de tratamentos que a fizeram perder muitos quilos, mas continuou a dar
concertos.
No ano passado, mais debilitada, Franklin anunciou que se
retirava dos palcos, embora mantivesse o seu trabalho de estúdios e estivesse
disponível para uma ou outra actuação em eventos especiais. Foi o que aconteceu
em Novembro, numa gala em que se celebravam os 25 anos da fundação de Elton
John de luta contra a sida. Franklin fechou a noite em Nova Iorque com uma
colecção de canções que incluiu I
say a little prayer e Freeway.
No mesmo mês lançou aquele que é, à data, o seu último álbum — A Brand New Me. Ficar em
casa sem fazer nada, dizia, não estava nos seus planos.
Já este ano, e por ordem médica, cancelara duas destas actuações
especiais: em Março, em Newark, na festa do seu 76.º aniversário; e em Abril,
no New Orleans Jazz and Heritage Festival.
Com uma carreira com seis décadas que inclui 18 Grammys e
sucessos como Respect, (You make me feel like) a natural
woman, I
say a little prayer, Think e Chain of Fools,
Aretha Franklin ficou também conhecida pelo seu activismo na defesa dos
direitos civis. Em 1968 cantou no funeral de Martin Luther King, ícone da luta
pela igualdade racial nos Estados Unidos, e em 2009 na tomada de posse de
Barack Obama, o primeiro afro-americano a chegar a Presidente dos EUA. Obama
dizia-se, aliás, um dos seus maiores fãs, e em 2015 foi dos que mais se comoveu
com a actuação surpresa da cantora na gala anual do Kennedy Center.
Intérprete de excepção
do gospel, do R&B e da soul, Franklin foi, em 1987, a primeira mulher a
entrar no Rock & Roll Hall of Fame.
“Não creio que tenha
conhecido alguém que possua um instrumento como o dela e que tenha um
background tão rigoroso no gospel, no blues e no vocabulário essencial da
música negra”, disse sobre Aretha Franklin Ahmet Ertegun, co-fundador da
Atlantic Records, editora em que gravou muitas das suas melhores canções. “Ela
foi abençoada com uma extraordinária combinação de uma sofisticação urbana
notável com aquele feeling profundo
do blues… O resultado é, talvez, a melhor cantora dos nossos tempos.”
Em 2008, a Rolling
Stone, uma das revistas mais respeitadas na área da música,
publicou a lista das 50 melhores vocalistas de sempre – Aretha Franklin ocupava
o primeiro lugar, resultado da votação de um painel composto por 180
especialistas.
Na entrada que sobre ela se escreveu nesse número dedicado às
Melhores cantoras de todos os tempos podia ler-se: “Aretha é um presente de
Deus. Quando se trata de dizer alguma coisa através de uma canção, não há
ninguém como ela. Ela é a razão que leva as mulheres a querem cantar.”