Porque não devo perder a capacidade de sonhar.
Porque não quero matar o menino que há em mim.
Porque gostaria que o mundo fosse "descomplicado" como as histórias de embalar.
Porque tenho saudades de ti.
Porque estou preocupado.
Uma história (de ninar) com faróis.
Era uma vez um Farol, mas não um farol qualquer.
Este Farol tinha como missão zelar para que dois barquinhos chegassem sempre a bom porto.
Só dois?
Não, mas esses dois eram os que dificultam a sua tarefa!
Os barquinhos eram irrequietos e agitavam-se demasiado nas ondas do mar.
Agitavam-se tanto que os seus cascos batiam um no outro com certa violência que os fazia esticar as amarras.
Esticavam tanto, tanto, que as cordas em tensão emitiam um som muito parecido com o canto das sereias que Ulisses ouviu na sua viagem e todos nós sabemos que esse som não era nada bom: levava para o verde abissal quem o ouvia.
Para que isso não acontecesse aos barquinhos impetuosos, o nosso Farol fazia soar a sua voz. Uma voz profunda, modelada com calma, que abafava o outro canto e fazia serenar os ânimos desavindos.
Mas os barquitos não paravam e por vezes quase desapareciam no mar alto, tão longe que já não se avistavam e nem a voz do Farol os conseguia alcançar.
Nessas ocasiões, o Farol, concentrava-se a derramar a sua luz forte e ao mesmo tempo suave sobre o mar, fazendo com que essa luz se transformasse num caminho de luar e diminuísse as distâncias.
Os barquitos fugidios seguindo a “estrada” prateada voltavam ao porto seguro, à enseada que existia aos pés do Farol e dormiam serenos…até novo ímpeto os sacudir.
E o Farol?
O Farol continuava a velar para que os dois barquinhos tivessem uma existência longa e feliz.