Sou Tétis, a Nereida e vou contar-lhes quem sou e porque aparece aqui o meu nome.
Sendo o Mar um dos maiores elementos da Criação, não podemos ficar indiferentes à sua grandeza, mistérios e simbolismos. Espaço lendário, associado a numerosos mitos e lendas, povoado por um variado bestiário fabuloso e até por ilhas encantadas e utópicas, o Mar é o símbolo da fecundidade e da Vida, e uma das grandes metáforas do Amor.
A literatura e cultura portuguesas estão recheadas de Mar. Desde sempre, o Mar tem sido a nossa paisagem quotidiana, impregnando profundamente as tradições, a literatura, a arte e praticamente todos os aspectos da cultura portuguesa.
A inspiração marítima é tão antiga como a nossa literatura. Já nos séculos XII, XIII e XIV, os poetas trovadorescos e palacianos tinham “descoberto” o Mar, bem antes das Descobertas quinhentistas. Ainda nos alvores da nacionalidade, o apelo do Mar já se fazia sentir no lirismo amoroso galaico-português, com suas barcarolas ou marinhas, inspiradas na temática marítima.
Uma vez que os amigos que conceberam e construíram este blog, talvez devido à situação geográfica do lugar em que nasceram (Península Ibérica), são todos apaixonados pelo Mar, e daí o próprio nome do blog, nada mais apropriado para nos identificarmos do que nomes relacionados com esse Mar que tanto amamos.
- E Tétis, a Nereida, porquê Tétis e não outra ?
Para dizer a verdade, foi Camões quem teve a culpa!...
Foi o nosso grande Luís de Camões quem dedicou um carinho especial a Tétis, ao mencioná-la várias vezes em “Os Lusíadas” e ao mostrar ao mundo toda a sua beleza e poder de sedução. Lembremo-nos sobretudo os belíssimos versos que relatam o “Amor de Adamastor por Tétis” e o episódio da “Ilha dos Amores”.
Tétis
Tétis é uma ninfa do mar, uma das cinquenta Nereidas, neta de Tétis, a titânide (na mitologia grega, as Nereidas eram as cinquenta filhas, ou cem, segundo outros relatos, de Nereu e de Dóris, veneradas como ninfas do mar, gentis e generosas, sempre prontas a ajudar os marinheiros em perigo. Pela sua beleza, as Nereidas também costumavam dominar os corações dos homens).
Tétis era a mais bela das irmãs Nereidas e mãe do grande herói grego Aquiles.
Pela sua beleza era cobiçada por vários deuses. Zeus e Poseidon desejaram ambos conquistá-la, quase chegando ao ponto de lutar entre si. Quando, porém, o oráculo vaticinou que se ela casasse com um deus daria à luz um filho mais poderoso do que o seu próprio pai, o entusiasmo de ambos arrefeceu. Ao tomar conhecimento desta profecia, Zeus desistiu da ninfa, apesar de sentir muito desejo por ela, e encarregou-se de fazê-la desposar um mortal, para que de nenhum modo a ordem do universo se alterasse.
A escolha caiu no seu neto Peleu, rei da Tessália. Tétis não queria casar-se e usava a sua capacidade de assumir diversas formas, característica das divindades marinhas, para tentar escapar do "noivo". Peleu, porém, não se assustou com as transformações e segurou-a com firmeza, até que a deusa finalmente voltou à sua forma original e acedeu a casar-se.
Todos os deuses foram convidados e todo o Olimpo assistiu às núpcias do casal, no monte Pélion, excepto Éris (a antiga divindade que personifica a discórdia) que, por vingança, tramou o episódio do “pomo de ouro” que virá a desencadear a guerra e a destruição de Tróia.
Casamento de Tétis e Peleu, Cornelius van Haarlem (1562-1638)
Da união de Tétis e Peleu nasceram sete filhos. Para purificar as crianças dos elementos mortais herdados do pai, Tétis expunha-as ao fogo, provocando a morte dos seis primeiros filhos. Quando tentou purificar o seu sétimo filho, Aquiles, Peleu interferiu, salvando a criança de morrer. Irritada e frustrada na sua tentativa de tornar Aquiles imortal, Tétis abandonou o marido e retornou ao fundo do mar. Conseguiu, no entanto, tornar Aquiles invulnerável mergulhando-o no Estige, rio subterrâneo que corria no Hades. Mas, como teve de segurar a criança pelos calcanhares, essa parte do seu corpo continuou vulnerável.
Tétis protegeu o filho durante toda a vida do herói, tentando afastá-lo dos perigos e consolando-o nas tristezas. Aquiles tornou-se o mais poderoso dos guerreiros gregos mas Tétis não pôde, entretanto, evitar que ele morresse na guerra de Tróia, pois assim havia decretado o Destino.